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Bernardim Freire de Andrade foi um homem à frente da sua época. Um cidadão, um
português e um oficial do Exército que assumiu, cumpriu e, num dos momentos mais
difíceis da História de Portugal, ficou entre e com o seu povo.
Morreu em 1809 de forma bárbara, linchado pela população que jurara defender.
Fim inglório para um oficial que tanto deu e fez por Portugal. Como foi possível chegar
a este ponto? O que levou umas poucas dezenas de populares a executar tal ato vil e
desprezível?
Bernardim Freire de Andrade estava entre os primeiros oficiais do Exército que
alcançaram as mais importantes responsabilidades na defesa da Nação, não apenas
porque o seu estatuto aristocrático lho permitia, mas também porque o mérito lhe foi
reconhecido. Resultado de uma das importantes reformas levadas a cabo por Marquês
de Pombal, Bernardim Freire de Andrade fez parte de uma nova geração de oficiais do
Exército que percorreu um percurso mais esclarecido, avaliado e meritório.
Não era assim no tempo em que o Marquês de Pombal tinha tentado, ser ele
também, um oficial do Exército. Quando Sebastião de Carvalho e Melo, ainda longe de
se tornar Marquês de Pombal, ingressou no Exército, descobriu que os postos mais
elevados estavam reservados apenas à mais alta aristocracia, que mesmo quando
analfabeta e inculta, poderia ocupar as patentes mais elevadas enquanto que ele,
refém do seu “estatuto menor”, mesmo que provasse cultura e mérito, nunca passaria
dos postos intermédios.
Por isso, foi criada inicialmente uma escola para os filhos da aristocracia, o Colégio
dos Nobres e depois, já no reinado de D. Maria I, nasceu em 1790 uma grande escola
de formação para os futuros oficiais do Exército, uma das antecessoras da atual
Academia Militar, a Academia Real de Fortificação Artilharia e Desenho (a primeira
escola de oficiais do exército foi a Aula de Artilharia e Esquadria criada em 1641 por D.
João IV). Em consequência também se alterou o estatuto dos oficiais do Exército e o
mérito, paulatinamente, foi-se sobrepondo a critérios subjetivos de aristocracia. Não foi
um processo imediato, levou tempo, e entre os primeiros a frequentar o Colégio dos
Nobres esteve Bernardim Freire de Andrade e o seu primo (mais tarde cunhado, que
fará um percurso sempre próximo e de grande amizade recíproca para com ele),
Miguel Pereira de Forjaz, dois homens que foram essenciais para a defesa e
consolidação de Portugal no princípio do século XIX. Bernardim Freire pertencia a uma família privilegiada mas não se apoiou
simplesmente na sua condição de nascimento, progrediu por mérito, por demonstração
de valor em combate, pela disponibilidade para partir e defender o País. Não se
acomodou e, em alguns dos momentos mais difíceis da História de Portugal, assumiu
responsabilidades e morreu por elas. Não merecia o fim que teve, e deve ser recordado
como um entre os melhores que o Exército teve a honra de incluir nos seus quadros.
Foi e é um exemplo de cidadão, de militar e, acima de tudo, de Português.
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História militar Formação militar Patronos