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Lobo Castro, André

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  • Intoxicação por novas substâncias psicoativas: descrição de um caso
    Publication . Castro, André Lobo; Sousa, Lara; Quintas, Maria José; Pedro, Costa; Rangel, Rui; Melo, Paula; Carneiro De Sousa Pinto Costa, Maria José; Tarelho, Sónia; Franco, João Miguel
    Introdução: As novas substâncias psicoativas (NPS) representam um contexto emergente no mundo desenvolvido, e Portugal não é exceção. Apresentando diversas designações no mercado ilícito, estes compostos surgem de forma regular, substituindo outros previamente identificados pelas autoridades. Desse modo, o “mercado ilícito” tenta circundar as autoridades fiscalizadoras, sendo exemplo a identificação de mais de cem (100) substâncias diferentes, por ano, quer em 2014, quer em 2015. Os dados referentes a intoxicações por estas substâncias são escassos e dispersos devido à referida “volatilidade” no mercado, a qual condiciona o cumprimento dos critérios necessários para a identificação de substâncias. Os autores reportam um caso de intoxicação multi-substâncias, onde se incluem NPS. Material e Métodos: No âmbito da autópsia médico-legal realizada a um indivíduo do sexo masculino, com 26 anos, foram solicitados exames toxicológicos complementares, para determinação de Etanol, Drogas de Abuso e Substâncias Medicamentosas. O procedimento analítico incluiu a extração em fase sólida (SPE) das substâncias de interesse com recurso a cartuchos HLB OASIS® (Waters), e a utilização de técnicas de análise instrumental hifenadas, nomeadamente um cromatógrafo de gases GC-450 acoplado a um espectrómetro de massa do tipo triplo quadrupolo MS-300 (Bruker), um cromatógrafo de gases GC6780 acoplado a um espectrometro de massa do tipo quadrupolo simples 5973N (Agilent) e um Cromatógrafo líquido de ultra performance (UPLC), acoplado a um espectrómetro de massa do tipo triplo quadrupolo (WATERS). Foram analisadas amostras de sangue periférico e da cavidade cardíaca e diversos vestígios encontrados junto ao cadáver. Resultados: A análise dos vestígios permitiu a identificação das seguintes substâncias: 3-MeO-PCP (1-[1-(3-metoxifenil)ciclohexil]piperidina), DPT (N,N-dipropiltriptamina), XLR-11 (1-[5-(fluoropentil)-1H-indol-3-il]-(2,2,3,3-tetrametilciclopropil)metanona; 5-MeO-DMT (2-(metoxi-1H-indol-3-il)-N,N-dimetiletanamina) e O-desmetiltramadol (O-DT). A análise do sangue periférico permitiu a determinação de: O-desmetiltramadol (4225 ng/mL), THC (1,20 ng/mL), THCCOOH (4,50 ng/mL), Mianserina (74 ng/mL), Topiramato (VE:6393 ng/mL) e Bromazepam (138 ng/mL). A análise do sangue da cavidade cardíaca permitiu a determinação da 3-MeO-PCP (VE: 525 ng/mL). Todos os outros compostos identificados nos vestígios não foram encontrados nas amostras de sangue analisadas. Discussão: A informação social e os dados da autópsia não permitiram o diagnóstico diferencial médico-legal entre suicídio e acidente. Em contrapartida, a presença de vários compostos leva a concluir que a morte terá sido devida a uma intoxicação multi-substâncias, com especial relevância para os efeitos devidos às NPS presentes no sangue (3-MeO-PCP e O-DT).
  • Intoxicação por 1,4-Butanediol: descrição de um caso
    Publication . Castro, André Lobo; Dias, Ana Sofia; Melo, Paula; Tarelho, Sónia; Franco, João Miguel
    Introdução: O Ácido gamahidroxibutírico (GHB) é um composto endógeno, com ação conhecida em diversas áreas cerebrais. O seu uso ilícito inclui objetivos recreativos, o incremento da massa muscular, e como substância facilitadora de abuso sexual. A disponibilidade de dois percursores, nomeadamente a Gamabutirolactona (GBL) e o 1,4-butanediol (1,4-BD), os quais não se encontram alocados à lista de substâncias controladas, contrariamente ao próprio GHB, torna ainda mais fácil a sua obtenção e consumo. Material e Métodos: Um indivíduo do sexo masculino, com 25 anos, deu entrada no Serviço de Urgência de um Hospital Central, em estado de coma (CGS 7), com suspeita de intoxicação por ingestão de líquido, o qual o acompanhava. O SQTF recebeu uma amostra de soro e o referido líquido para análise. O procedimento analítico incluiu a análise direta do líquido por GC-MS, para identificação do mesmo, e a análise da amostra de soro através de extração líquido-líquido das substâncias de interesse, seguida da utilização de técnica de análise instrumental hifenada, nomeadamente um cromatógrafo de gases GC-450 acoplado a um espectrómetro de massa do tipo triplo quadrupolo MS-300 (Bruker). Resultados e Discussão: A análise do líquido permitiu a identificação da substância 1,4-Butanediol. A análise da amostra de soro permitiu a determinação de GHB numa concentração de 171 mg/L. Paralelamente, foi detetada, pela primeira vez, a presença do metabolito GHB-Glucuronizado (GHB-GLUC), metabolito este recentemente descrito. Conclusão: A informação hospitalar recebida indica que o indivíduo reverteu o estado comatoso, sem sugestão de sequelas neurológicas. Os dados clínicos e os resultados laboratoriais confirmam o diagnóstico de intoxicação por 1,4-Butanediol, detetado pela primeira vez no nosso país.
  • Intoxicação por MDMA em Candidato a Dador de Coração Parado – Análise de um caso
    Publication . Castro, André Lobo; Almeida, Dina; Sousa, Lara; Costa, Pedro; Quintas, Maria José; Melo, Paula; Rangel, Rui; Tarelho, Sónia; Franco, João Miguel
    Introdução: A dinâmica de consumo de substâncias ilícitas é caracterizada por tendências e “modas”, sempre com o objetivo de obter e experienciar os efeitos desejados, sejam estes de extremação sensorial, entactogénicos ou outros. No entanto, algumas substâncias mantêm‐se no mercado negro de forma consistente ao longo do tempo. É o caso das anfetaminas e dos seus derivados, as quais surgem de forma regular em casos de intoxicação. Os autores apresentam um caso ocorrido no norte de Portugal onde foi detetada MDMA em amostras post‐mortem, bem como em amostras recolhidas ao indivíduo ainda em contexto de emergência hospitalar, salientando‐se a excecionalidade deste procedimento. Material e Métodos: Trata‐se de um homem de 18 anos de idade, sem história conhecida de consumo de drogas de abuso. Foi ativado o INEM por inconsciência / suspeita de intoxicação por substância desconhecida. À chegada da equipa foi constatada respiração ruidosa, midríase fixa e hipertermia (temperatura auricular de 42ºC). Foram realizadas manobras de suporte básico e avançado de vida com administração de adrenalina. A vítima foi transportada ao serviço de urgência hospitalar e na primeira avaliação após constatação de assistolia, foram suspensas as manobras e a vítima foi avaliada e considerada como CDCP (Candidato a Dador de Coração Parado). Foi efetuada autópsia médico‐legal, tendo sido observada congestão visceral global e, a nível pulmonar, sufusões hemorrágicas subpleurais, edema marcado e áreas de hemorragia do parênquima. O exame anátomo‐patológico efetuado ao tecido pulmonar revelou a presença de hemorragia alveolar bilateral. Foram enviadas amostras de sangue periférico e da cavidade cardíaca para o SQTF para processamento analítico para pesquisa de etanol, drogas de abuso e substâncias medicamentosas. Posteriormente foram também recebidas amostras de sangue colhidas no SU com indicação da hora da colheita. Resultados e Discussão: A amostra de sangue periférico foi analisada, tendo sido verificada a ausência de etanol e a presença de lidocaína com uma concentração inferior a 500 ng/mL. O rastreio de drogas de abuso por imunoensaio sugeriu a presença de anfetaminas e derivados. A confirmação/quantificação de anfetaminas por GC‐MS‐single quad (LOD = 10 ng / mL), após o procedimento extrativo por SPE, revelou‐se positiva para MDMA [2278 ng / mL] e para MDA [49 ng / mL]. As amostras colhidas em contexto hospitalar mostraram‐se positivas para MDMA, com valores entre 504 ng/mL e 1918 ng/mL, e MDA, com valores entre 20 ng/mL e 89 ng/mL. Conclusões: Com o presente caso, os autores pretendem ressalvar que a análise dos resultados toxicológicos numa vítima submetida a procedimentos de colheita de órgãos para transplante carece de uma cuidadosa interpretação, tendo em conta o momento em que a colheita de amostra pode ser efetuada durante todo o processo, desde o internamento hospitalar até à realização da autópsia médico‐legal. Salienta‐se ainda a importância da comunicação com as unidades hospitalares, no sentido de, em casos específicos, poderem ser facultadas as amostras colhidas em contexto hospitalar, o mais próximo possível do momento do evento em estudo, tendo em conta que a concentração das substâncias pode alterar‐se durante a manutenção da vítima em suporte de vida.
  • Imparcialidade pela ISO 17025 e distorção cognitiva em Toxicologia Forense – da imparcialidade consensual à distorção cognitiva minimizada. Quo Vadis?
    Publication . Tarelho, Sónia; Castro, André Lobo; Franco, João Miguel
    A norma ISO/IEC 17025:2018 contém uma nova secção que aborda a imparcialidade de uma forma mais estruturada do que a apresentada na versão anterior. Segundo a sua própria definição, trata-se da "presença de objetividade " e “a objetividade implica a ausência de conflitos de interesse ou a sua resolução de modo a não influenciar de forma adversa as atividades do laboratório". No entanto, a tomada de decisão subjetiva e a interpretação sob pressão e em circunstâncias limite são realidades bem presentes na vida de um toxicologista forense, podendo conduzir a um viés cognitivo, apesar da objetividade da toxicologia sustentada na química analítica e na respetiva instrumentação. Assim, e considerando esta preocupação emergente, abordada em diversos estudos já publicados (e.g. TIAFT 2019), constitui o objetivo deste trabalho a realização de uma reflexão sobre este tema, apresentando pontos críticos e as formas que o SQTF encontrou para minimizar ou eliminar os seus efeitos. A distorção percetiva pode surgir de diferentes fontes que podem ser organizadas em três categorias: categoria A, a informação específica associada ao caso; categoria B que se baseia no ambiente, na cultura e na experiência do analista (educação e formação) e a categoria C que enfoca na natureza humana. Embora existam estratégias conhecidas de minimização aplicáveis às técnicas de comparação (e.g. impressões digitais), ainda existem pesquisas limitadas sobre as estratégias de minimização ou de redução de desvios de interpretação em toxicologia forense. O primeiro passo para minimizar o viés cognitivo é a consciencialização. O segundo passo é a realização de uma revisão dos processos do laboratório para identificar pontos onde a distorção cognitiva possa ser um problema. Consequentemente, podem então ser utilizadas abordagens específicas em cada etapa, com base nos princípios do controlo da informação, da coerência, da responsabilização, da diversidade e da transparência. A distorção percetiva pode influenciar todo o processo de avaliação e de análise de um caso toxicológico. No entanto, são três as áreas principais identificadas: a seleção dos métodos ou a estratégia de análise, a triagem das substâncias a detetar (drug screening) e a interpretação dos resultados obtidos. O Serviço de Química e Toxicologia Forenses do INMLCF foi capaz de identificar pontos de implementação de procedimentos de minimização de desvios interpretativos e o próximo passo poderá passar pela incorporação numa política formal. Uma pesquisa anterior com membros da TIAFT evidenciou que apenas 14% trabalhavam em laboratórios que tinham uma política formal sobre viés contextual. Esta política formal sobre viés cognitivo deve ser separada daquelas que discutem a ética ou a imparcialidade, tendo sempre em linha de conta que o enviesamento cognitivo não é causado por desonestidade, fracasso pessoal, falta de comportamento ético ou ausência de profissionalismo.
  • A Inteligência Artificial e o seu potencial na aplicação à Toxicologia Forense
    Publication . Tarelho, Sónia; Castro, André Lobo; Franco, João Miguel
    Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem permitido avanços muito significativos em várias áreas, transformando diversos setores da nossa sociedade. Os mais importantes passam pelo Deep Learning, pelo processamento da linguagem natural (NLP), pela visão computacional, pela inteligência conversacional, pela robótica e automação, pela mobilidade autónoma e, no que à toxicologia forense importa, na medicina e nas ciências a ela associadas. Neste âmbito, a IA tem sido aplicada com sucesso em diversas áreas com o desenvolvimento de algoritmos que permitem analisar grandes quantidades de dados para auxiliar no diagnóstico e no tratamento médicos. Considerando a Toxicologia Forense em particular, a IA tem o potencial de desempenhar um papel importante, auxiliando na análise das evidências relacionadas com as substâncias tóxicas encontradas nas vítimas ou nos suspeitos (ou cenas de crime). As potencialidades de aplicação das ferramentas de IA incluem a análise de dados, a classificação das substâncias tóxicas, a previsão dos efeitos tóxicos, a análise de padrões de intoxicação, culminando no suporte à tomada de decisão. Assim, e considerando a expectativa intrínseca associada à IA, este trabalho pretende refletir sobre as potencialidades da sua aplicação ao âmbito da toxicologia forense. No contexto atual, e dada a recente realidade das novas drogas psicoativas (NPS), bem como a grande preocupação que esta traz para as autoridades de saúde e para os órgãos reguladores em todo o mundo, a aplicação da IA ao estudo da metabolização das substâncias (metabolómica) parece assumir uma importância emergente. Devido à natureza dinâmica e evolutiva desse mercado, é difícil acompanhar todas as novas substâncias psicoativas que vão sendo desenvolvidas e colocadas em circulação para consumo. Muitas vezes, a prática dos produtores passa pela alteração subtil das estruturas químicas das substâncias existentes para criar novos produtos que não estejam legalmente regulamentados. Esta realidade constitui um desafio para o controlo e para a proibição céleres destas substâncias pelas autoridades de saúde e pelos órgãos reguladores. Neste âmbito, a IA tem um elevado potencial, podendo ser aplicada eficazmente ao estudo da metabolização das várias formas e variantes, bem como na sua previsão e na identificação dos respetivos produtos de metabolização. É importante ressalvar que a aplicação da IA na toxicologia forense requer o uso de dados precisos e confiáveis, bem como a validação contínua dos modelos e dos algoritmos utilizados. Além disso, a interpretação humana e o conhecimento especializado continuam a ser fundamentais para uma análise forense completa, precisa e fundamentada. Assim, a IA deve ser vista como uma ferramenta complementar de auxílio à melhoria da qualidade da tomada de decisão por parte do especialista e não ser demasiadamente endeusada como um perfeito substituto da capacidade de pensamento e de discernimento humanos.
  • Prevalência de antidepressivos, em amostras post-mortem de sangue total, em casos de suicido no Norte de Portugal: 5 anos em estudo
    Publication . Madureira, Muriela; Tarelho, Sónia; Castro, André Lobo; Vicente, Coralia; Franco, João Miguel
    Introdução: Nas últimas décadas verificou-se um aumento exponencial do consumo de antidepressivos (ADsAD) na Europa, com diversos trabalhos a evidenciar controvérsia em torno da utilização destas substâncias, entre a eficácia que o tratamento da depressão com ADsAD apresenta no risco de suicídio e o possível agravamento do risco de suicídio no início do tratamento, o que levandoou à emissão de advertências associadas a este contexto por parte da FDA e da EMA. Assim, a toxicologia forense reveste-se de particular importância, não só pelo incontornável contexto analítico como também pelos dados obtidos pela análise da sua casuística. O presente estudo analítico, observacional, transversal e retrospetivo pretende avaliar a casuística interna do Serviço de Química e Toxicologia ForensesSQTF da Delegação do Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses INMLCF, I.P., relativamente à prevalência de antidepressivos, em sangue total, nos casos post-mortem de etiologia médico-legal suicida, entre junho de 2013 e maio de 2018. Material e Método: Selecionaram-se 9213 casos post-mortem autopsiados no Norte de Portugal, com pedido de análise toxicológica, nos cinco anos em estudo. Os dados foram obtidos através do Sistema de Gestão de Informação Laboratorial por ano civil e exportados para software Excel 2016. Foram consideradas as seguintes variáveis: o ano em estudo, a idade, o género, o provável diagnóstico diferencial médico-legal, o mecanismo de morte e as análises toxicológicas efetuadas. A análise estatística foi efetuada com recurso ao IBM SPSS (versão 25), recorrendo-se ao teste de Qui-quadrado (α=5%). Resultados e Discussão: O suicídio corresponde à segunda etiologia médico-legal com maior expressividade (N=1420), representando 15,4% dessa totalidade. A solicitação da deteção e da quantificação de substâncias medicamentosas em casos de suicídio no período em estudo sofreu um aumento, de 85% em 2013/14 para 92% em 2017/18, sugerindo uma sensibilidade crescente com esta temática. Constatou-se a presença de ADsAD em 426 casos (76,3%). Em 70,7% destes (N=301) foi detetado apenas um AD, ao passo que em 29,3% (N=125) foi detetada a presença de 2 ou mais ADsAD (568 quantificações). Os cinco principais ADsAD encontrados no Suicídio foram a Sertralina, o Citalopram, a Venlafaxina, a Mirtazapina e a Trazodona, representando 75% do total de casos positivos. Um ponto crucial foi questionar, desde logo, se os ADsAD aumentam o risco de comportamento suicidário acima do que é causado pela doença subjacente, a depressão major, ela própria a principal causa de suicídio. Neste sentido, foi imprescindível investigar se existe uma associação entre os ADsAD e a etiologia médico-legal, verificando-se uma associação estatisticamente significativa entre estas variáveis, p<0,001. Verificou-se que a presença de ADsAD no Suicídio apresenta o dobro do valor esperado (15,2%), sendo a etiologia médico-legal com maior contribuição para as diferenças estatisticamente encontradas. A maioria dos casos de suicídio positivos para ADsAD pertenciam ao sexo feminino (51,5% para 22,9%) comparativamente com o sexo masculino (22,9%), p<0,001. Paralelamente, a maioria dos casos pertenciam à população não jovem (≥ 25 anos; 98,5%), com maior representatividade na faixa etária dos >65 anos (p=0,002). Constatou-se que apenas 11,3% (N=48) do número total de suicídios positivos para ADsAD foram contextualizados como suspeita de intoxicação medicamentosa. A maioria dos ADsAD quantificados no Suicídio encontravam-se em concentrações consideradas terapêuticas (72%), com algumas exceções. As menores percentagens de casos a níveis terapêuticos corresponderam à suspeita de intoxicação, enquanto que a grande maioria destes casos estavam associados a outros atos suicidas alternativos. Em contrapartida, 28% dos ADsAD encontravam-se em concentrações consideradas tóxicas, na sua maioria associados a outros atos suicidas alternativos que não intoxicação. Conclusões: Os resultados descritos alertam para a necessidade da continuidade de implementação de medidas preventivas na área de saúde mental e da extensão do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. A presente investigação, segundo apurado, é o primeiro estudo sobre a presença de antidepressivos em casos de Suicídio, em Portugal.
  • Quantificação de D9-THC, 11-OH-THC E THC-COOH por SPE e GC/MS-MS em sangue total
    Publication . Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Quintas, Maria José; Costa, Pedro; Melo, Paula; Franco, João Miguel; Dias, Mário
    Introdução: Os canabinóides, obtidos a partir de plantas da espécie Cannabis sativa, continuam a ser as substâncias ilícitas com maior prevalência de consumo a nível mundial. O seu abuso representa um problema importante de saúde pública não só devido aos efeitos nefastos para o organismo do indivíduo consumidor mas, também, devido ao facto de o seu consumo afetar negativamente diversas características psicomotoras relevantes para o desempenho de tarefas como a condução (e.g. capacidade de reação). Geralmente os canabinóides encontram-se presentes no organismo em baixas concentrações, nomeadamente o D9-THC e o 11-OH-THC, pelo que o laboratório de toxicologia forense deve dispor de métodos analíticos dotados de uma capacidade de deteção adequada a esta realidade. Acresce ainda o facto de a legislação em vigor para a avaliação do estado de influenciado por substâncias psicotrópicas, ao nível da fiscalização rodoviária, não definir um valor como critério de positividade, algo que torna ainda mais importante a adoção de métodos de elevada sensibilidade a fim de conferir uma representatividade adequada aos resultados obtidos. O objetivo deste trabalho incluiu a validação analítica de um procedimento para a deteção e quantificação, com fins forenses, de D9-THC, 11-OH-THC e THC-COOH em amostras de sangue total obtidas in vivo e post-mortem, bem como a avaliação da prevalência de casos positivos após a aplicação do respetivo procedimento analítico a casos reais. Material e Métodos: O procedimento analítico inclui a extração em fase sólida (SPE) das substâncias de interesse com recurso a cartuchos HLB OASIS® (Waters), a derivatização com BSTFA:TMCS 99:1 (Supelco) e a utilização de uma técnica instrumental hifenada com recurso a um cromatógrafo de gases GC-450 acoplado a um espectrómetro de massa do tipo triplo quadrupolo MS-300 (Bruker). Resultados: Este trabalho conduziu ao desenvolvimento de um método cromatográfico capaz de permitir a separação total dos três compostos e a deteção por MS-MS através da monitorização de dois iões (m/z 289 e 305) obtidos a partir do ião-percursor m/z 371, para cada composto. O ião m/z 289 é utilizado para efeitos de quantificação. Como padrões internos utilizaram-se os análogos deuterados. A validação analítica incluiu o estudo, entre outros, dos seguintes parâmetros: especificidade e seletividade (0% de falsos resultados positivos ou negativos), limiares analíticos de deteção (LoD) e quantificação (LoQ) e a linearidade na gama de trabalho considerada (LoQ de 1 ng/mL e desempenho linear entre 1-100 ng/mL para todos os compostos avaliados), rendimento do procedimento extrativo, arrastamento entre análises e repetibilidade (inferior a 15%). Discussão: O método desenvolvido evidenciou ser adequado para a deteção e quantificação dos canabinóides selecionados tendo sido obtidos bons resultados ao nível do LoD e LoQ. Estes limiares analíticos são adequados para a deteção e quantificação destas substâncias em contexto forense, nomeadamente no caso das amostras biológicas colhidas âmbito da aplicação do Código da Estrada. Este procedimento analítico foi aplicado à rotina laboratorial representando uma melhoria efetiva na qualidade da resposta do laboratório, evidenciada através do aumento no número de casos positivos nas amostras analisadas relativamente ao procedimento analítico anteriormente em vigor.
  • 1,4-Butanediol intoxication: a case report
    Publication . Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Dias, Ana Sofia; Melo, Paula; Teixeira, Helena; Franco, João Miguel
    Gamma-hidroxibutyric acid (GHB) is an endogenous compound with known action at the neural level. Its psychoactive effects led to an illicit use context including recreational purposes, muscle building effects in bodybuilders and drugs-facilitated crimes, specifically, in sexual assaults. Besides the use of the main compound, there are precursors, like Gammabutyrolactone (GBL) and 1,4-butanediol (1,4-BD), usually non controlled substances, allowing a much easier way to obtain the target-compound. The authors present the first reported intoxication case in Portugal with 1,4-Butanediol, including the quantification of GHB and GHB-GLUC in serum, by GC-MS/MS TQD. A male, 25 years old, entered in coma at the hospital emergency room, with the suspicion of an intoxication due to an unknown liquid ingestion. The forensic toxicology lab was asked to collaborate in order to identify the possible substance(s) involved and provide adequate treatment to the patient. The suspicious liquid and a serum sample were sent by the hospital and analysed by GC-MS-single quadrupole and GC-MS/MS TQD, respectively. A methodology including protein precipitation and GC-MS/MS TQD analysis was used to detect and quantify GHB and GHB-GLUC in serum. Toxicological analysis revealed the presence of 1,4-Butanediol in the liquid and GHB [171 mg/L] and GHB-GLUC [13,7 mg/L] in serum.The victim reverted the coma state with no neurological sequelae. This was the first detected case in Portugal with 1,4-Butanediol, suggesting that it is important to be aware that consumers have different options to acess illicit compounds, such as GHB. On the other hand, GHB-GLUC was identified and quantified for the first time in a real case sample, due to intoxication. This case highlights the importance of analyzing all samples for active compounds, percursors and metabolites that can lead to the main intoxication origin.
  • MDMA Intoxication in potential donor with cardiac arrest – A case report
    Publication . Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Almeida, Dina; Sousa, Lara; Franco, João Miguel; Teixeira, Helena
    Amphetamines consumption is still an important public health issue, namely in terms of compounds variability and disposition to consumers. However, some of them, still classic substances, keep standing in the illicit market, with remarkable and continuous success. That is the case of MDMA. Nevertheless, there is always new information and data on MDMA intoxication, both in vivo as in post-mortem context. The authors report an intoxication case with MDMA in an 18 years old male, who was considered a potential organ donor, after a cardiac arrest. Whole blood samples were collected in vivo, at the Emergency Room (ER), in different moments, and post-mortem, at the Forensic Pathology Service of the National Institute of Legal Medicine and Forensic Science. After a general screening procedure, samples were extracted by an SPE procedure (OASIS® MCX) followed by a GC-MS single quad analysis. The post-mortem whole blood sample was positive for Lidocaine (< 500 ng/mL), compatible with ER intervention, and positive for MDMA (2278 ng/mL) and MDA (49 ng/mL), while the whole blood samples collected in vivo (during the maintenance of the individual under advanced life support), were positive for MDMA (between 504 ng/mL and 1918 ng/mL) and MDA (between 20 ng/mL and 89 ng/mL). The samples were negative for other substances, namely ethanol, other drugs of abuse and medicines. Interpretation of these results is pivotal to understand the behaviour of the substance. So, in this case, MDMA post-mortem behaviour should be carefully evaluated, considering as possible influencers, in the specific context of the case, the time lapse between the death verification, the maintenance of the advanced life support and the body manipulation for organ collection purposes. Also referred and discussed is the ante-mortem/post-mortem ratio of MDMA obtained values, compared with literature references. No doubt that death was due to MDMA intoxication, but information from the in vivo samples analysis suggests that this type of sample should also be considered, in a complementary role, whenever possible.
  • GC-MS – Still standing for clinical and forensic analysis: validation of a multidrug method to detect and quantify illicit drugs
    Publication . Ferreira, Ana Beatriz; Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Rodrigues, Pedro; Franco, João Miguel
    An SPE-GC-MS analytical method using whole blood samples has been developed and validated to detect and quantify nineteen compounds belonging to the Drugs of Abuse (DA) groups of cocaine and metabolites, opiates and new psychoactive substances (NPS). The method detailed here is necessary because the recreational consumption of these DA has increased considerably in recent years and poly-drug-consumption is now very common. The method developed was both specific and selective. Three different working ranges have been defined due to the differences between therapeutic, toxic and lethal concentrations of DA. Linearity was confirmed for the defined working ranges of all DA, except pseudoephedrine, ephedrine, norephedrine, and TFMPP. Since the remaining nineteen substances showed heteroscedasticity, six ponderation factors were studied to find the best fit for each compound. Limits of Detection and Lower Limits of Quantification have been studied and defined. No carryover was noted, with acceptable extraction recoveries. The achievement of all validation criteria according to international guidelines allows the application of the proposed method in routine forensic analysis. Using this method can also significantly reduce response times and GC-MS analysis costs.