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Abstract(s)
A microbiologia forense desempenha um papel essencial no diagnóstico de causas infeciosas de mortes súbitas ou inexplicadas. Com a pandemia de COVID-19, tornou-se evidente a necessidade de estudos post-mortem para aprofundar o conhecimento sobre a epidemiologia viral, com especial enfoque no SARS-CoV-2. Ao contrário de outros vírus respiratórios, o SARS-CoV-2 não apresenta um padrão estritamente sazonal, embora flutuações nos casos sugiram ondas intermitentes de transmissão, influenciadas pelos níveis de imunidade adquirida e pelo comportamento humano. O vírus apresenta um amplo espectro clínico, desde casos assintomáticos até pneumonia grave e síndrome de desconforto respiratório agudo.
O objetivo desse trabalho foi determinar a prevalência do SARS-CoV-2 em zaragatoas nasofaríngeas colhidas post-mortem, antes da execução autópsias forenses realizadas entre abril de 2024 e abril de 2025.
No total, foram testadas 1223 amostras para SARS-CoV-2. Antes do processamento, as amostras permaneceram em banho seco a 56 °C durante 30 minutos para a inativação de possíveis patógenos. O RNA foi extraído por via automatizada com o kit EZ1 DSP Virus (QIAGEN) e por extração térmica — aquecimento a 100 °C durante 8 minutos. A reação de PCR em tempo real teve como alvo os genes N1 e E do vírus e o gene humano RPP30/RNase P como controlo interno de fiabilidade. Foram utilizadas sondas marcadas com fluoróforos para deteção dessas regiões genómicas. Valores de Ct inferiores a 35 foram considerados positivos, amostras com Ct entre 35 e 40 foram re-analisadas.
Das 1223 amostras testadas, 22 (1,8%) foram positivas para SARS-CoV-2, com idades dos indivíduos a variar entre os 21 e os 98 anos. Distribuição mensal dos casos positivos: abril - 0, maio - 1, junho - 3, julho - 4, agosto - 5, setembro - 3, outubro - 4, novembro - 0, dezembro – 2, janeiro - 1, fevereiro - 0, março - 0.
A taxa de deteção de 1,8% de SARS-CoV-2 destaca o impacto contínuo na saúde pública. A ampla faixa etária dos casos demonstra a sua persistente transmissibilidade. A vigilância post-mortem permite identificar casos não diagnosticados em vida, contribuindo para uma melhor compreensão da circulação viral e para a definição de políticas de saúde pública. O rastreio forense reforça as medidas de segurança dos profissionais envolvidos em autópsias e apoia estratégias de gestão de surtos baseadas em evidência.
A vigilância post-mortem constitui uma ferramenta essencial para acompanhar a prevalência do SARS-CoV-2. As taxas de deteção observadas neste estudo evidenciam o impacto do vírus em Portugal entre abril de 2024 e abril de 2025. A integração da microbiologia forense na vigilância epidemiológica fortalece a monitorização viral, melhora a preparação em saúde pública e apoia decisões informadas na gestão de surtos.
Description
Poster apresentado no 23º Congresso Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, INMLCF, IP, Aveiro, 16-18 out 2025
Keywords
Infeções respiratórias Autópsia Médico-Legal SARS CoV 2
