IANA - Comunicações em Eventos Científicos
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- Para além da consulta…Publication . Botas, Philippe; Santiago, Luiz Miguel; Constantino, Liliana; Miranda, PaulaEnquadramento: A hipertensão arterial (HTA) é o problema crónico de saúde mais comum nas sociedades ocidentais, com regras estabelecidas de avaliação longitudinal para o diagnóstico, obrigando a trabalho clínico com o paciente para aceitação do diagnóstico e do plano terapêutico. A pressão arterial (PA) é uma medida fisiológica de grande variabilidade, condicionada por vários factores que devem considerados no processo de avaliação. Descrição do Caso: Sexo feminino, 44 anos, assistente de tesouraria, sem registo de problemas activos e com antecedentes familiares de enxaqueca, pertencente a uma família nuclear, percepcionada como altamente funcional, de classe média-alta em fase V do ciclo de vida de Duvall. Recorre à consulta em Fevereiro/2011, com quadro de cefaleia e PA elevada. Foi confirmada PA elevada e enquadrou-se a avaliação do diagnóstico de enxaqueca. Feito aconselhamento para alteração do estilo de vida, com indicação para auto-medição da pressão arterial (AMPA). Consultas de reavaliação a 11 de Março, 7 de Abril e 4 de Maio. O registo da PA em ambulatório revelou um padrão de valores mais elevados ao fim do dia, identificando-se condições de trabalho stressantes. A medição da PA em consulta foi mais elevada do que valores de auto-medição. Realizou tonometria planar de absorção a 14/03/2011 que indicou aumento da PA central. A destacar na restante avaliação complementar uma dislipidémia mista. Estabeleceu-se o diagnóstico de HTA sem complicações. A escalada terapêutica iniciou-se com a prescrição de Verapamilo 120mg ao jantar, seguida da associação de Perindopril 4mg ao jantar (posteriormente na dose de 8 mg, id) e de Propranolol 10 mg 2id. A PA está agora controlada bem como a cefaleia. Discussão: A apresentação deste caso tem como objectivo alertar para a importância de uma abordagem holística e metódica na prática clínica. Perante o diagnóstico de HTA, deve ser considerada a influência de múltiplos factores. A evidência aponta a AMPA como método de avaliação diagnóstica mais indicado ao capacitar e empoderar o utente. O controlo adequado da PA beneficia deste processo de decisão clínica partilhada assim como da utilização dos medicamentos segundo perspectiva terapêutica individualizada e integrada.
- Tratamento médico da tromboflebite superficial do membro inferior: heparina ou anti-inflamatórios?Publication . Botas, Philippe; Pimenta, José; Santos, Pedro; Santiago, Luiz MiguelIntrodução e objectivo: A tromboflebite superficial (TVS) é uma condição clínica frequente, afectando predominantemente os membros inferiores (MI). O especialista de Medicina Geral e Familiar deve ter conhecimentos sobre a sua abordagem e as complicações que podem surgir. É uma entidade clínica pouco estudada, existindo controvérsia sobre a melhor terapêutica. O objectivo desta revisão é tentar clarificar qual a melhor terapêutica da TVS do MI, no que diz respeito aos anti-inflamatórios (AINEs) ou heparina de baixo peso molecular (HBPM). Metodologia: Foi realizada pesquisa bibliográfica de normas de orientação clínica (NOC), revisões baseadas na evidência (RBE) e artigos originais nas bases de dados National Guideline Clearinghouse, Guidelines Finder, Canadian Medical Association Infobase, Cochrane Library, Clinical Evidence, Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness, Uptodate, Pubmed e nos sites portugueses da Direcção Geral de Saúde, Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, MGFamiliar.net e no Índex de Revistas Médicas Portuguesas. Os termos MeSH utilizados foram: venous thrombosis; heparin, low-molecular-weight; anti-inflammatory agents. Seleccionaram-se artigos publicados entre 2008-2011, em concordância com o objectivo e aplicando critérios de exclusão: artigos repetidos; TVS em internamento ou em zonas que não o MI; TVS em idade pediátrica; Profilaxia de TVS; TVS complicada ou associada a factores de risco. Classificou-se o nível de evidência/força de recomendação pela escala SORT. Resultados: Foram encontrados 215 artigos. Depois da aplicação dos critérios de exclusão obteve-se 1 NOC, 2 RBE e 1 ensaio clínico randomizado. A evidência suporta que existe melhoria dos sintomas dos doentes com TVS tratados com HBPM ou AINEs em comparação com placebo, reduzindo a incidência de recorrências e complicações, sem diferenças no perfil de segurança a curto prazo (SORT B). Anticoagulação durante pelo menos 4 semanas, está indicada sobretudo quando se indentificam critérios de gravidade (SORT B). A utilização simultânea de HBPM e AINEs revelou maior eficácia no alívio sintomático do que a HBPM isolada (nível de evidência 2). Discussão: As evidências apontam a anticoagulação como a opção terapêutica mais indicada, reservando-se os AINEs para quando não existem sinais de gravidade. São necessários mais ensaios clínicos aleatorizados, sobretudo no que se relaciona com a opção por AINEs ou HBPM ou a sua utilização simultânea, doses e duração de tratamento.
- Consulta.1@mgf.pt: já agora doutor…Publication . Botas, Philippe; Santiago, Luiz Miguel; Constantino, Liliana; Miranda, PaulaEnquadramento: Os avanços tecnológicos proporcionam novas abordagens de comunicação entre o médico e o utente, que podem complementar a consulta de Medicina Geral e Familiar (MGF). Em Portugal, o correio electrónico começa a ser adoptado com maior frequência como meio de comunicação e a sua utilização é fundamentada por normas de orientação clínica. Investigadores relataram resultados positivos das abordagens cognitiva comportamental e educacional via internet, em indivíduos com depressão. Descrição do caso: Mulher de 28 anos, auxiliar de acção médica, com poucas consultas na unidade de saúde, pertencente a uma família monoparental, de classe média. Em Abril/2011, vem a consulta aberta solicitar preenchimento de declaração para efeitos de ingresso no ensino superior. Em entrevista oportunista, revelou um humor deprimido, acompanhado de labilidade emocional, baixa auto-estima, desânimo em relação ao futuro e baixa tolerância ao stress e ao fracasso. A separação conjugal há dois anos, durante a gravidez, destacou-se como situação de crise que motivou o desajuste actual. A avaliação pela psicofigura de Mitchell evidenciou a dependência emocional da utente, que se centra em expectativas do ex-companheiro regressar, e denunciou um fraco suporte familiar, dominado por uma relação conflituosa com a mãe. A avaliação pela escala de readaptação social de Holmes e Rahe somou um valor de 201. Quanto ao plano terapêutico, a paciente rejeitou a opção farmacológica. Foi-lhe proposto comunicar com o seu médico de família por correio electrónico, que aceitou. Ao longo desta comunicação, desenvolveu-se um processo de introspecção orientado, com resolução progressiva dos sintomas depressivos em 4 meses. Discussão: O caso descrito ilustra a utilidade atribuída ao correio electrónico na perspectiva de capacitar a utente e permitir um investimento sustentável por parte do médico, sem necessidade de optar pela “medicamentalização”, logo na primeira abordagem. Mais do que rotular com um diagnóstico, procurou-se ajudar a utente a compreender os seus sentimentos, a desenvolver estratégias de coping e a delinear objectivos concretos. Muitas vezes o tempo de consulta em MGF não é compatível com as necessidades do utente. Este relato de caso é um exemplo prático da utilidade do correio electrónico como um meio de comunicação complementar, em particular num caso seleccionado de utente com perturbação depressiva.
- Evolução da referenciação em Medicina Geral e Familiar num Centro de Saúde no centro de PortugalPublication . Botas, Philippe; Santiago, Luiz Miguel; Constantino, Liliana; Miranda, Paula; Matias, Catarina; Simões, Ana Rita; Neto, Maria GlóriaIntrodução e Objectivo: A referenciação é uma das competências nucleares do Especialista em Medicina Geral e Familiar (eMGF). O Estudo Europeu sobre Referenciação revelou uma Taxa de Referenciação (TR) de 5,56%, em Portugal em 1992 e em 2003 num Centro de Saúde no Norte de Portugal a TR foi de 10,11%, sendo a Otorrinolaringologia, a Ginecologia e a Cirurgia as especialidades com maior volume de referenciação. A evolução temporal da referenciação, mostrando a sua tendência, deve ser estudada pelo que se procurou caracterizar num Centro de Saúde predominantemente urbano, entre 2007 e 2011, a quantidade de referenciação aos cuidados de saúde secundários com indicadores populacionais padronizados, e as especialidades de referenciação. Metodologia: Estudo observacional, retrospectivo dos dados de referenciação de todos os médicos do CSE (11 eMGF e 5 Internos), em volume e em especialidade, por ano, pelo programa SAM-ESTAT, entre Janeiro de 2007 e Outubro de 2011, sendo calculadas a TR, (n referenciações ano/n total consultas)*100, e o número de referenciações por dia ajustado à população no meio de cada período de estudo (CRA) – (n referenciações*1000/população no meio do período*365), 304 dias para o ano 2011. Foram caracterizadas as 6 especialidades de maior referenciação em cada ano. Resultados: Em 2007, registaram-se 2067 referenciações (14,7% dos utentes com consulta (UC)); em 2008, 2639 (17% dos UC); em 2009, 3125 (18,6% dos UC); em 2010, 3100 (18% dos UC); e em 2011, 2673 (15,9% dos UC). A TR e o CRA foram de 3,93% e 0,34‰ em 2007; 4,77% e 0,42‰ em 2008; 5,51% e 0,48‰ em 2009; 5,64% e 0,46‰ em 2010; 5,69 % e 0,47‰ em 2011. Por ordem de volume, as especialidades mais referenciadas foram Ortopedia, Dermatologia, Estomatologia, Ginecologia, Otorrinolaringologia, Cirurgia e Oftalmologia em 2009, em detrimento de Ginecologia. Discussão: No período estudado verifica-se crescimento da TR, para valores semelhantes aos de 1992, e do CRA, indicador de comparabilidade com outros contextos. As três especialidades mais referenciadas sugerem a necessidade de resposta técnica (ortopedia e medicina dentária) e esclarecimento/orientação clínica (dermatologia). A redução da referenciação para Ginecologia e o aumento para Oftalmologia reflectem opções técnico-científicas da prática da MGF. O volume de referenciação e o tipo de especialidade permitem conhecer a aquisição de competências e verificar as áreas de necessidade de desenvolvimento profissional contínuo.
- Medical treatment of superficial thrombophlebitis of the lower limb: heparin or anti-inflammatory?Publication . Botas, Philippe; Pimenta, José; Santos, Pedro; Santiago, Luiz MiguelAbstract: Objectives The objective of this review is to clarify the best treatment for superficial thrombophlebitis (ST) of the lower limb (LL), regarding nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) and low-molecularweight heparin (LMWH). Data sources Pubmed database, evidence-based medicine websites, General Directorate of Health, Portuguese Association of General Practitioners, MGFamiliar.net, Index of Portuguese Medical Magazines. Review methods Research of clinical guidelines (CG), Systematic reviews (SR) and original studies using the MeSH terms: venous thrombosis; heparin, low-molecular-weight; anti-inflammatory agents. The search was limited to articles published between 2008 and 2011. Exclusion criteria were: repeated articles; ST during hospital admittance; ST not in the LL; pediatric ST; ST prophylaxis; Complicated ST; Risk factor related ST. American Family Physician’s Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) was used to assess the level of evidence. Results 215 articles were obtained. We have selected one CG, two SR and one randomized clinical trial (RCT). Evidence supports that there is improvement in patients’ symptoms with ST treated with LMWH or NSAIDs compared with placebo, reducing the incidence of recurrences and complications, without differences in safety profile in the short term. The evidence also highlights the anticoagulation as first-line therapy. The simultaneous use of NSAIDs and LMWH showed greater efficacy in symptomatic relief than LMWH alone in a RCT. Conclusions LMWH and NSAIDs are the two options with evidence supporting its use as first-line treatment (SOR B). Anticoagulation for at least 4 weeks is indicated especially when severity criteria are identified (SOR B). More randomized clinical trials are needed, particularly regarding the choice between LMWH or NSAIDs or its’ simultaneous use, doses and treatment’s length.
- Trend of referral in the general practice setting in the centre of Portugal: the experience of a health centrePublication . Botas, Philippe; Santiago, Luiz Miguel; Constantino, Liliana; Miranda, Paula; Matias, Catarina; Simões, Ana Rita; Neto, Maria GlóriaAbstract: Introduction Referral is one of the core competencies of general practitioners (GP). In 1992, the European study of referrals from Primary to Secondary care indicated a referral rate (RR) of 5,56% to Portugal. In 2003, the RR related to a health centre in the north of Portugal was 10,11 % and the higher percentage of referrals was to Otolaryngology, Gynecology and Surgery. Objectives To study the trend of referral to Secondary care, in a Centre of Portugal Health Care Unit, with standardized population indicators, between 2007 and 2010. Material and Methods Observational, retrospective, descriptive study using a statistical program to study the informatics generated data of referral in a health centre with 11 doctors and 5 trainees. Calculation of the RR, (n referral/n total consultations) * 100, and the number of referral by day adjusted to population at the middle of each year (CRA), (n referral*1000/ population at the middle of the year*365). We characterized the six specialties with more referrals, for each year. Results In 2007, 2067 referrals were registered (14,7% of patients with consultation (PC)); in 2008, 2639 (17% of PC); in 2009, 3125 (18,6% of PC); in 2010, 3100 (18% of PC). The RR and the CRA were 3,93% and 0,34‰ in 2007; 4,77% and 0,42‰ in 2008; 5,51% and 0,48‰ in 2009; 5,64% and 0,46‰ in 2010. In decrescent order of volume, the specialties with most referrals were Orthopedics, Dermatology, Stomatology, Gynecology, Otolaryngology, Surgery and in 2009 Ophthalmology, in detriment to Gynecology. Discussion During the time considered there is growth of RR, to values similar to those of 1992, and of CRA, an indicator of comparability with other contexts. The three specialties with the higher percentage of referrals suggest the need for technical response (orthopedics and stomatology) and clarification / clinical orientation (dermatology). The reduction in referral to Gynecology and the increase to Ophthalmology might reflect technical and scientific options in General Practice performing skills. The volume of referrals and its characterization may improve our knowledge in these areas and about the need for continuing professional development.
- Abordagem integrada das infecções do aparelho urinário baixo não complicadas na mulherPublication . Botas, Philippe; Santos, Pedro; Pimenta, José; Rader, Josef; China, Ana; Silva, OdilaIntrodução: As infecções do aparelho urinário baixo são, depois das respiratórias, as mais frequentes nos cuidados de saúde primários (CSP). A correta abordagem clínica é consensual e fundamentada por várias recomendações, implícitas também na recente norma da Direcção Geral de Saúde (DGS). Objectivo: Avaliar e garantir a qualidade da abordagem diagnóstica e terapêutica da cistite não complicada na mulher, a nível dos CSP. Metodologia: Dimensão estudada: adequação técnico-científica; Unidade de estudo: mulheres com ≥16 anos de 6 ficheiros das unidades de saúde onde trabalham os autores, codificadas com U71 (ICPC-2) entre Janeiro e Março 2011 (avaliação) e entre Fevereiro e Abril 2012 (reavaliação); critérios de exclusão: gravidez, alterações anatómicas ou funcionais do aparelho urinário, cistite recorrente, imunossupressão, história recente de instrumentação urológica, antibioterapia recente; Tipo e fonte de dados: processo clínico informatizado (SAM®); Colheita de dados: pelos autores; Tratamento de dados: Excel®; Tipo de Avaliação: interna e retrospectiva; Critérios avaliados: 1. As utentes com sintomas de cistite devem realizar fita-teste ou urina II; 2. Se o teste for positivo não deve ser pedida urocultura; 3. Se o teste for negativo deve ser pedida urocultura; 4. Deve ser prescrito o antibiótico e dose recomendados; 5. A terapêutica deve ter a duração recomendada; 6. Se remissão dos sintomas, não deve ser pedida urocultura após o tratamento; Intervenção: Informativa e educacional com apresentação de resultados e discussão de abordagens recomendadas. Resultados: Foram incluídas 42 utentes na avaliação e 44 na reavaliação. Os resultados obtidos na avaliação e reavaliação foram, respectivamente: critério 1) 76% e 84% (Δ=10,5); 2) 79 e 87% (Δ=10,1); 3) 100% e 83% (Δ=-17); 4) 43% e 76% (Δ=76,7); 5) 6% e 59% (Δ=883,3); 6) 43% e 52% (Δ=20,9). Discussão Comparativamente à avaliação inicial, verificou-se uma melhoria global dos parâmetros avaliados, à excepção do critério 3. Destaca-se sobretudo a evolução da prescrição de antibiótico, com doses e duração da terapêutica recomendada. Este estudo deve ser alargado a outros ambientes de trabalho no contexto da recente norma da DGS.
- Identidade Familiar em (Re)construção: um percurso sentidoPublication . Botas, Philippe; Santiago, Luiz Miguel; Miranda, PaulaEnquadramento: Os cuidados centrados na pessoa compreendem a caracterização do contexto familiar. A avaliação da família depende de quem e como a avalia, é mutável no tempo e pode contribuir no processo terapêutico. Descrição de Caso: Mulher de 28 anos, desempregada, pertencente a uma família alargada, de classe média. Desde 2010, verificou-se aumento do número de consultas, em contexto de queixas gastrointestinais persistentes e diagnóstico de múltiplos pólipos no cólon em Janeiro/2011. Referenciação para Gastrenterologia, iniciando a abordagem multidisciplinar. Ao longo das consultas no Centro de Saúde revelou um humor deprimido, com labilidade emocional e insónia, estabelecendo-se diagnóstico de perturbação depressiva. O falecimento da avó materna em 2005, que considerava como mãe, é um acontecimento significante no presente. O genograma com psicofigura de Mitchell, datado a 28 de Agosto de 2011, destaca o agregado familiar monoparental e relações intra-familiares conflituosas e escassas. Centrada na relação com os pais e a irmã, perspectiva a família como disfuncional. O plano terapêutico abrangeu a escuta terapêutica e estratégias de coping. Em consulta a 17/10/2011 solicitou-se a concretização do círculo familiar, ao que respondeu: “Oh senhor doutor… Eu não tenho família” (sic). A representação que fez não incluiu os pais nem a irmã. Perspectivou a sua família como moderadamente disfuncional ao considerar a relação com a madrinha, filha e companheiro. Na consulta em Abril/2012 verificou-se o desenvolvimento de algumas estratégias de coping. A reestruturação do genograma destacou a remodelação do agregado familiar (inclusão da irmã), com implicações na dinâmica familiar. Discussão: Perante critérios para avaliação familiar, a compreensão e actualização periódica do contexto familiar são essenciais na abordagem à pessoa, permitindo sinalizar condições que podem influenciar a experiência com a doença e permite definir a família como elemento de suporte ou gerador de stress. A perda de um elemento significante pode determinar uma crise de identidade familiar. Diferentes instrumentos de avaliação familiar fornecem informações distintas e têm indicações específicas. A sua aplicação longitudinal pode fornecer dados diferentes ao longo do tempo, como observámos através do genograma. O processo de avaliação da família poderá contribuir para a introspecção terapêutica. O círculo familiar tem características que o destacam como um instrumento mais hábil neste contexto.
- O voo da águiaPublication . Botas, Philippe; Miranda, Paula; Pereira, Carolina; Santiago, Luiz MiguelEnquadramento: A cervicalgia é um motivo de consulta muito frequente em Cuidados de Saúde Primários. O Médico de Família deve saber que a sua etiologia não se limita a patologia muscular ou degenerativa da coluna cervical. Justificação: Divulgação de entidade nosológica rara que pode motivar cervicalgia. Descrição de Caso: Homem de 36 anos, inspetor administrativo, pertencente a uma família nuclear na fase IV do ciclo de Duvall, de classe média. Antecedentes pessoais de amigdalectomia. Em 23 de Agosto de 2012 recorreu a consulta com queixas de cervicalgia e dor retro e supra-auricular esquerda (“Parece que estão a cortar a orelha” sic). Ao exame objetivo apresentava contractura da musculatura cervical à esquerda. Perante a inespecificidade do quadro optou-se por prescrição de anti-inflamatório (naproxeno, 500mg, 2id, 3 dias). O utente recorreu a consulta em 3 de Outubro de 2012 por manter as cervicalgias, agora de predomínio à direita, acompanhadas de parestesias no membro superior direito, relacionando estas queixas com má postura laboral. Ao exame objetivo constatou-se contractura de músculos cervicais, cervicalgia à rotação cervical e ligeira limitação na mobilização ativa do ombro direito. Perante o quadro com meses de evolução optou-se pela realização de TAC cervical onde se visualizaram apófises estilóides exuberantes, nomeadamente a esquerda (61mm de comprimento), sugerindo o diagnóstico de síndrome de Eagle. Referenciou-se para avaliação por Cirurgião Maxilo-Facial que ficou com dúvidas sobre a total relação das queixas com o alongamento das apófises e propôs a orientação para Medicina Física e da Reabilitação. Em contacto recente, o utente revelou que não realizou fisioterapia por não encontrar ninguém especializado no seu caso. Refere que mantém algum desconforto cervical em certas posições em decúbito dorsal, situação que não compromete a sua qualidade de vida. Discussão: A síndrome de Eagle caracteriza-se por sinais e sintomas causados pela compressão de estruturas neuronais e vasculares por um processo estilóide alongado ou ligamento estilo-hióideo calcificado. As queixas mais comuns são a dor cervical e/ou facial. Neste caso o alongamento do processo estilóide ocorre num indivíduo com antecedentes de amigdalectomia. Perante cervicalgia prolongada sem alívio com analgesia e desinflamação, o diagnóstico de síndrome de Eagle poderá ser colocado. O diagnóstico imagiológico é fundamental, podendo-se também palpar o processo estilóide na fossa amigdalina. Uma minoria das pessoas com esta variante anatómica experiencia sintomas. O tratamento eficaz da síndrome de Eagle é a remoção cirúrgica dos processos estiloides. Contudo, em casos duvidosos preconiza-se uma abordagem conservadora com vigilância.
- Síndrome dos Azeites Matinais de segunda-feira: como é pensado entre médicos e futuros profissionais de saúde?Publication . Botas, Philippe; Pereira, Carolina; Monteiro, Luís; Carvalho, Rosa; Cruz, Ana RitaIntrodução: O fenómeno de “promoção da doença” (disease mongering) recorre a estratégias de marketing para tornar a saúde como um bem de consumo, “vendendo” a ideia de que determinados sinais e/ou sintomas constituem doença. Deste modo, indivíduos saudáveis são considerados “doentes”, correspondendo a oportunidades lucrativas. Objetivo: Verificar se há diferenças entre a opinião de médicos e alunos finalistas de uma escola superior de tecnologias de saúde quanto à existência de um hipotético novo síndrome médico: “Azeites matinais de segunda-feira de manhã”, especificamente quanto à sua aceitação em campanha de rastreio e recetividade de respetiva oferta terapêutica. Métodos: Estudo observacional, transversal. Questionário especificamente concebido e permitindo medir os objetivos pretendidos, aplicado via correio eletrónico a médicos da rede de conversação “MGF XXI” e “MGFamiliar.net”, que integram médicos internos de Especialidade de Medicina Geral e Familiar e alguns especialistas formadores, e aos alunos na sua rede de conversação, após autorização para tal. Amostra não probabilística entre 10 de Maio e 6 de Junho de 2013. Estatística descritiva e inferencial paramétrica e não paramétrica. Resultados: Amostra de 130 médicos e 45 alunos, sem diferença na distribuição por sexo, por sofrer de doença crónica e quanto à qualidade de saúde atual. Com diferença no consumo crónico de medicamentos [médicos n=34 (26,4%) vs. alunos n=3 (6,7%), p=0,003]. Comparando médicos com alunos verifica-se diferença significativa para “Julga ser esta síndrome muito frequente?” [n=95 (73,1%) vs. n=23 (51,1%) p=0,006], para “Julga sofrer desta síndrome?” [n=65 (50,0%) vs. n=6 (13,3%), p<0,001] e para “Concordaria em fazer este rastreio?” [n=94 (72,3%) vs. n=39 (86,7%), p=0,037]. Sem diferença significativa para “Sendo o rastreio positivo concordaria em realizar o tratamento?” [n=74 (57,4%) vs. n=25 (55,6%), p=0,484] e “Julga que esta síndrome existe?” [n=59 (45,4%) vs. n=14 (31,1%), p=0,066]. Discussão: Na amostra de médicos existe maior perceção de sofrer desta síndrome e da sua frequência, que se pode relacionar com o facto de estarem em exercício profissional. Em ambos os grupos é elevada a concordância com a realização do rastreio e com a realização de terapêutica dita específica, em contraste com o maior número de respostas negativas quanto à existência desta síndrome. Parece ser muito fácil vender o medo de doença, mesmo que existam dúvidas quanto à sua existência.
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