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- Validação de metodologia analítica para doseamento de biomarcadores de etanol em sangue por LA-MS/MSPublication . Vilas Boas, Ana; Franco, João Miguel; Carmo, Helena; Melo, PaulaO abuso e a dependência de álcool são bastante comuns e têm elevado impacto em questões de saúde e sociais. Desta forma, torna-se importante o desenvolvimento de metodologias para identificar casos de alcoolismo agudo e/ou crónico ou para confirmar a abstinência de etanol em determinadas situações médico-legais. Uma vez que o etanol é rapidamente eliminado do organismo, a validação de metodologias analíticas para a quantificação dos seus biomarcadores de exposição torna-se bastante útil em toxicologia forense, nomeadamente em contextos laborais, em casos de regulação do poder paternal e em situações post-mortem, auxiliando na distinção entre a ingestão e a formação post-mortem de etanol. Os autores apresentam a validação de metodologia analítica para a quantificação de etil-glucuronídeo e etil-sulfato em amostras de sangue, por LC-MS/MS. O método está a ser validado num equipamento de cromatografia líquida Exion LC da Sciex acoplado a um detetor de massa QTrap 6500+, da Sciex, sendo as amostras previamente submetidas a um procedimento de precipitação proteica com metanol. A separação cromatográfica é efetuada recorrendo a uma coluna Acquity UPLC HSS T3 (2,1*100mm; 1,8 µm de tamanho de partícula), usando como fase móvel uma mistura de ácido fórmico 0,1% e metanol, em gradiente. A deteção dos compostos é efetuada por MRM, sendo a ionização feita por electrospray, em modo negativo, utilizando duas transições para cada um dos compostos e respetivos padrões internos. O método demonstrou ser específico e seletivo. Para os limites de deteção e quantificação foi assumido o valor de 100 ng/mL para os dois compostos, apesar da determinação destes através do método do desvio padrão residual e declive da curva de calibração ter resultado em valores inferiores. O rendimento de extração foi calculado a 2 níveis de concentração, 700 ng/mL e 3000ng/mL tendo-se obtido resultados médios de 82% para o etil-glucuronídeo e de 99% para o etil-sulfato. A linearidade foi avaliada entre as concentrações de 100 e 10000 ng/mL, tendo sido estudados vários fatores de ponderação. A veracidade e precisão encontram-se em fase de avaliação. A determinação destes biomarcadores associada à determinação direta do etanol, contribuirá para uma resposta mais abrangente em contexto forense, permitindo detetar a exposição ao etanol com maior sensibilidade.
- Raspados subungueais em contexto de agressões sexuais: a importância da sua colheitaPublication . Dario, Ana Rita; Dourado, Catarina G.; Pimentel, Mariana; Amorim, António; Carvalho, MónicaEm crimes de agressão/abuso sexual, os critérios utilizados no exame clínico efetuado e a escolha dos vestígios biológicos a colher no corpo da vítima, por parte do perito médico, são de extrema importância para uma eventual identificação futura do agressor. Colheitas que não as mais adequadas podem conduzir a uma perda irrecuperável das evidências. São colhidas, de acordo com a informação dada pela vítima, zaragatoas do exsudado vaginal, vulvar, anal e de limpeza de pele, peças de roupa, pensos higiénicos, embora atualmente comecem a ser colhidos outros tipos de vestígios biológicos, como raspados subungueais. O objetivo deste trabalho é realçar a importância da recolha de raspados subungueais da vítima de abuso sexual, caso tenham ocorrido arranhões por parte da vítima, uma vez que este vestígio biológico pode ser determinante na identificação do agressor. Neste caso de estudo foram colhidas zaragatoas vaginais, vulvar, anal e perianal, um penso higiénico e raspados subungueais, da mão direita e mão esquerda. A prova de orientação de sémen não evidenciou a presença deste fluído em nenhuma das zaragatoas e penso higiénico, nem foi possível identificar um perfil genético nestas amostras. No penso higiénico e nos raspados foi obtido o mesmo haplótipo do cromossoma Y. Porém, apenas nos raspados subungueais, da mão direita e mão esquerda, foi identificado o mesmo perfil genético de mistura (feminino e masculino), compatível com o perfil da vítima e com o perfil de outro indivíduo. Este perfil genético de mistura poderá ser utilizado em estudos comparativos futuros, sendo para tal necessário material biológico de referência do suspeito, ou inserido na Base de Dados de Perfis de ADN. É de salientar, que neste caso de estudo, os raspados subungueais foram as únicas amostras colhidas onde foi possível obter um perfil genético de mistura com STRs autossómicos que poderá conduzir à identificação do agressor, o que demonstra a importância da recolha deste tipo de vestígios biológicos, constituindo um importante meio de prova a resolução de casos de agressão sexual.
- Ausência do pretenso pai: qual a melhor alternativa numa investigação de paternidade?Publication . Dario, Ana Rita; Marques, Fernanda; Carvalho, Mónica; Amorim, António; Dourado, Catarina G.A maioria das perícias de investigação de parentesco biológico, realizadas pelo Serviço de Genética e Biologia Forense (SGBF), são requisitadas por ordem do Tribunal. A colheita de material biológico é realizada aos intervenientes que, habitualmente, consiste num trio constituído por pretenso pai, mãe e filho/a. No entanto, poderão existir alterações quanto ao número e tipo de intervenientes. Em situações em que, por algum motivo, o pretenso pai não está disponível, não são raras as vezes que o Tribunal questiona o SGBF, sobre quais os intervenientes, familiares do pretenso pai, poderão ser envolvidos na investigação, de modo a que os resultados estatísticos sejam mais robustos. Nestes casos, recorre-se frequentemente aos pretensos avós paternos, irmãos do pretenso pai ou filhos do pretenso pai. Assim, quanto maior o número de familiares diretos para o estudo genético, maior será a probabilidade de paternidade que pode ser obtida. O objetivo deste trabalho consiste na análise de uma perícia de investigação de parentesco biológico, com ausência de pretenso pai, mas com a presença de vários familiares deste, e como a utilização de diferentes combinações destes perfis genéticos nos cálculos estatísticos, conduzem ou não a diferenças significativas nos valores de Índice de Paternidade (IP) obtidos. As zaragatoas bucais, colhidas a cada interveniente, foram extraídas com Prep-n-Go Buffer (Applied Biosystems™) e com Chelex® 100 (Sigma-Aldrich®), amplificadas para STRs autossómicos com os kits GlobalFiler™ PCR Amplification Kit (Applied Biosystems™), PowerPlex® Fusion 6C System (Promega Corporation), e Investigator® HDplex Kit (Qiagen) e amplificadas para STRs do cromossoma Y com Yfiler™ Plus PCR Amplification Kit (Applied Biosystems™). A análise de fragmentos foi efetuada por eletroforese capilar no sequenciador automático 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems™) e analisadas com o software GeneMapper® ID-X 1.4 (Applied Biosystems™). A análise estatística foi realizada utilizando o programa Familias 3. Foram obtidos resultados de IP bem distintos, consoante o tipo de relação biológica dos intervenientes, relativamente ao pretenso pai, utilizados nos cálculos estatísticos, realçando, uma vez mais, a preferência de determinados familiares em detrimento de outros.
- Validação do Ensaio Investigator HDplex nos Laboratórios do Porto do SGBF - resultados preliminaresPublication . Magalhães, Paulo; Amorim, António; Ferreira da Silva, BeneditaA identificação humana tem como base a Genética Forense, que assenta essencialmente no estudo de STR. Esta constitui uma das provas com maior relevância em contexto jurídico, sendo que a sua complexidade e importância exigem uma adaptação constante à disponibilização de novos kits. O Investigator HDplex é um kit que permite a amplificação 9 polimorfismos exclusivos, quando comparado com os kits em uso no SGBF: GlobalFiler Amplification Kit e PowerPlex Fusion 6C. A informação adicional fornecida pelo HDplex é, por vezes, essencial para uma conclusão pericial mais inequívoca nas Identificações Individuais e Investigações de Parentesco. Assim, e dado que o SGBF é um laboratório acreditado pelo IPAC, é necessário proceder a uma validação interna, de acordo com o PG-SGBF-001. Este trabalho pretende apresentar os procedimentos validados e os resultados obtidos até ao momento pelo SGBF-N. Material e Métodos Vários foram os parâmetros já analisados e determinados na validação do HDplex: especificidade, sensibilidade, limiares analíticos e análise de diferentes tipos de amostra e quantidade de reagente utilizado. O primeiro parâmetro estudado foi a determinação dos limiares analíticos, tendo, para tal, sido analisados 50 brancos de amplificação. Para a análise da especificidade foram analisadas 34 amostras de diferentes animais. As amostras utilizadas para a análise da sensibilidade apresentaram um intervalo de quantidade de ADN de 10-0,001ng/μL. De forma a otimizar recursos, foi testada a quantidade de reagente e número de ciclos do programa de amplificação. Foi reduzido o volume final de reação para metade do descrito na bula, assim como foi reduzido o número de ciclos para 27. Foram estudados diferentes tipos de amostras: zaragatoas bucais e manchas de sangue (cadáver e in vivo), com o objetivo de garantir e verificar a eficácia da amplificação em diversos contextos. Todas as amostras foram extraídas por PrepFiler e Prep-n-Go, e as manchas de sangue foram, ainda, amplificadas de forma direta. No procedimento laboratorial foram utilizados termocicladores GeneAmp PCR System 9700 e Veriti Thermal Cycler e o sequenciador 3500 Genetic Analyzer. Resultados e Discussão O kit HDplex revelou ser exclusivo para ADN humano, uma vez que não foi obtido qualquer perfil genético nas amostras de animal analisadas. Quanto à sensibilidade, verificou-se dropout alélico a partir de 0,05ng/μl. Na análise dos diferentes tipos de amostra, apesar da redução do número de ciclos, os eletroferogramas apresentaram ainda artefactos relativos a sobreamplificação. Desta forma, reduziu-se o input de amostra para 0,5μL, o que permitiu obter perfis genéticos que respeitam as normas da qualidade. Conclusões Os procedimentos realizados permitiram otimizar o uso do kit nas amostras de referência, pretendendo-se estender a validação às amostras de restos cadavéricos (e.g. osso). Assim, futuramente, pretende-se concluir o procedimento de validação, de forma que o kit possa ser utilizado sempre que necessário, estando abrangido pela acreditação.
- Perícias de Identificação Individual: dificuldades, obstáculos e soluções para reduzir o tempo pericialPublication . Ferreira da Silva, Benedita; Pereira, Maria João; Cerqueira, Joana; Pontes, Lurdes; Amorim, AntónioAs perícias de Identificação Individual (II) no SGBF referem-se a processos que visam determinar a identificação de cadáveres, restos cadavéricos, fetos, ou confirmação de identidade de amostras biológicas, recorrendo à análise de ADN. A identificação genética pode ser efetuada por comparação direta, recorrendo a amostras colhidas antemortem e objetos pessoais, ou de forma indireta, por comparação genética com supostos familiares, através de valorização estatística considerando o grau de parentesco avaliado. O período que os supostos familiares aguardam para a confirmação da identidade do cadáver reveste-se de grande ansiedade e dor, pelo que se determinou que as II deveriam ser concluídas entre 3 a 10 dias, dependendo das amostras analisadas. Dependendo do estado de conservação do cadáver a identificar, pode não ser possível a obtenção de perfis genéticos valorizáveis, comprometendo a identificação. Desta forma, a colheita de amostras biológicas, pelo perito médico, deve ser muito criteriosa, para o SGBF dispor de amostragem suficiente e variada, que permita ultrapassar quaisquer obstáculos à conclusão da perícia. Este trabalho propõe uma orientação do tipo de amostras que devem ser colhidas a fim de reduzir o tempo da perícia, tendo em conta a experiência do SGBF-N. Há uma grande variabilidade de amostras que podem ser recebidas no SGBF para identificação, sendo a mais comum a mancha de sangue, seguida de osso, dente, unhas e músculo. Em casos de cadáver carbonizado, frequentemente o sangue permite resultados muito satisfatórios. Já em situações de morte por afogamento, por exemplo, a amostra de sangue dificilmente permite obtenção de perfis genéticos valorizáveis. Assim, do pondo de vista do SGBF, seria uma boa política, além dessa amostra, cujo estudo permanecerá sempre preferencial e realizado em primeiro lugar, o SCPF e/ou os GMLF colherem logo outros tipos de amostras, nomeadamente, e por ordem preferencial para o SGBF-N: unhas, músculo, osso e dente. Desta forma, o SGBF poderia iniciar em simultâneo, ou imediatamente a seguir à não obtenção de um perfil genético o processamento de outras amostras. Esta estratégia permitiria eliminar o período que abrange a solicitação ao perito médico de nova recolha de amostras e a receção das mesmas, reduzindo o tempo da perícia. Será apresentado um caso no poster. Outro fator que poderia acelerar e facilitar o procedimento relaciona-se com a correta identificação do grau de parentesco entre os supostos familiares e o cadáver, especialmente quando não se trata de parentes com relações diretas. Esta informação, fornecida aquando da receção das amostras permite ao perito determinar corretamente o pedigree a valorizar e optar prontamente pela análise de outros polimorfismos de ADN que permitam chegar a uma conclusão pericial mais clara e inequívoca. A colaboração entre os serviços envolvidos, permite uma melhor resposta prestada pelo INMLCF, especialmente nestes processos de caráter tão sensível.
- Colheitas nos GMLF para Investigações de Parentesco do SGBF-NPublication . Ferreira da Silva, Benedita; Amorim, António; Pereira, Maria JoãoO SGBF é responsável pela realização de perícias de Investigação de Parentesco, Criminalística e Identificação Individual. As perícias de IP correspondem a cerca de 20-30% da totalidade das perícias no SGBF-N. Frequentemente reveste-se de necessidade recorrer aos GMLF para a realização da colheita a intervenientes em IP considerando a área de residência das mesmas. Para uma boa realização da perícia e recolha da informação necessária, o SGBF-N fornece aos GMLF normas de colheita, que se encontram em revisão para incluir as novas especificidades do SIIMP. Neste trabalho pretende-se reforçar alguns pontos técnicos e esclarecer questões mais documentais. Com a implementação do SIIMP é possível aos GMLF preencherem diretamente as informações solicitadas em IP na própria requisição de ”Colheita de material biológico”. Na pestana ”Relatório /Exames” deve ser adicionado o exame ”Colheitas em local distinto da realização da perícia - Outros (0,3 UC)”. Na pestana ”contentores” adiciona-se um único contentor para o interveniente, sendo possível preencher informações da identificação do mesmo, bem como informações relevantes para a avaliação da perícia, nomeadamente se já fez transfusão de sangue ou transplante de órgãos. O auto de colheita sai automaticamente preenchido do SIIMP, e após assinado, deve ser feito o seu upload na localização própria. Os outros documentos que devem constar numa colheita de IP são cópia do documento de identificação, declaração de conhecimento e fotografia, caso apenas alguns dos intervenientes da perícia compareçam no GMLF. Os documentos devem ser colocados na pestana ”Anexos” da requisição, com a categoria ”Documentos de colheita”, pois caso seja escolhida outra categoria, o perito do SGBF não conseguirá aceder aos mesmos. Devem ser sempre colhidas duas zaragatoas a cada interveniente e adicionadas ao contentor. Para tal, no campo ”Agrupador” deve ser selecionado "Zaragatoas” e no campo ”Tipo de amostras” selecionar ”Zaragatoa bucal (refª)”. Não é necessário preencher informação sobre o vestígio suspeito, uma vez que este campo só se aplica nas amostras colhidas no âmbito de perícias de Criminalística. O uso exclusivo de zaragatoas deve-se ao facto de ser um método menos invasivo e foi deliberado em Conselho Diretivo. Em casos excecionais pode-se revestir de necessidade a recolha de outro material biológico, sendo a escolha primordial a punção do dedo (mancha de sangue). As amostras devem ser devidamente identificadas, não podem suscitar quaisquer dúvidas sobre a sua origem. Quando concluído o procedimento, o perito médico deve proceder ao envio das amostras para a Cadeia de Custódia, clicando no botão respetivo no contentor, para posterior envio para o SGBF-N e concluir o exame na pestana ”Relatório/Exames”. A faturação é da responsabilidade do GMLF, que deve cobrar 0.3UC por pessoa e não por amostra colhida. O SIIMP veio facilitar a colaboração SGBF-GMLF neste procedimento.
- Laboratório de análises clínicas e médico-legais do INMLCF: a norma de acreditação aplicávelPublication . Cerqueira, Joana; Fadoni, Jennifer; Shastakova, Alena; Magalhães, Jéssica; Rodrigues, Joana; Mofreita, Vânia; Franco, Magda; Correia Dias, Maria Helena; Balsa, Filipa; Amorim, AntónioA harmonização da acreditação em todo o mundo é essencial para garantir a confiança nos certificados emitidos por organismos de avaliação de conformidade locais (no caso de Portugal, o Instituto Português de Acreditação, IPAC), por parte dos reguladores, consumidores, pacientes e outras partes interessadas que utilizam os resultados dessa avaliação a nível internacional. Este processo inicia-se com a seleção da norma de acreditação mais adequada para uma área de atividade específica. É comum, que para laboratórios de análises clínicas, a EN ISO 15189 seja a norma de referência aplicável, a qual se foca no melhor interesse do paciente, garantindo a obtenção de resultados que promovam um diagnóstico e tratamento, o mais adequados possível. No entanto, e apesar da especificidade da área de atuação do Laboratório de Análises Clínicas e Médico-Legais (análises clínicas), foi considerado pela European Accreditation (EA - associação de organismos nacionais de acreditação por toda a Europa), que todas ciências forenses, em geral, se deveriam regular por uma norma de acreditação única, independentemente da área de atuação em que as várias ciências forenses possam ser integradas. Ficou decidido, por indicação da EA e aceite pelo IPAC, que a norma mais adequada para a acreditação de todas as ciências forenses seria a norma EN ISO/IEC 17025 em todos os laboratórios forenses, onde se inclui o Laboratório de Análises Clínicas e Médico-Legais (LACML) do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF). Considera-se que os resultados nestes casos, não visam o tratamento de um paciente, mas sim uma análise forense com finalidade de inspeção. Nestes casos, não haverá nem um diagnóstico, nem um tratamento dependente destes resultados. Mesmo assim, e à semelhança do que acontece em outros laboratórios de análises clínicas, todos os métodos devem ser plenamente documentados, incluindo procedimentos para o controlo de qualidade implementado, assim como validados laboratorialmente, para confirmar a sua adequação ao uso pretendido. Um dos principais objetivos a curto prazo do LACML do INMLCF, é incluir no âmbito da acreditação pela norma EN ISO/IEC 17025, alguns dos métodos/exames realizados no laboratório, mas sempre considerando uma harmonização com a atividade dos laboratórios clínicos em geral e uma melhoria científica contínua, para ser comparável aos seus pares, apesar da norma de referência aplicável no processo de acreditação, ser distinta.
- RESULTADO NÃO ESPERADO. A PROPÓSITO DE UM CASO DE IDENTIFICAÇÃO GENÉTICA INDIVIDUALPublication . Cerqueira, Joana; Pereira, Maria João; Matos, Paula; Amorim, AntónioNas perícias de Genética Forense, a identificação de amostras em análise, requer sempre a comparação com amostras de referência, sejam pertencentes ao próprio ou a familiares, de modo a permitir tirar conclusões e a realizar uma valorização estatística da prova. No caso concreto das perícias de Identificação Genética Individual, as amostras de um desconhecido (cadáver ou restos cadavéricos), são comparadas com amostras de referência do próprio (geralmente obtidas antemortem), objetos pessoais ou de familiares, preferencialmente de linhagem direta. Neste último caso, as relações familiares assumidas são as comunicadas pelos familiares, as quais são consideradas como relações fixas para os cálculos associados. Num caso em concreto de uma Identificação Genética de um cadáver, realizada no Serviço de Genética e Biologia Forenses da Delegação do Norte, foram utilizadas para comparação, amostras de seis irmãos considerados germanos, ou seja, filhos de uma mesma mãe e um mesmo pai. Após a determinação dos perfis genéticos da amostra para identificação e das amostras de referência, quando se realizou os cálculos de IP (Índice de Parentesco) no programa Familias 3, com todas as relações fixas consideradas, obteve-se um resultado que não permitiu a identificação. Conclui-se que alguma das relações familiares assumida como correta, não correspondia à identidade genética das amostras. Assim, avaliou-se as relações familiares de forma independente, comparando o perfil genético do cadáver para identificação, com cada um dos irmãos individualmente. Os resultados demonstraram que uma das irmãs, assumida como germana, não teria os mesmos progenitores que o cadáver (IP=0,5, com uma probabilidade W=0,1%), o que comprometia a identificação. Todos os outros irmãos, confirmavam as relações familiares com probabilidades elevadas, garantindo a obtenção de um resultado informativo. Importa ressalvar neste caso, que a informação obtida de forma não esperada e não solicitada, de que uma das irmãs não era irmã germana dos restantes, não pode ser reportada por não se tratar de uma resposta aos quesitos colocados. Apesar de não se tratar de uma informação codificante, como uma qualquer informação fenotípica, no fundo, funciona da mesma forma e com implicações igualmente impactante na vida dos familiares envolvidos, pelo que não deve, nem pode, ser considerada no relatório da perícia forense.
- Autópsia molecular -identificação de variante genética patogénica em vítima de morte súbita infantilPublication . Fadoni, Jennifer; Shastakova, Alena; Rodrigues, Joana; Mofreita, Vânia; Santos, Agostinho; Amorim, António; Cainé, LauraIntrodução: A morte súbita infantil (MSI) é um fenómeno inesperado e trágico que afeta lactentes aparentemente saudáveis, com menos de um ano de idade, e cuja causa permanece inexplicada mesmo após a realização de uma autópsia médico-legal. As autópsias moleculares surgem como uma ferramenta fundamental neste contexto, complementando as análises tradicionais ao permitir a deteção de variantes genéticas que podem estar associadas a patologias cardíacas hereditárias, distúrbios metabólicos ou outras patologias de difícil diagnóstico post-mortem. Métodos: Durante a autópsia de um bebê do sexo masculino de 7 semanas vítima de MSI, foi colhida uma mancha de sangue, a qual foi enviada ao Laboratório de Análises Clínicas e Médico-Legais acompanhada da requisição para análise de 2 painéis de genes: Arritmias_v1 (62 genes) e Cardiomiopatias_v1 (82 genes). Foi realizada a extração de DNA com o kit PrepFiler Express (TermoFisher Scientific - TFS), e o produto de extração foi quantificado com o kit Quantifiler Trio (TFS). A preparação das bibliotecas, dos templates e sequenciação NGS – Método Ion Torrent (TFS) foi realizada de acordo com as instruções do fabricante. Foram sequenciadas as regiões codificantes dos genes contidos nos painéis de genes requisitados e a variante patogénica encontrada foi confirmada por sequenciação pelo método de Sanger. Resultados e Discussão: Após análise bioinformática e classificação das variantes, a variante c.5125G>A p.Val1709Met no gene SCN5A, encontrada em heterozigotia, foi classificada como patogénica. A variante em questão resulta numa substituição do aminoácido valina por metionina numa posição crítica do gene, a unidade S6 do domínio transmembranar IV. O SCN5A está associado a diversas doenças cardiovasculares, como as Síndromes de Brugada e do QT longo. Esta variante não se encontra presente em bases de dados populacionais, o que reforça a sua raridade. Ferramentas computacionais indicam que esta alteração é provavelmente prejudicial, devido à grande conservação do aminoácido afetado e à natureza significativa da mudança química. Variantes nesta posição já foram observadas em doentes, incluindo casos pediátricos, e estudos realizados com cardiomiócitos derivados de células de doentes mostraram um aumento do corrente tardio de sódio, o que leva a um prolongamento da duração do potencial de ação cardíaco. Conclusões: A identificação desta variante no gene associado a importantes síndromes cardíacas hereditárias, fornece uma explicação genética para a morte súbita deste bebé às 7 semanas de vida. A evidência funcional e clínica disponível indica que a alteração provoca um ganho de função do canal de sódio cardíaco, predispondo a arritmias potencialmente fatais. Este achado reforça a importância da autópsia molecular na investigação da MSI, permitindo não só esclarecer a causa da morte, mas também identificar familiares em risco que poderão beneficiar de acompanhamento clínico e medidas preventivas.
- O cromossoma X em investigações de parentesco biológico - casos de estudoPublication . Dourado, Catarina; Dario, Ana Rita; Garcia, Rita; Amorim, António; Carvalho, MónicaEm investigações de parentesco biológico recorre-se, habitualmente, ao estudo de polimorfismos de short tandem repeats (STRs) autossómicos para obtenção do perfil genético dos indivíduos e posterior averiguação de possíveis relações biológicas. No entanto, surgem por vezes perícias complexas, sejam devidas ao tipo de intervenientes da perícia, sejam devidas a alterações genéticas (mutações), que exigem o recurso a outro tipo de marcadores genéticos, nomeadamente STRs dos cromossomas sexuais, tanto do cromossoma Y como do cromossoma X. No caso do cromossoma X, o seu padrão de hereditariedade faz com que seja frequentemente utilizado em situações de ausência de um dos progenitores. O presente trabalho tem como principal objetivo expor alguns casos de investigações de parentesco biológico em que a análise do cromossoma X se revelou de extrema importância para a sua resolução, tanto em casos de um trio (pretenso pai - mãe - filha), como em situações de ausência de pelo menos um progenitor biológico, tanto em casos de exclusão como em casos de não exclusão. Relativamente à metodologia laboratorial, as amostras biológicas foram extraídas com Prep-n-Go Buffer (Applied Biosystems™) e com Chelex® 100 (Sigma-Aldrich®), amplificadas para STRs autossómicos com os kits GlobalFiler™ PCR Amplification Kit (Applied Biosystems™) e PowerPlex® Fusion 6C System (Promega Corporation), e amplificadas para STRs do cromossoma X com Investigator® Argus X-12 QS Kit (Qiagen). A análise de fragmentos foi efetuada por eletroforese capilar no sequenciador automático 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems™) e analisadas com o software GeneMapper® ID-X 1.4 (Applied Biosystems™). A análise estatística foi realizada utilizando o programa Familias 3. A análise de STRs do cromossoma X nos casos apresentados revela-se fundamental como reforço dos resultados dos STRs autossómicos no sentido de não exclusão da paternidade em perícias com valores baixos de IP devido, por exemplo, a mutações ou alelos nulos, e também como reforço de exclusão em perícias sem amostra de pretenso pai.
