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EUVG - Dissertações do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

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  • Estudo Serológico De Doenças Zoonóticas Em Médicos Veterinários De Portugal - Febre Q
    Publication . Martins, Miguel José Carrilho; Duarte, Sofia Alexandra Giestas Cancela
    A febre Q, causada por Coxiella burnetii, é uma zoonose que apresenta uma ocorrência mundial. Os ruminantes são reconhecidos como importantes fontes de infeção, podendo os animais infetados eliminar o agente através de secreções e/ou excreções. O contacto com animais, nomeadamente com ruminantes parece aumentar a probabilidade de exposição a C. burnetii. O presente estudo visou identificar os fatores de risco de infeção nos Médicos Veterinários com exercício profissional na área das espécies pecuárias (grupo teste). Para tal foi determinado o título de anticorpos anti-C. burnetii, em soro de indivíduos do grupo teste (n=92) e do grupo controlo (n=184; dadores de sangue) utilizando um teste ELISA comercial. Foi ainda aplicado um questionário aos Médicos Veterinários que integraram o grupo teste com o intuito de identificar os fatores relacionados com a atividade que aumentam a probabilidade de exposição a C. burnetii. Foi evidenciada uma exposição em 33,7% (n=31) dos indivíduos do grupo teste e em 17,4% (n=32) dos indivíduos do grupo controlo. Verificou-se que a diferença encontrada entre os dois grupos é estatisticamente significativa (P=0,0023) e que o risco de exposição é superior no grupo teste (OR=2,41). Uma análise univariada permitiu identificar (P=0,0404) o contacto com ruminantes em regime extensivo com o maior risco de exposição a C. burnetii em médicos veterinários de espécies pecuárias. Do nosso conhecimento, este é o primeiro estudo, realizado em Portugal, que evidenciou a exposição de médicos veterinários a C. burnetii.
  • Equine Gastric Ulceration Syndrome Associated With Musculoskeletal Pain - Case Report
    Publication . Dos Santos, Carolina Pereira Martins; Tilley, Paula Alexandra Botelho Garcia de Andrade Pimenta
    A Síndrome da Úlcera Gástrica Equina é a doença gástrica mais comum nos cavalos e tem sido associada a vários fatores, tais como má gestão ambiental e alimentar, stress por competições desportivas, viagens longas e mudança de tratadores, parasitas, falta de cuidados dentários, uso de Anti-Inflamatórios Não Esteroides, ou mesmo a presença Bactéria Helicobacter pylori. No entanto, tanto quanto é do nosso conhecimento, ainda não existem trabalhos publicados que relacionem esta doença com a dor crónica musculoesquelética. A presente dissertação tem como objetivo relacionar a dor músculo-esquelética associada a um corpo estranho, a última porção de um chicote, inserido na região caudo-medial do músculo semitendinoso do membro posterior esquerdo, com a conhecida Síndrome de Ulceração Gástrica Equina, com base num caso clínico real presenciado no Hospital Escolar Equino da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. A discussão deste caso clínico, aborda a possibilidade de uma associação entre a dor e o stress associado à dor, com a sensibilização de tecidos como a mucosa gástrica.
  • Catarata Hipermadura Unilateral Em Cadela Jovem - Caso Clínico
    Publication . Da Costa, Maria de Jesus Sousa Cardoso Milheiro; Carneiro, Manuela Andreia Gonçalves
    As cataratas são uma das principais causas de cegueira em cães, e caracterizam-se por uma opacificação focal ou difusa do cristalino que impede a passagem da luz para a retina. Apresentam etiologia multifatorial, nomeadamente a foto oxidação por ação da radiação ultravioleta que origina a formação de precipitados que se acumulam e agregam no cristalino formando a catarata, desequilíbrios eletrolíticos no conteúdo aquoso do cristalino, alterações nas membranas das células epiteliais cuboides do cristalino, devido a inflamações ou por ação de radicais livres, e ainda alterações das fibras e das células do cristalino por ação mecânica e alterações durante a embriogénese. As cataratas podem apresentar diversas etiologias, localizações e estadios de maturação. Quanto à origem podem classificar-se como hereditárias ou adquiridas; quanto à idade do animal podem ser congénitas, juvenis, adultas ou senis; podem-se apresentar em diferentes localizações capsulares, subcapsulares, corticais, nucleares ou equatoriais; e estadios de maturação - incipientes, imaturas, maduras ou hipermaduras. As cataratas senis são o tipo mais frequente em animais de companhia, ocorrem em animais geriátricos, apresentando-se frequentemente de forma bilateral e geralmente associados à idade ou a doenças e distúrbios metabólicos, como a diabetes mellitus. Os cães são os mais afetados, sendo rara em gatos. O tratamento mais comum e com elevada taxa de sucesso para cataratas avançadas consiste na remoção cirúrgica por facoemulsificação, uma técnica minimamente invasiva que substitui o cristalino opacificado por uma lente artificial, com recurso a tecnologia avançada. A avaliação diagnóstica prévia detalhada, incluindo exames como a eletrorretinografia e a ultrassonografia ocular, é crucial para garantir o sucesso do tratamento e minimizar complicações pós-operatórias. O presente trabalho visa relatar um caso clínico pouco comum, nomeadamente a catarata hipermadura unilateral num canídeo de cinco anos, de provável origem hereditária e sem nenhuma doença associada. Esta patologia está descrita como sendo mais frequente em animais de idade avançada (cataratas senis), normalmente a partir dos 11 anos de idade em cães de raças pequenas. Optou-se pelo tratamento cirúrgico aplicando a técnica da facoemulsificação, resultando na recuperação da visão do animal.
  • A Influência Da Microbiota Intestinal Na Enteropatia Inflamatória Crónica Canina
    Publication . Riera, Louise Noëline Emma Marie; Serra, Diana Jurado Santos
    A Enteropatia Inflamatória Crónica Canina (EICC) é uma patologia crónica que representa uma preocupação crescente em medicina veterinária. De facto, 10 a 20% dos casos observados em clínicas veterinárias de referência estão relacionados com distúrbios gastrointestinais. Trata-se de uma doença complexa e multifatorial que pode estar associada a diversos fatores, nomeadamente fatores genéticos, ambientais e imunitários. A EICC é uma doença que atualmente não tem cura e cujo tratamento visa o alívio dos sinais clínicos e a melhoria da qualidade de vida dos animais. A EICC é classificada de acordo com a resposta clínica ao tratamento. Embora alguns cães que sofrem de EICC necessitem de antibioterapia e imunossupressores, a grande maioria dos animais responde favoravelmente a modificações na dieta. De facto, a dieta é um elemento-chave nas EICC que pode desempenhar um papel benéfico ou eventualmente deletério no âmbito desta doença, já que alguns estudos demonstram que a dieta pode promover disbiose intestinal, mas também pode limitá-la, se for administrada corretamente. A disbiose corresponde a uma alteração significativa da composição e diversidade da microbiota intestinal que poderá estar associada ao desenvolvimento de inúmeras doenças, entre as quais a EICC. A comunidade científica tem-se preocupado em desenvolver terapêuticas inovadoras, mais seguras e eficazes que visam regular a composição da microbiota intestinal e, com isso, contribuírem para o tratamento de diversas patologias crónica, como a EICC. Nos últimos anos, surgiram novas opções de tratamento, como os probióticos, prebióticos, simbióticos, pós-bióticos e o transplante fecal que constituem estratégias terapêuticas promissoras no contexto desta patologia.
  • Air Quality In Veterinary Clinics: Perspectives, Challenges And Solutions
    Publication . Salagnat, Laurène Élise; De Pinho, Sónia Luzia Claro
    A qualidade do ar nas clínicas veterinárias é vital para o bem-estar do pessoal médico, dos animais e dos tutores. Esta revisão tem como objetivo apresentar uma visão geral dos poluentes do ar mais comuns em instalações veterinárias, seus efeitos na saúde, fontes de poluentes do ar interior e medidas de controle atuais. Aerossóis biológicos, partículas ultrafinas e agentes químicos, como compostos orgânicos voláteis e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, são poluentes importantes nas clínicas veterinárias. O ar poluído é conhecido por agravar doenças respiratórias e cardiovasculares tanto em animais quanto em humanos, sublinhando assim a importância do controle da qualidade do ar. A revisão também examina a legislação atual e as melhores práticas em regulação e diretrizes, como as da União Europeia, e oferece novas ideias e tecnologias para melhorar a qualidade do ar. Além disso, compara a qualidade do ar nas clínicas veterinárias com a dos hospitais humanos para contextualizar. São apresentadas técnicas para avaliar a qualidade do ar, como a amostragem de bioaerossóis e a análise química, embora sejam caras e pouco práticas. O foco está no aumento das taxas de troca de ar fresco, no controle das fontes de poluição e no uso de desinfetantes ambientalmente amigáveis. A revisão conclui com a discussão das limitações da pesquisa existente e das direções para futuras oportunidades de pesquisa, como o desenvolvimento de tecnologias e a biorremediação. Em conclusão, esta revisão procura fornecer uma direção útil na formulação de recomendações eficazes para melhorar a qualidade do ar interior nas instalações de saúde veterinária.
  • Conhecimentos Atuais Sobre A Doença Hemorrágica Epizoótica Em Bovinos
    Publication . Hemard, Elora Adélaïde Alice; Pereira, Rosa Maria Lino Neto
    As epidemias de arbovírus nos ruminantes domésticos podem provocar perdas económicas significativas na produção pecuária, e surtos de doença grave nas espécies selvagens. Assim o controlo destes doenças é tão fundamental para o bem-estar animal como para a estabilidade económica. O vírus da doença hemorrágica epizoótica (EHDV), pertencente ao gênero Orbivírus, é semelhante ao vírus da língua azul (BTV), é transmitido por insetos hematófagos vetores do género Culicoides. A primeira descrição do EHDV data de 1955, quando ocorreu um grave surto em veados de cauda branca nos Estados Unidos da América, desde vários surtos sugiram em diversas regiões do mundo, tanto em animais selvagens como domésticos. Em 2022, o EHDV foi detetado pela primeira vez em Europa, e responsável de casos clínicos graves em bovinos na Sicília e na Sardenha, onde as espécies de Culicoides spp. nativas apresentam capacidade de transmissão do serótipo envolvido, o EHDV-8. A transmissão da doença occore via hematófaga, por alimentação num animal infetado, disseminando o vírus nas glândulas salivares do culicoide com posterior transmissão para outros animais suscetíveis. Os sinais clínicos incluem letargia, febre, esforço respiratório, secreções nasais e oculares, ptialismo, ulcerações orais, diminuição da produção de leite, laminites e, no casos mais graves, a morte do animal. Desde 2008, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a doença hemorrágica epizoótica (DHE) na lista de doenças de notificação obrigatória. O diagnóstico deve ser laboratorial devido à similaridade clínica com outras doenças bovinas. Vacinas autógenas para os veados foram desenvolvidos nos Estados Unidos da América, e o Japão comercializou uma vacina viva inativada contra estirpe Ibaraki. Contudo, existe desvantagens nestas vacinas, como baixa segurança, eficácia limitada e sem capacidade de diferenciação entre animais infetados e vacinados (DIVA). Os recentes avanços tecnológicos permitam o desenvolvimento de vacinas mais seguras, eficientes, e capazes de proteger contra os orbivírus, com aborgagens inovadoras como a veiculação de antígénios por micro ou nanopartículas. Estas estratégias representam novas perspetivas nas medidas profiláticas eficientes das doenças causadas por arbovírus, especialmente através da diferenciação fundamental entre animais vacinados e infetados. Assim, as pesquisas contínuas nestas áreas prometem oferecer melhores soluções na proteção dos rebanhos contra os orbivírus e limitar os impactos económicos associados.
  • Bem-Estar E Maneio Felino Na Perspetiva Dos Tutores
    Publication . Bento, Cláudia Eduarda Moreira; Crespo, Ana Inês Rebelo
    O conceito de bem-estar animal refere-se à qualidade de vida de um animal, no que respeita às suas necessidades fisiológicas e comportamentais, interações sociais e adaptação ao meio ambiente. Nos últimos anos, verificou-se um aumento significativo no número de gatos domésticos e a importância de proporcionar um ambiente saudável a estes animais tornou-se também uma questão de interesse e relevância crescentes. Assim, uma melhor compreensão sobre o comportamento felino e sobre os fatores que promovam o bem-estar é de extrema importância. Os médicos veterinários desempenham um papel fundamental na aquisição de informação e consciencialização dos tutores de gatos domésticos, que visem proporcionar um ambiente benéfico e desenvolver habilidades que beneficiem o bem-estar dos seus animais de estimação. O presente estudo teve como objetivo analisar práticas de maneio e bem-estar de tutores de gatos domésticos, para que se possam identificar possíveis erros e aplicar melhorias que reduzam significativamente os problemas comportamentais e possíveis patologias associadas. Este estudo baseou-se na análise das respostas de 185 tutores a num questionário com 75 perguntas, disponibilizado na plataforma Google Forms, dirigido a tutores de gatos do Hospital Veterinário Animed, localizado em Gondomar, bem como a tutores que tiveram acesso ao questionário através das redes sociais Facebook e Instagram. Para tal, foram selecionados pares de variáveis relacionadas com práticas de maneio, para identificar a possibilidade de correlação entre estas e o bem-estar dos animais. Apesar da crescente preocupação demonstrada pelos tutores com o bem-estar felino, os dados obtidos sugerem um desconhecimento das necessidades especiais destes animais. Por essa razão é crucial que a comunidade médico-veterinária possa orientar os tutores em relação a práticas e cuidados com impacto na saúde e no bem-estar desta espécie.
  • A Retrospective Etiological Study Of Canine Epilepsy In Portugal
    Publication . Morais, Clara Sofia Pacheco; Vilhena, Hugo Corte-Real
    O presente estudo retrospetivo teve como objetivos avaliar a etiologia da epilepsia canina numa população de cães em Portugal, bem como analisar o impacto de características clínicas, nomeadamente raça, tamanho, género, idade, número de ataques de epilepsia, resultados do exame neurológico, ressonância magnética (RM) e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), como fatores preditivos para epilepsia idiopática (EI) e epilepsia estrutural (EE). Todos os casos clínicos incluídos no estudo foram monitorizados e/ou acompanhados por um neurologista diplomado pelo Colégio Europeu de Neurologia Veterinária e/ou por um neurologista clínico com Certificado de General Practitioner. O estudo foi realizado com uma amostra de cães com historial clínico de ataques epiléticos, observados no serviço de neurologia de dois hospitais veterinários de referência entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024, e que realizaram uma avaliação neurológica completa, incluindo RM intracraniana. No total foram incluídos 25 casos que cumpriram os critérios de inclusão. Quinze casos foram diagnosticados com EI (60%), enquanto 10 casos foram diagnosticados com EE (40%). Os cães de raça pura apresentaram uma prevalência mais elevada de EI (80%) e EE (70%). Observou-se uma maior prevalência de epilepsia idiopática em machos (67%) em comparação com as fêmeas (33%). A maioria dos cães de porte pequeno foi diagnosticada com EE (60%), enquanto cães de porte médio apresentaram uma maior prevalência de EI (47%). A idade média de início dos episódios epiléticos foi de 65.6 meses, e a idade média aquando da realização da RM foi de 68.2 meses. Verificou-se uma prevalência mais elevada de EE em cães com mais de 72 meses (60%), enquanto a maioria dos cães com EI tinha entre 7 e 72 meses (93%). Cães com EI apresentaram maior probabilidade de sofrer de ataques epiléticos em cluster (53%) em comparação com os cães com EE (30%). As observações recolhidas do exame neurológico mostraram que cães com EI tinham maior probabilidade de apresentar um exame neurológico normal (80%), enquanto cães com EE tinham maior probabilidade de apresentar exame neurológico anormal (60%). Quando realizada, a análise do LCR foi normal em todos os cães com EI e anormal em todos os cães com EE. Apesar das limitações impostas pelo reduzido tamanho da amostra, os resultados obtidos mostraram-se consistentes com a literatura existente sobre a epidemiologia da epilepsia canina.
  • Inseminação Artificial De Suínos Em Regime Familiar
    Publication . Freire, Cidália Dias; Pereira, Rosa Maria Lino Neto
    A inseminação artificial de suínos tem um grande potencial, sendo cada vez mais utilizada. Esta técnica permite a melhoria do potencial genético dos animais, um aumento do tamanho das ninhadas, o aumento do número de leitões vivos ao desmame, ganhos médios diários maiores e a dispensa da existência de um varrasco na exploração, implicando uma maior rentabilidade económica. O presente estudo teve como objetivo testar a eficácia da inseminação artificial em explorações em regime familiar da região centro de Portugal. Mais especificamente pretendeu-se avaliar os efeitos de diferentes fatores como o edema vulvar, o corrimento vulvar, o reflexo de imobilização, o posicionamento das orelhas na eficiência reprodutiva e produtiva das porcas medida através do retorno ao cio, diagnóstico de gestação e o número de leitões nascidos vivos e desmanados. Para o estudo foram avaliados e caraterizados as explorações e os animais (n=175), assim como, os principais sinais de cio, tendo sido realizadas 571 inseminações em 90 explorações. Esta inseminações foram efetuadas com 2 técnicas: a inseminação artificial cervical e a inseminação artificial intrauterina. Posteriormente foram avaliados vários parâmetros, nomeadamente, o retorno ao cio, o diagnóstico de gestação, o número de leitões nascido vivos e o número de leitões desmamados. No presente estudo as caraterísticas do corrimento vaginal, o peso das porcas e a técnica de inseminação influenciam significativamente (p<005) o diagnóstico de gestação e o número de leitões nascidos vivos e desmamados. Porcas mais pesadas têm ninhadas maiores. O corrimento vaginal abundante no momento da IA aumenta a probabilidade de as porcas ficarem gestantes. A inseminação intrauterina origina mais leitões nascidos vivos e desmamados do que a inseminação cervical. Conclui-se que a inseminação artificial é uma ferramenta muito útil a utilizar nas explorações de suínos do tipo familiar.
  • Biomonitoring Of Contaminants In Scavenging Birds Of Portugal: Pesticides And Heavy Metals
    Publication . Das Neves, Beatriz Carvalho Oliveira; Carneiro, Manuela Andreia Gonçalves
    A biomonitorização é uma ferramenta essencial para a avaliação de poluentes ambientais, atuando como um sistema de alerta precoce para a presença de contaminantes que afetam tanto a saúde humana, como a animal. Os abutres, como necrófagos de topo da cadeia alimentar, são particularmente importantes como bioindicadores da saúde ambiental, devido aos seus hábitos alimentares e à sua posição ecológica. Estes animais desempenham um papel crucial na manutenção dos ecossistemas, ao eliminar carcaças e reduzir o risco de transmissão de doenças. Contudo, estas aves enfrentam ameaças preocupantes resultantes das atividades humanas, como a exposição a pesticidas e a contaminação por metais pesados. O presente estudo teve como objetivo investigar a exposição de abutres selvagens, admitidos em Centros de Recuperação de Animais Selvagens em Portugal, a pesticidas organofosforados (OP) e carbamatos (CB), bem como metais pesados. A atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE) foi medida em amostras de plasma, permitindo avaliar a exposição a pesticidas, enquanto as concentrações de chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsénio (As) foram quantificadas em amostras de fígado e rins, utilizando a técnica de espectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS). O presente estudo foi pioneiro na aplicação do ensaio de AChE em amostras de sangue de abutres em Portugal. Os resultados revelaram que o chumbo foi o metal mais frequentemente detetado nas amostras de Grifo-euroasiático (Gyps fulvus), com um dos casos excedendo os níveis seguros de exposição, o que sugere uma exposição subclínica. Os níveis de cádmio foram mais elevados nos tecidos renais em comparação com o fígado, mas a exposição global revelou-se baixa, possivelmente atribuído à jovem idade dos animais estudados. A deteção de concentrações de 1,691 mg/kg w.w. de cádmio e 2,45 mg/kg w.w. de chumbo em amostras de rins de indivíduos juvenis é, contudo, um achado notável. Em contraste, as concentrações de arsénio revelaram-se baixas, apresentando este um risco ecotoxicológico mínimo. A atividade da AChE mostrou-se inferior aos valores de referência de outros países, sugerindo uma possível exposição subclínica a pesticidas. Estes achados demonstram os riscos que estas aves enfrentam e evidenciam a necessidade de que os esforços contínuos de biomonitorização e conservação, essenciais para a proteção dessas espécies e para a preservação da integridade dos ecossistemas, sejam realizados dentro do conceito "Uma Só Saúde".