EUVG - Dissertações do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
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- Avaliação das proteína plasmáticas totais pré e pós-encolostramento, em vitelos nascidos em diferentes contextos de vacinação materna e encolostramentoPublication . Cerqueira, Rita Maria Rabiço; Francisco, Anabela Maduro de AlmeidaA diarreia é a causa de morte mais comum em vitelos durante o primeiro mês de idade. Esta tem um elevado impacto tanto no bem-estar animal como a nível económico, uma vez que incrementa os custos de tratamento, as perdas de potencial genético, provoca atrasos no crescimento e consequente aumento da idade ao primeiro parto. Os agentes etiológicos responsáveis por esta patologia são principalmente Escherichia coli, rotavírus, coronavírus e Cryptosporidium parvum. O vitelo depende totalmente da ingestão de colostro para a transferência de imunoglobulinas da mãe, sendo por isso essencial promover um encolostramento de qualidade. A vacinação materna com Rotavec® corona, uma vacina inativada para o controlo de diarreias neonatais, é uma das medidas utilizadas para melhorar a qualidade do colostro, uma vez que, quando administrada em dose única induz níveis significativos de imunidade lactogénica nas vacas, podendo esta ser posteriormente transmitida aos vitelos pelo colostro. Este estudo pretendeu avaliar as potenciais diferenças na imunidade neonatal, pré e pós-colostral, dos vitelos nascidos em três explorações, no mesmo período temporal, através da quantificação das proteínas plasmáticas totais (PPT). As três explorações diferiram entre si na utilização da vacina materna e controlo e seleção do colostro utilizado em primeira toma. Numa das explorações, para além das proteínas plasmáticas totais, efetuaram-se medições de qualidade do colostro, através de um refratómetro de Brix manual. Os níveis de PPT foram avaliados em dois momentos (antes da toma do colostro e no terceiro dia de vida), usando um refratómetro ótico manual. Foi avaliada a falha de transferência de imunidade passiva (FTIP) e a influência dos seguintes fatores: processo de encolostramento; data de nascimento do vitelo; morbilidade, mortalidade e tratamentos dos vitelos no período do estudo; maneio da vaca seca; tipo de parto e paridade. Apesar de não ter sido possível provar a influência do fator Exploração na FTIP, o nível de proteínas plasmáticas totais nos vitelos foi influenciado pelo fator Exploração, em ambos os momentos de colheita. O género dos vitelos e a paridade das vacas mães não se revelaram fatores significativos na variação das PPT. A qualidade do colostro não foi influenciada pela paridade das vacas. Neste estudo foi possível observar que a incidência da FTIP foi muito inferior na Exploração 1 (10%), cujas vacas foram vacinada com a vacina Rotavec Corona ®, MSD, com medição da qualidade do colostro, frente à Exploração 3 (65,5%), cujas vacas não foram submetidas a esta vacina, nem se procedeu à avaliação do colostro. Este trabalho evidencia a importância de um bom protocolo vacinal e controlo da qualidade do colostro para uma boa transferência de imunidade passiva
- Caracterização do perfil de suscetibilidade bacteriana a antimicrobianos em saladas prontas a consumirPublication . dos Santos, Inês Marques; Francisco, Anabela Maduro de AlmeidaAs saladas prontas a consumir são uma alternativa rápida e saudável, cuja adesão e disponibilidade tem aumentado nos últimos anos. Os vegetais consumidos na forma não cozinhada trazem benefícios à saúde, no entanto, e apesar de serem considerados como alimentos seguros, poderão constituir risco para a saúde do consumidor por contaminação microbiológica. Adicionalmente, a emergência de bactérias portadoras de genes de resistência a antimicrobianos é neste momento considerada uma preocupação global. As bactérias multirresistentes (MDR) constituem um risco de saúde pública, contribuindo para a ineficácia do tratamento de infeções nos humanos e nos animais, sendo a resistência antimicrobiana uma das dez ameaças à saúde segundo a Organização Mundial de Saúde. O objetivo deste estudo consistiu na caracterização do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de amostra de saladas prontas a consumir de forma a contribuir para um maior conhecimento sobre o risco que estes produtos apresentam no âmbito da segurança alimentar. Para tal, foram adquiridas sete amostras de três marcas diferentes, de grandes superfícies da região Centro de Portugal. Após isolamento de bacilos de gram-negativo fermentadores e não fermentadores da lactose, e de cocos de gram-positivo, foi estudado o seu perfil de suscetibilidade utilizando o método de difusão por disco. Procedeu-se à identificação de isolados representativos de perfis de suscetibilidade a antimicrobianos através de API ou métodos fenotípicos. Obtiveram-se 77 isolados, dos quais 29 bacilos de gram-negativo fermentadores, 26 bacilos de gram-negativo não fermentadores e 22 cocos de gram-positivo (dois Streptococcus spp. e 20 Enterococcus spp.). Verificou-se que 82% dos bacilos de gram-negativo fermentadores e não fermentadores apresentaram resistência a uma ou mais classes de antimicrobianos, com maiorincidência na classe dos beta-lactâmicos. Nos isolados de bacilos fermentadores, os grupos de antimicrobianos que se destacaram foram os seguintes: penicilinas (23%), cefalosporinas (9%),fluoroquinolonas (7%), cloranfenicol (7%), aminoglicosídeos (3%) e carbapenemos (1%); nos bacilosnão fermentadores: penicilinas (100%), cefalosporinas (100%), fluoroquinolonas (100%),carbapenemos (60%) e aminoglicosídeos (8%). Nos cocos de gram-positivo, 100% dos isoladosapresentaram resistência a pelo menos uma classe de antimicrobianos, sendo que todos os isoladosapresentaram resistência ao imipenem e 18% ao sulfametoxazol/trimetoprim. No total dos isolados obtidos, 39% eram portadores de perfil de MDR, sendo que nestes foram identificadas as seguintes espécies: Citrobacter braakii, Proteus vulgaris, Pseudomonas luteola, Pseudomonas aeruginosa e Aeromonas hydrophila/cavie/sobria. Este estudo permite concluir que as saladas prontas a consumir poderão constituir um veículo de transmissão e disseminação de bactérias portadoras de resistência aos antimicrobianos, contribuindo para uma colonização da microbiota intestinal por bactérias MDR, o que configura sério risco em termos de segurança alimentar e, consequentemente, de saúde pública.
- Diarreia viral bovinaPublication . Roque, Rodrigo Martins de Almeida; Carolino, Professor Doutor NunoA Diarreia Viral Bovina (DVB) é uma doença infeciosa com elevada expressão em Portugal, cuja variabilidade antigénica do agente causal permite causar Infeção Subclínica, Infeção Transitória e Infeção Persistente. A infeção causa grandes perdas económicas em explorações de bovinos devido à redução da fertilidade, da produção de leite e dos ganhos médios diários, e ao surgimento de diarreia, sintomas respiratórios, reabsorção e mumificação fetal e aborto. Quando as fêmeas gestantes são infetadas pode ocorrer o nascimento de animais Persistentemente Infetados (PI). Esses animais PI excretam grandes quantidades de partículas virais durante toda a sua vida, constituindo a principal fonte de disseminação e manutenção do vírus na exploração. O vírus da BDV transmite-se principalmente por contacto direto entre animais e é enzoótico em Portugal. O controlo da disseminação do agente centra-se na identificação de animais PI´s e na sua eliminação da exploração, seguindo-se a vacinação e uma constante vigilância serológica. Apesar da existência de medidas efetivas para o controlo do Vírus da Diarreia Viral Bovina (VDVB) e de a sua implementação resultar em benefício económico, só um pequeno número de países implementaram um plano de controlo e erradicação a nível nacional. O objetivo geral desta revisão bibliográfica sobre o VDVB visa caracterizar as metodologias de identificação e diagnóstico da infeção e sistematizar informação sobre a sua importância na bovinicultura a nível mundial, e caracterizar a melhor abordagem para o seu controlo e erradicação. Para este efeito, realizou-se uma pesquisa bibliográfica da informação científica internacional com revisão por pares publicada nos últimos 10 anos (exceto para produção científica relativa a Portugal, que foi sempre considerada).
- Dorsal Acetabular Rim Arthroplasty for the management of canine hip dysplasia: a case reportPublication . Leleu, Florence; Figueira, Ana Catarina Pais dos SantosA displasia da anca é uma das doenças ortopédicas mais comuns nos cães domésticos. É uma doença de desenvolvimento, poligénica e multifatorial que se caracteriza pelo aparecimento durante o período de crescimento de lassidão articular, subluxação, e artrose da anca. Os cães afetados podem manifestar claudicação e dor crónica causadas pela degeneração e progressão da osteoartrite na articulação da anca. Os cães nascem com as ancas normais, mas nos animais com displasia, as alterações da anca causam desconforto e sinais clínicos com maior frequência entre os 4 e os 8 meses de idade. A dor associada à lassidão articular pode diminuir devido à fibrose periarticular e ao espessamento da cápsula articular que estabiliza a articulação. Na idade adulta os sinais clínicos podem agravar devido à evolução da osteoartrite. Embora a lassidão articular predisponha ao desenvolvimento de osteoartrite, a relação entre o grau de lassidão e de osteoartrite varia entre raças. A apresentação clínica dos cães com displasia da anca é muito variável, alguns cães são assintomáticos, noutros casos pode haver uma claudicação ligeira, ou graus mais intensos de dor e claudicação. Nos casos mais graves pode haver uma diminuição marcada da qualidade de vida. O objetivo no maneio da displasia da anca é prevenir o desenvolvimento de osteoartrite, eliminar a dor e devolver uma função normal o membro pélvico, recorrendo a um diagnóstico precoce e instituindo um tratamento médico ou cirúrgico. Existem várias opções cirúrgicas para tratar cães com displasia da anca, mas a sua indicação depende da idade do paciente, da severidade da doença, das alterações radiográficas, do comportamento animal, da presença de outras doenças e dos recursos financeiros disponíveis. Este estudo de caso pretende relatar o procedimento cirúrgico de artroplastia do rebordo acetabular dorsal para o tratamento de um cão jovem de 5 meses de idade, com risco elevado de desenvolver displasia da anca, na fase inicial do desenvolvimento da osteoartrite. Na literatura científica, a artroplastia do bordo acetabular dorsal é descrita como uma cirurgia paliativa que se pode usar nos cães que não são candidatos a osteotomia pélvica, no entanto, o seu uso clínico é raro, havendo poucos casos relatados. A falta de estudos que avaliem os seus resultados clínicos são um dos principais entraves à divulgação e utilização mais frequente desta técnica. Neste sentido, este estudo procura incentivar o interesse da comunidade científica neste procedimento. A dissertação fornecerá uma descrição do procedimento cirúrgico, dos resultados deste tratamento obtidos por avaliações clínicas, imagens radiográficas, tomográficas e artroscópicas. Por fim, serão descritas as vantagens e desvantagens da artroplastia do rebordo acetabular dorsal nos cães com risco elevado de sofrer osteoartrite secundária à displasia da anca.
- Hipertiroidismo felinoPublication . Rodrigues, Telma Filipa Pereira; Figueira, Ana Catarina Pais dos SantosO hipertiroidismo felino passou de uma doença pouco diagnosticada em 1979 para a endocrinopatia mais comum em gatos de meia idade a idosos, com uma média de 12-13 anos. A prevalência tem vindo a aumentar consideravelmente a nível mundial, afetando já 2,4-11,4% da população. Esta endocrinopatia resulta da produção excessiva de hormonas tiroideias (T3 ou triiodotironina e T4 ou tiroxina) consequente ao desenvolvimento de tumores benignos, normalmente múltiplos e bilaterais, em cerca de 97-99% dos casos, apresentando um bom prognóstico, se for devidamente tratado. Porém, numa minoria dos animais, pode desenvolver-se carcinoma tiroideu, de malignidade ligeira a moderada, com grande capacidade metastática e de prognóstico desconhecido. A causa de hipertiroidismo felino é desconhecida, pelo que não é possível tomar medidas preventivas. Suspeita-se que a causa primária resida na própria glândula e, simultaneamente tenha uma base multifatorial para o seu desenvolvimento, com influências nutricionais, ambientais e/ ou genéticas, mas, até ao momento, apenas foram identificados possíveis fatores de risco por associação epidemiológica. A manifestação clínica do hipertiroidismo decorre da exacerbação das funções normais das hormonas tiroideias e as principais complicações decorrentes da tirotoxicose correspondem a doença renal crónica, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. A apresentação clássica do gato hipertiroideu corresponde a um animal hiperexcitável, agitado, nervoso, que vocaliza mais frequentemente, de pelagem desgrenhada, com perda de peso associada a polifagia, com poliúria e polidipsia e com taquicardia. O diagnóstico de hipertiroidismo felino começa com a anamnese e exame físico. Na presença de sinais clínicos suspeitos, o diagnóstico é confirmado por uma base mínima de dados (composta por hemograma, bioquímicas séricas e urianálise) e pela elevação persistente das hormonas tiroideias. A medição da T4 total é bastante específica e permite identificar tirotoxémia em mais de 90% dos gatos. Os restantes 10% dos gatos hipertiroideus necessitam de uma investigação mais exaustiva, nomeadamente com repetição da medição da T4 total, medição da T4 livre, teste de supressão com T3 exógena e/ ou cintigrafia. Todos os gatos afetados, independentemente da presença de patologias concomitantes, devem ser tratados para hipertiroidismo felino e monitorizados. A maioria dos gatos pode ser controlada através de tratamento médico, tiroidectomia, radioiodoterapia e dieta com restrição de iodo. Na possibilidade de optar por um tratamento curativo/ definitivo, este deve ser feito, uma vez que, com a progressão da doença, além de aumentar a probabilidade de desenvolvimento de carcinoma tiroideu, o volume tiroideu vai aumentando, juntamente com a severidade da tirotoxicose, até o gato se tornar resistente ou intolerante ao tratamento crónico.
- Hipoadrenocorticismo atípico caninoPublication . Alves, Maria José Socorro; Figueira, Ana Catarina Pais dos SantosO Hipoadrenocorticismo (HpoAC), ou Doença de Addison (DA) é uma das principais doenças endócrina de cães. Resulta da incapacidade das glândulas adrenais em produzir quantidades adequadas de hormonas (mineralocorticoides e/ou glucocorticoides) vitais para a sobrevivência. O Hipoadrenocorticismo primário canino é a forma mais comum e decorre da falha ou incapacidade da glândula adrenal em secretar hormonas esteroides. Em cerca de 95% dos casos, os animais apresentam simultaneamente défice de glucocorticoides, principalmente cortisol, e de mineralocorticoides, nomeadamente aldosterona. É considerado o “grande imitador da medicina interna”, devido à vasta variedade de sinais clínicos não específicos que os animais podem apresentar e que podem estar associados a outras doenças, tornando o seu diagnóstico um verdadeiro desafio. As principias alterações eletrolícas são azotémia, acidose metabólica, hipocloremia, hipercalemia e hiponatremia. No entanto, em casos mais raros, cerca de 5% a 10% dos cães com Hipoadrenocorticismo primário não apresentam alterações eletrolíticas, mesmo com a diminuição ou ausência de síntese de mineralocorticoides. O diagnóstico presuntivo de hipoadrenocorticismo é realizado com base na história clínica, nos sinais clínicos e na identificação de anomalias eletrolíticas. Outros meios de diagnóstico complementares, tais como, a medição da pressão arterial, eletrocardiograma, ultrassonografia e radiografias são utilizados, no entanto, esta patologia apenas é confirmada pela realização de um teste endócrino específico, o teste de estimulação com ACTH. O tipo de tratamento realizado depende do estado clínico do animal e da natureza da insuficiência, ou seja, glucocorticoide, mineralocorticoide ou ambos. Muitos animais com insuficiência adrenal primária são apresentados em diferentes fases de uma crise Addisoniana aguda, exigindo terapia imediata agressiva. Ainda assim, mesmo que o animal apresente um estado menos crítico necessita igualmente de terapia de suporte.
- Imunologia da Leishmaniose caninaPublication . Ratola, Regina Araújo; Vilhena, Hugo Corte-RealA Leishmaniose Canina é uma doença parasitária com grande importância devido à sua distribuição mundial e carácter zoonótico. Esta doença é causada por um parasita do género Leishmania e transmitida por flebótomos infetados. A forma como esta doença se manifesta no animal depende de vários fatores, no entanto está intimamente relaciona com os mecanismos de defesa do seu sistema imunológico. O sistema imunológico divide-se em mecanismos inatos e adquiridos, em que participam diferentes tipos de células. Na imunidade inata, apesar de todas as células envolvidas exercerem funções importantes, os macrófagos desempenham um papel fulcral, tendo em conta que é nestas células que ocorre a transformação de formas promastigotas da Leishmania spp. em amastigotas. Já a imunidade adquirida divide-se em imunidade mediada por células e imunidade humoral, mas são as células CD4+ que determinam a resistência ou suscetibilidade do animal à infeção. Esta doença tem uma prevalência elevada na população canina em várias zonas de todo o mundo, sendo fundamental a implementação de medidas de prevenção. A forma como o sistema imunológico tenta combater o agente invasor é importante para evitar a progressão da doença, a deposição de imunocomplexos e as manifestações clínicas em diferentes órgãos. Apesar dos mecanismos do sistema imunológico ainda não serem totalmente conhecidos, esta dissertação bibliográfica pretende reunir informações referentes a este tema.
- Marine animals as sentinels to evaluate spread of carbapenemases producersPublication . Kameneff, Marine Denise; da Silveira, Maria Eduarda MorenoEstirpes portadoras de carbapenemases (CP) constituem uma grande preocupação a nível mundial, em virtude de inativarem os carbapenemos, e conferirem resistência não só a estes, que são o último recurso para infeções nosocomiais, mas também a outros -lactâmicos. As carbapenemases podem disseminar-se entre diferentes Géneros e Famílias e têm sido reportadas não só em estirpes responsáveis por infecções nosocomiais, mas também em outros ambientes. Contudo, em animais marinhos (MA) os dados são escassos. Este estudo teve por objectivo monitorizar a prevalência de estirpes CP ou resistência a outros antimicrobianos incluindo metais pesados em MA provenientes da Costa portuguesa. Obtiveram-se 28 amostras de MA, numa lota de peixe da Região Centro de Portugal. A partir do conteúdo visceral, com auxílio da técnica de pré-enriquecimento, procedeu-se à seleção de bacilos de gram-negativo (GNB) Não-Fermentadores (NFB) e CP com recurso ao meio de cultura ChromID Carba Smart Agar® e prova da oxidase. A identificação dos isolados foi realizada através da amplificação do gene 16S rRNA por PCR (Polimerase Chain Reaction) e sequenciação. O estudo do perfil de suscetibilidade incluiu nove antimicrobianos e realizou-se de acordo com as normas de referência europeias; a pesquisa de carbapenemases e genes de tolerâncias a metais foi realizada por PCR. Procedeu-se à análise estatística aplicando o teste exato de Fisher e recorrendo ao software GRAPHPAD Prisma® (versão 8.4.2). Foram selecionados 63 NFB: Pseudomonas spp., Aeromonas spp. e outros NFB (n=47/9/7, respetivamente). Quanto ao perfil de resistência observou-se que: 100% eram resistentes à ticarcilina, piperacilina, piperacilina-tazobactam, ceftazidima, ciprofloxacina e imipenemo (n=63/63); 27% ao meropenemo (n=17/63); 13% à tobramicina (n=8/63: Aeromonas spp., Pseudomonas spp e NFB; n=3/2/3, respetivamente); todos apresentaram suscetibilidade à amicacina. Nenhum dos seis isolados suspeitos de serem PC (Pseudomonas spp., Aeromonas spp. e NFB: n=3/2/1, respetivamente) eram portadores de genes codificadores das carbapenemases blaKPC, blaGES, blaIMP, blaNDM ou blaVIM. Os genes merA (n=10/63) e silA (n=3/63), representaram uma prevalência de 15,87% e 4,76%, respetivamente. Verificou-se que todos os isolados apresentaram perfil de MDR. Os MA são portadores de bactérias MDR, mas não de estirpes CP. Os resultados realçam a necessidade de monitorizar a AMR em ambiente marinho, particularmente no que respeita à estreita ligação com a cadeia alimentar.
- Ocorrência de micotoxinas em explorações bovinas de leite nos açoes e a sua possível associação a fatores produtivosPublication . Garcia, Inês Fernandes,; Duarte, Sofia Alexandra Giestas Cancela,Os Açores são caracterizados por ter um setor leiteiro, em modelo semi-intensivo, com vacas leiteiras em pastoreio todo o ano. A pastagem espontânea é complementada com uma mistura alimentar completa (TMR, do Inglês total mixed ration) com alimentos grosseiros e concentrados, minerais e vitaminas em quantidades definidas que são misturados para formar um alimento balanceado. Devido às poucas estruturas para armazenamento e às grandes oscilações climáticas que caracterizam os Açores, esta mistura alimentar completa é suscetível à proliferação de uma variedade de fungos e micotoxinas provenientes de diferentes matérias-primas. Assim, a ingestão crónica destes xenobióticos poderá conduzir ao aumento da suscetibilidade a doenças, perdas de desempenho reprodutivo e, no caso dos bovinos de leite, diminuição da produtividade e da qualidade do leite produzido. Sendo impossível a eliminação total das micotoxinas, torna-se essencial garantir a implementação de estratégias que reduzam a sua concentração em produtos que se destinam à alimentação humana e animal, bem como, monitorizar e controlar os teores presentes nos alimentos. Este trabalho pretendeu avaliar a ocorrência de micotoxinas no alimento (TMR) em quatro explorações de bovinos leiteiros na ilha açoriana de São Miguel e relacionar com a ocorrência destas micotoxinas no leite produzido, associando diversos indicadores produtivos e sanitários. Para tal, recorreu-se aos dados mensais do contraste leiteiro, à determinação de ocorrência de micotoxinas no alimento ingerido e à análise de Zearalenona (ZEA), em amostras de leite (individuais), provenientes das quatro explorações incluídas no estudo. Considerando as amostras de alimento analisadas, verificou-se a coexistência de micotoxinas em todas as explorações. Em duas explorações determinou-se ZEA, Fumonisinas (FUM) e Nivalenol (NIV). Foram encontradas micotoxinas do tipo Eniatina em três das explorações em estudo. Oitenta e três (98,8 %) das amostras de leite analisadas apresentaram teores detetáveis de ZEA (1,56±1,36 μg/L), superiores ao reportado em estudos similares anteriores. Apesar da concentração de ZEA não estar significativamente associada a qualquer indicador de produção analisado (dias em leite, idade ao parto, produção leiteira, teor proteico, teor butiroso, concentração de células somáticas e ureia), verificou-se que o regime de produção e tipo de maneio do alimento constituem fatores de grande importância na exposição dos animais a teores elevados de micotoxinas. Na avaliação de risco, verificou-se que o quociente de perigo (HQ) foi aceitável (<1) em todos os cenários considerados, com exceção do consumo, por parte de uma criança de 4 anos, do leite com o teor mais elevado de ZEA (4,46 μg/L). É recomendada a realização de estudos adicionais, para garantir a monitorização contínua e diminuição do risco associado à exposição dos animais e humanos às micotoxinas, em particular à ZEA.
- Parasitismo gastrointestinal e pulmonar de lobo-ibérico no Parque Natural PenedaGerês, PortugalPublication . Dauthuille, Julia Perrine; de Sousa, Sérgio Eduardo RamalhoO lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é a subespécie de lobo, que habita o norte da Península Ibérica, que abrange Portugal e Espanha. O lobo é uma espécie protegida em ambos os países e é um dos seus maiores carnívoros. Este estudo tem como objetivo, compreender a diversidade e prevalência de parasitas gastrointestinais presentes nas alcateias do Parque Nacional Peneda-Gerês e no distrito de Viana do Castelo, Braga e Vila Real. Com este propósito, foram recolhidas um total de 77 amostras fecais no meio ambiente, nos meses compreendido entre novembro de 2021 a março de 2022, em que 49 foram confirmadas como sendo de lobo. Para a pesquisa de nematodes, cestodes, coccídias e trematodes, foram realizadas técnicas qualitativas de flutuação fecal, sedimentação natural e Ritchie, a técnica de coloração Ziehl-Neelsen para a pesquisa de Cryptosporidium e a técnica quantitativa de McMaster para contagem de ovos. Adicionalmente procedeu-se à realização de técnica do Copo cónico para pesquisa de nematodes pulmonares, e da técnica de corprocultura para identificação da espécie. Foram detetadas formas parasitárias em 53,1% (26/49) das amostras fecais analisadas, compatíveis com vários agentes parasitários: 26,5% Capillaria (13/49), 26,5% Taeniidae (13/49), 12,2% Coccidia (6/49), 6,1% Oxyuris equi (3/49), 4,1% Toxocara canis (2/49) e 2% Trichuris (1/49). Nas alcateias presentes nas regiões mais montanhosas, foram observadas infeções mistas em 16,3% (8/49), com pelo menos a presença de três agentes parasitários. A prevalência de Coccídia aumentou 29% em novembro e dezembro. A eliminação de ovos de Capillaria aumentou ao longo do tempo (135,5 ovos por grama de fezes, OPG, em novembro e dezembro, e 5731 OPG de janeiro a março), e durantes os meses de janeiro a março, a prevalência diminui mais do dobro. Nos meses de janeiro a março, a prevalência de Toxocara canis diminuiu 10%. É de salientar que Trichuris foi o único agente com uma prevalência (2%) e excreção (50 OPG) constantes.