AM - CM - ECCA - Estudo das Crises e dos Conflitos Armados
Permanent URI for this community
Browse
Browsing AM - CM - ECCA - Estudo das Crises e dos Conflitos Armados by Title
Now showing 1 - 10 of 38
Results Per Page
Sort Options
- Angola paz total: Processo de pacificação, acordos e reintegração dos ex-militaresPublication . Francisco, MárioO presente Trabalho de Investigação Aplicada (TIA) subordinado ao tema Angola Paz Total : Processo de Pacificação, Acordos e Reintegração dos Ex-Militares versa sobre aspetos inerentes à árdua trajetória de Angola à conquista da paz total. Definimos como questão central: “Será que a morte do líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi, serviu de força motriz para o alcance da paz definitiva em Angola?” De maneira que pudessemos responder à questão central, dividimos o estudo em quatro capítulos. Nestes, são espelhados de forma enquadrada os assuntos que conduzirão às conclusões do trabalho que nos propusemos investigar. É importante frisar que para uma maior compreensão do prezado leitor sobre o desenrolar deste Trabalho de Investigação Aplicada, fizemos uma sistematização dos capítulos desde às origens dos principais acontecimentos ou momentos, considerados como negativos para o povo angolano até à atualidade, culminando com uma perspetiva positiva ou de melhoria resultante do advento da paz. Inicialmente, incidiremos sobre a origem dos três principais movimentos nacionalistas angolanos, de igual modo, falaremos sobre a biografia dos seus atores políticos. Seguidamente falaremos sobres as fases principais no processo de paz angolano. Um dos objetivos do TIA é investigar o que fracassou nos acordos feitos com vista a se alcançar a paz, daí que, no capítulo seguinte trataremos das causas do fracasso de três acordos. Finalmente, debruçar-nos-emos sobre a repercussão da paz, evidenciando que os ventos que agora sopram em Angola são de paz. A metodologia do trabalho baseou-se em bibliografias, documentos, algumas gravações de vídeos já existentes sobre o assunto estudado, atividades de campo realizadas em Lisboa, Porto e Angola. Pelo que no final desta investigação verificamos que realmente o percurso de Angola à conquista da paz foi árduo e sinuoso. Também constatamos que depois de muitos anos de conflito o país está efetivamente em paz. Este feito só foi possível depois da morte do líder da UNITA Jonas Savimbi. Como resultado da paz, o país tem tido grande crescimento e desenvolvimento em todos os setores.
- A Batalha de Almanza : O sangue da afirmação de PortugalPublication . Borges, João VieiraA 25 de Abril de 1707, um exército Aliado de cerca de 16.000 homens, sob o comando do 2º marquês das Minas e do conde de Galway foi derrotado em Almansa, no âmbito da Guerra da Sucessão de Espanha (GSE), por um exército com cerca de 25.400 homens sob o comando do duque de Berwick, designado Exército das Duas Coroas. Depois de um sucesso grandioso para os aliados, com a conquista de Madrid a 28 de Junho de 1706 ainda com D. Pedro 11 no trono de Portugal, D. João V iniciava o seu reinado com uma derrota militar que, para muitos analistas, teria sido decisiva para o desenrolar da GSE, pelo menos no que respeita às repercussões no teatro de operações da Península Ibérica. A análise que se segue inclui a participação de Portugal na GSE e uma descrição pormenorizada da batalha. Faremos, posteriormente, uma outra análise da batalha de Almansa no âmbito da GSE, à luz dos princípios da guerra, sem esquecermos os factores de degradação e as consequências políticas, económicas e militares da mesma contenda. Terminaremos, adiante, com algumas mensagens em jeito de considerações finais. Aprendemos com os nossos mestres que se devem tirar lições da História e aprender com a experiência de todas as gerações, mesmo (ou, sobretudo) quando sofremos as mais pesadas derrotas. Apesar desta batalha ter constituído um marco no desenrolar da GSE na Península Ibérica (sobejamente negativo para as hostes portuguesas e aliadas), muitos outros marcos determinariam o resultado final da guerra. No entanto, e na linha da análise escrita por Carlos Selvagem, não podemos deixar de destacar que o sangue derramado pelos portugueses nesta batalha e neste conflito, contribuiu de modo muito significativo para a afirmação de Portugal no concerto das nações da Europa, poucos anos depois de se ter tornado independente da vizinha Espanha. Da bibliografia histórica destacaríamos as fontes primárias que nos foram facultadas pelo Arquivo Histórico Militar, em especial o Diário Bélico, de Frei Domingos da Conceição e duas cartas do marquês das Minas dirigidas ao secretário de Estado, Diogo de Mendonça Corte-Real. Gostaríamos de agradecer o apoio que nos foi dado na revisão pelo Mestre Eurico Dias e pelo Dr. Pedro de Avillez e, sobretudo, o grande incentivo e colaboração que nos foram dados pelo Coronel Carlos Gomes Bessa (da CPHM), que inclusivamente nos cedeu um texto inédito da sua autoria, com o título Ocorrências militares no reinado de D. João V, em que aborda, com muito rigor e sentido crítico, a referida batalha de Almansa.
- Bernardim Freire de Andrade, Tenente-General (1759-1809)Publication . Pires, Nuno LemosBernardim Freire de Andrade foi um homem à frente da sua época. Um cidadão, um português e um oficial do Exército que assumiu, cumpriu e, num dos momentos mais difíceis da História de Portugal, ficou entre e com o seu povo. Morreu em 1809 de forma bárbara, linchado pela população que jurara defender. Fim inglório para um oficial que tanto deu e fez por Portugal. Como foi possível chegar a este ponto? O que levou umas poucas dezenas de populares a executar tal ato vil e desprezível? Bernardim Freire de Andrade estava entre os primeiros oficiais do Exército que alcançaram as mais importantes responsabilidades na defesa da Nação, não apenas porque o seu estatuto aristocrático lho permitia, mas também porque o mérito lhe foi reconhecido. Resultado de uma das importantes reformas levadas a cabo por Marquês de Pombal, Bernardim Freire de Andrade fez parte de uma nova geração de oficiais do Exército que percorreu um percurso mais esclarecido, avaliado e meritório. Não era assim no tempo em que o Marquês de Pombal tinha tentado, ser ele também, um oficial do Exército. Quando Sebastião de Carvalho e Melo, ainda longe de se tornar Marquês de Pombal, ingressou no Exército, descobriu que os postos mais elevados estavam reservados apenas à mais alta aristocracia, que mesmo quando analfabeta e inculta, poderia ocupar as patentes mais elevadas enquanto que ele, refém do seu “estatuto menor”, mesmo que provasse cultura e mérito, nunca passaria dos postos intermédios. Por isso, foi criada inicialmente uma escola para os filhos da aristocracia, o Colégio dos Nobres e depois, já no reinado de D. Maria I, nasceu em 1790 uma grande escola de formação para os futuros oficiais do Exército, uma das antecessoras da atual Academia Militar, a Academia Real de Fortificação Artilharia e Desenho (a primeira escola de oficiais do exército foi a Aula de Artilharia e Esquadria criada em 1641 por D. João IV). Em consequência também se alterou o estatuto dos oficiais do Exército e o mérito, paulatinamente, foi-se sobrepondo a critérios subjetivos de aristocracia. Não foi um processo imediato, levou tempo, e entre os primeiros a frequentar o Colégio dos Nobres esteve Bernardim Freire de Andrade e o seu primo (mais tarde cunhado, que fará um percurso sempre próximo e de grande amizade recíproca para com ele), Miguel Pereira de Forjaz, dois homens que foram essenciais para a defesa e consolidação de Portugal no princípio do século XIX. Bernardim Freire pertencia a uma família privilegiada mas não se apoiou simplesmente na sua condição de nascimento, progrediu por mérito, por demonstração de valor em combate, pela disponibilidade para partir e defender o País. Não se acomodou e, em alguns dos momentos mais difíceis da História de Portugal, assumiu responsabilidades e morreu por elas. Não merecia o fim que teve, e deve ser recordado como um entre os melhores que o Exército teve a honra de incluir nos seus quadros. Foi e é um exemplo de cidadão, de militar e, acima de tudo, de Português.
- Brigadeiro D. Carlos de Mascarenhas (1803-1861)Publication . Hermenegildo, Reinaldo SaraivaA escolha do patrono dos cursos de entrada no ano lectivo 2011-2012 na Academia Militar (AM), destinados à formação dos oficiais do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) assume uma importância particular, que convém realçar, embora de forma sintética alguns aspectos. Em primeiro lugar, como tradição da instituição militar e dos estabelecimentos de ensino superior militar que deve ser mantida e preservada, de ter uma figura histórica como fonte de inspiração e de referência para os alunos do primeiro ano da Academia Militar e que os irá prosseguir ao longo do seu curso e no decurso das suas vidas profissionais e militares. Em segundo lugar, é sempre importante procurar exemplos passados de grande valor enquanto militares, comandantes e Homens, para que sirvam de referência aos futuros oficiais do Exército e da GNR. Destacar o importante e relevante papel dos antecessores é uma forma de incentivar o estudo e servir de guia de forma a dar cumprimento ao legado dos antecessores no cabal cumprimento da missão da Instituição e na exaltação dos valores mais altos do país. Em terceiro lugar, pela primeira vez desde que a Academia Militar forma oficiais do Exército e da GNR (desde 1991), que os cursos do ano lectivo 2011/2012 irão ter um patrono com ligações às duas instituições que ele serviu em várias funções no Exército e na Guarda Municipal de Lisboa (antecessora da actual GNR). D. Carlos de Mascarenhas destacou-se desde cedo, mesmo enquanto Cadete, para mais tarde já como oficial, Alferes, Tenente e Capitão ter recebido dos mais rasgados elogios e reconhecimentos públicos. Neste último posto, chegou mesmo a receber a condecoração da Torre e Espada2, com direito a honras de coronel e promoção a Major por distinção. No posto de Major e de Tenente-coronel continuar a desenvolver importantes e destacados serviços, com realce paras as de comandante da Guarda Municipal de Lisboa. No posto de Coronel e Brigadeiro, assumiria as funções de comandante da Guarda, do Regimento da Rainha de Lanceiros 2, e de chefe da casa militar do Rei, além de ter sido feito par do Reino, gentil-homem da câmara e ajudante de campo de D. Pedro. Viveu durante um período histórico conturbado da história portuguesa, nomeadamente a guerra civil em Portugal, as lutas liberais, da qual ele foi firme defensor e combatente dos ideias liberais, ao lado de outras figuras destacadas portuguesas, como por exemplo, D. Pedro e Bernardo Sá Nogueira, o Marquês de Sá da bandeira, fundador da Academia Militar. O Brigadeiro, D. Carlos de Mascarenhas, destacou-se essencialmente pelas suas qualidades enquanto comandante nos diversos postos e funções, assumindo-se e considerado como um homem «valente» e com uma personalidade destacada de firmes valores e princípios, na forma de ser e na convivência com os militares e elementos da sociedade e civil. Era valente e forte nas acções militares, delicado, educado e cortês no trato. Conhecido também pelo seu estilo dialogante e equidistante das problemáticas político-partidárias, que soube afastar-se dessas lutas, quando as mesmas iam contra os seus princípios. Ficou na história como um exímio cavaleiro e cavalheiro, e acima de dos mais elevados elogios. Cadetes do Curso Brigadeiro D. Carlos de Mascarenhas procurem inspiração no forte e valente militar, e nos valores, princípios e trato com que D. Carlos pautava o seu comportamento para com os demais homens, militares e civis.
- Capitão André Furtado de MendonçaPublication . Rei, João Carlos Martins“Durante todo o século XVI e princípio do século XVII, “Portugueses de ouro” conseguiram o milagre de manter o domínio português do Oceano Índico inviolado, fosse pelas forças navais persas, turcas, indianas e chinesas, fosse pelas forças navais das potências europeias, como por exemplo as da Holanda. Essencialmente, o sucesso português no Índico assentou no esforço, na estrutura moral e ética e na liderança de homens como André Furtado Mendonça.” - "André Furtado de Mendonça, um exemplo Português”, pág. 31, in Revista da Armada, nº 394, Fevereiro de 2006. Não é o milagre de manter o domínio português do Oceano Índico que se espera de vós, para cujo objectivo o vosso Patrono – CAPITÃO ANDRÉ FURTADO DE MENDONÇA – contribuiu de forma tão ilustre, mas apenas que o seu exemplo e as suas qualidades cívicas e militares, de que se destaca o seu profundo amor à Pátria sirvam de guia de conduta para as vossas vidas, não só como militares que estão a aprender a ser, mas também como homens.
- Conselheiro Aires de Ornelas e VasconcelosPublication . Lopes, Vitor Manuel Ferreira“É bom possuir uma organização pautada nas regras mais perfeitas da ciência militar; é excelente dispor de um material de guerra que apresente a última vitória da indústria; é maravilhoso ver derramada a instrução nas fileiras por forma que ninguém desconheça os preceitos contidos nos diversos regulamentos; mas tudo isto pouco significará se houver sido desatendida a parte moral, e se as grandes virtudes do soldado não forem cultivadas e exaltadas a todo o momento e a propósito de todos os factos correntes, por forma a tornar o Exército a escola da Honra, da Lealdade e da Dignidade, ao mesmo tempo que a escola da Obediência.” - General José Estevão de Morais Sarmento Se bem que fundamental, não basta a todo o militar, conhecer e saber pôr em prática os conhecimentos técnicos e tácticos da sua Arma ou especialidade. Das palavras do General Morais Sarmento fica bem patente a importância da componente moral que deve ter a formação e o ser militar. Como alicerce, os militares necessitam adquirir, além dos conhecimentos profissionais, as qualidades morais, das quais fazem parte as virtudes militares. É sobre este tipo de alicerces que a estrutura do Exército e da Guarda Nacional Republicana deverá ser construída e mantida, e da qual depende a sua verdadeira solidez e continuidade. Na avaliação do potencial humano e militar de uma Nação, há que fazer contas aos seus factores intelectuais e morais, sob pena de o avaliarmos erradamente. Napoleão, com a sua longa experiência de condutor de homens, disse: “a força moral entra por três quartos, enquanto que as forças reais entram apenas pelo quarto restante”. Igualmente, “podem as Universidades contribuir com a maior eficiência para o desenvolvimento dos factores intelectuais, mas se cultivarem apenas a razão, não realizam inteiramente a sua missão educativa”. “É esta multiplicidade de valências formativas que mantém actual, singular, sólida e credível a missão secular da Academia Militar: moldar o temperamento e forjar o carácter do futuro chefe militar, desenvolvê-lo culturalmente e adestrá-lo fisicamente para o combate”. “Assim, pela inoculação dessas virtudes e, dum modo geral, das qualidades morais, se temperará o carácter do cidadão (...), da mesma forma que, pelos exercícios físicos, se lhe fortificam os músculos e se lhe desembaraçam os movimentos”. Foram estes os intentos, que em 1953, moveram o então Comandante da Escola do Exército, General Correia Leal, a adoptar para cada curso de entrada um Patrono, figura simbólica e expressiva da nossa história, que servisse de guia e de rumo aos alunos desse curso. O Patrono do curso de entrada na Academia Militar no ano lectivo 2005/2006 – CONSELHEIRO AIRES DE ORNELAS E VASCONCELOS, foi exemplo dessas qualidades, sendo hoje evocado, pelo singular conjunto de virtudes cívicas e militares que possuía, e que, num dos mais difíceis períodos da nossa história, foram colocadas à prova, na paz e na guerra, distinguindo-se entre os melhores, servindo o seu país. Que o carácter e virtudes do Vosso Patrono vos sirvam de guia ao longo das vossas vidas.
- D. António Luís de Sousa : 2.º Marquês das MinasPublication . Leal, João Luís RodriguesD. António Luís de Sousa foi um dos mais eminentes protagonistas da história militar de Portugal, pois obteve feitos inigualáveis, não devendo a formação de sucessivas gerações de líderes ser alheia a tão insigne figura. 0 2º Marquês das Minas, como militar e como patriota, constituiu-se como arquétipo de referência e exemplo de generosidade, coragem, honra e engenho; qualidades que ainda hoje cunham os melhores vultos da nossa história. Que a personalidade de D. António Luís de Sousa deixe esculpido no vosso curso um vinculo indissipável que sirva de catalizador de coesão e camaradagem, e que a evocação do seu exemplo vos permita arrostar as adversidades que se vos depararão ao longo da carreira que acabaste de abraçar. Cadetes do curso de entrada na Academia Militar no ano lectivo 2004-2005, por tudo aquilo que foi escrito e dito, podeis e deveis dizer com inusitado orgulho: «O patrono do nosso curso é D. António Luís de Sousa, o 2º Marquês das Minas».
- D. Miguel Pereira Forjaz (1769-1827)Publication . Borges, João VieiraA Academia Militar é, em todas as Nações, reserva de Tradição, de História, de valores e duma Estética Militar cujo carisma emociona os cidadãos e marca profundamente os Cadetes. Portugal tem na sua AM o orgulho natural duma Nação secularmente sábia, na defesa da sua liberdade e independência e na formação intelectual das gerações portuguesas. O Exº General Alexandre Correia Leal, ilustre Comandante da Escola do Exército, propôs no ano de 1953, ao douto Conselho Escolar, que fosse adoptado para cada curso de entrada um patrono, figura simbólica e expressiva da nossa História, que servisse de guia e de rumo aos alunos desse curso. A ideia mereceu a mais calorosa aprovação tendo sido escolhido como Patrono do curso de entrada de 1953, "VIRIATO, Capitão da Lusitânia", e sido elaborado um folheto alusivo pelo então Ten Cor Alfredo Pereira da Conceição. Desde então e durante os últimos 40 anos, vários foram os Patronos dos diversos cursos, como D. Pedro I, D. Duarte, D. Cristóvão da Gama, António da Silveira e outros, todos eles "Primeiros entre os Primeiros" que serviram de modelo espiritual, pelas suas virtudes e qualidades aos diversos cursos de entrada. Cadete do curso de entrada na AM de 1993-1994! Esperamos que a descrição que a seguir vais ler, entre profundamente no teu espírito, faça vibrar a tua emoção, fortalecer os teus sentimentos e florescer a tua vocação militar, como exemplo dado sem tréguas por D. MIGUEL PEREIRA FORJAZ. E, se assim for, o século XXI, poderá ver-te nos mais altos cargos da nação, capaz de repetir os mesmos lances de heroísmo, decisão e capacidade organizativa, demonstrados pelo teu Patrono e que contribuíram para fazer a grandeza deste país. De D. MIGUEL PEREIRA FORJAZ, pouco se sabia e pouco continuaremos a saber, apesar da grandeza da sua obra como militar e homem de estado. Este trabalho, inicialmente de compilação mas transformado pela inexistência de qualquer estudo anterior, em trabalho de investigação, encheu-nos de honra e satisfação (pela descoberta de novas verdades!) e contou com o apoio de várias entidades/personalidades (vidé agradecimentos), que, em parte, compensaram as limitações de tempo e de "conhecimento" do autor. Esperamos que se torne na "Semente" que algum de vós ou qualquer outro historiador, fará germinar, no sentido de dar continuidade ao estudo de tão ilustre figura da nossa História, a bem da verdade histórica, a bem de PORTUGAL!
- Da Segunda Guerra Mundial à Guerra ColonialPublication . Borges, João VieiraA honra do desafio que nos foi lançado pela direcção do IDN, tem "atrelada" uma responsabilidade acrescida pelo simples facto de desempenharmos, simultaneamente, as funções de membro da comissão de organização do seminário e as funções de professor regente da disciplina de "Historia do Pensamento Estratégico" no âmbito do Mestrado em História Militar, na Academia Militar. No entanto, a tarefa foi de algum modo facilitada pelas pistas implícitas nos trabalhos de Hervé Coutau-Bégarie e, em particular, na sua obra Tratado de Estratégia, mas sobretudo pelos estudos recentes de António Horta Fernandes e de António Paulo Duarte. Depois de constatarmos que durante o período em análise, ou seja entre 1945-1961, a Estratégia constituiu um domínio quase exclusivo dos pensadores e das escolas militares, orientámos o nosso esforço de pesquisa no sentido de descortinarmos, no esteio das escolas militares, os artigos e as obras sobre Estratégia publicadas em Portugal. Assim, os caminhos da pesquisa apontaram mais facilmente para o recente Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM), para a Escola Naval e para a Academia Militar, onde encontrámos algumas obras de professores de referência e alguns artigos na Revista Militar e nos Anais do Clube Militar Naval, citando alguns exemplos. Este período, que abarca os pensadores da "Estratégia das Origens" e da "Estratégia ao serviço da Guerra", não tem ainda, em termos mundiais, a sistematização que lhe viria a dar o General Beaufre em 1963 com a sua Introdução à Estratégia. Como metodologia, começaremos pela visão global (dos factos nuclear e subversivo) no sentido de melhor entendermos a Visão nacional (da consolidação do Estado Novo e da recuperação de um Portugal fundador da NATO, mas marcado pelo "pecado colonial", do atraso da admissão ONU, das profundas reformas nas Forças Armadas Portuguesas, etc.). Só depois tentaremos caracterizar as obras e os pensadores deste período, numa perspectiva de evolução do conceito e da sua aplicabilidade no âmbito das opções estratégicas nacionais. Não esqueceremos ainda a influência da evolução do fenómeno da guerra e de outras escolas de Estratégia. Terminaremos ainda com umas considerações finais, em jeito de conclusão, na esperança que se tornem num Incentivo para um debate mais alargado e também para uma pesquisa mais cuidada.
- A Demografia e a EstratégiaPublication . Borges, João VieiraA "Ordem de Yalta", caracterizada peia Guerra Fria entre as duas superpotências. EUA e URSS, pela "guerra Improvável e paz impossível' de Raymond Aron, foi o período de excelência da Estratégia da Dissuasão, em que esta buscava essencialmente as melhores formas da não-guerra e a gestão das situações de crise. Era, apesar de tudo, uma Ordem estável, pois conheciam-se as ameaças, avaliavam-se os riscos, mediam-se as forcas e previam-se as reacções. A população, como factor de poder, perdeu então a sua importância ancestral, devido ao "equilíbrio de terror" proporcionado pela bomba nuclear. A queda do Muro de Berlim, ocorrida em 9Nov1989, marcou simbolicamente o fim dessa Ordem, e passámos, desde então, a viver num período acelerado de transição, para aquilo que poderá vir a ser uma Nova Ordem Internacional, mas que, entretanto, não é mais do que uma "Desordem Mundial" ou, como lhe chama Gérard Chaliand, uma "Seiva das Nações". Em termos da natureza e concepção política dos Estados, passámos a viver num "sistema homogéneo", em que a maioria das unidades políticas "cultiva" a democracia tipo ocidental e a economia de mercado, num sistema político internacional "unipolar de hegemonia não arrogante, protagonizado pelos EUA, a caminho de um sistema multipolar, mas com um peso substancialmente maior dos restantes actores internacionais, com destaque para as Organizações Internacionais, para as Pessoas Colectivas não Estaduais e para as Pessoas Singulares. Nesta transição, caracterizável como da idade das redes, onde tudo se cruza, destacamos alguns elementos geradores de tensão: a grande velocidade e complexidade das mudanças; as tensões sociais e conflitos regionais de média e baixa intensidade (motivados por razões de ordem territorial, étnica, política e religiosa) especialmente nas instáveis zonas do Sul; o crescimento em número e importância das operações de apoio à paz; o crescimento das ameaças globais. como o terrorismo internacional e a proliferação de armas de destruição maciça, ou outras não essencialmente militares como a droga, e a degradação do ambiente; a expansão dos meios de comunicação de massas, com a ruptura do monopólio estatal da informação e a penetração das fronteiras nacionais e pessoais; a globalização das relações, dos acontecimentos e dos problemas; o aparecimento de tendências supranacionais que podem conduzir à formação de novas unidades políticas mais vastas (grandes espaços); a crise das ideologias e o renascer dos fundamentalismos; e a explosão demográfica, com a consequente urbanização e o acentuar das diferenças entre os mais ricos e os mais pobres. Na prática, os novos fluxos transnacionais — económicos, culturais, humanos e tecnológicos — que escapam, em maior ou menor grau, ao controlo dos Estados, contribuem para volatilidade, incerteza e insegurança do actual Sistema Político Internacional, e para a necessidade de repensar novas noções, como as de Fronteira, Nação e Soberania, e novos valores, como o de Família, Segurança e Ética, e para aquilo que Poirier designa de "crise dos fundamentos" da Estratégia e mesmo da Política. Com este enquadramento do Sistema Político Internacional, torna-se difícil prospectivar o século XXI, o qual será fundamentalmente analisado até ao ano 2025, enquadramento importante numa prospectiva da relação entre a Demografia e a Estratégia. Entre os vários cenários do futuro Sistema Internacional optámos pelo equilíbrio das potências, defendido como mais provável por Henry Kissinger: "O sistema internacional do século XXI será caracterizado por uma aparente contradição: por um lado, fragmentação; por outro, globalização crescente. Ao nível das relações entre Estados, a nova ordem aproximar-se-á mais do sistema europeu de Estados dos séculos XVIII e XIX do que do modelo rígido da Guerra Fria. Incluirá, pelo menos, seis potências: os EUA, a Europa, a China, o Japão, a Rússia e, provavelmente, a Índia, bem como uma multiplicidade de países de tamanho médio e mais pequenos... . O crescimento populacional que se tem desenvolvido nos últimos anos, de 1,6 para 6 biliões de habitantes só neste século, e o que se prevê para os próximos anos, cerca de 9.4 biliões em 2050, a um ritmo diferente nas grandes regiões do globo, criará uma heterogeneidade demográfica tal, que poderá alterar, durante o século XXI, as relações de poder ao nível das relações internacionais e as posições relativas dos países. A preocupação com este crescimento da população mundial, que tem como referência histórica o "Ensaio sobre o Princípio da População", de Thomas Robert Malthus, voltou a renascer neste século, como atestam as diferentes conferências mundiais sobre população, realizadas sobre os auspícios da ONU, em Bucareste (1974), no México (1984), no Rio de Janeiro (1992) e no Cairo (1994). O objectivo final destas conferências centrou-se invariavelmente na "busca do equilíbrio entre a população e os recursos e entre a protecção do ambiente e o desenvolvimento económico". Questões como o envelhecimento médio da população dos países desenvolvidos, o aumento "explosivo" da população em países subdesenvolvidos, a degradação do ambiente e a alteração do equilíbrio da dependência, a crescente concentração da população mundial em áreas urbanas e a nova geopolítica demográfica, que divide a "Cidade Global" em duas partes distintas, serão origem provável de novos factores de conflito no século XXI. Segundo Hervé Le Brás, "O demónio Demográfico substituiu o Demónio Atómico" após a queda do muro de Berlim. Não tendo uma postura tão drástica ou redutora, abordaremos, de seguida, as consequências para a Estratégia da evolução demográfica prevista pelas NU para o século XXI, nas seguintes perspectivas: — A Demografia como "Instrumento" da Estratégia; — A Demografia como "Objecto" da Estratégia; — A Demografia como "Explosor" da Estratégia; — Da importância do estudo da "Estratégia Demográfica".