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Abstract(s)
Introdução: Os crimes sexuais constituem um dos maiores desafios da Medicina Legal, tanto pela complexidade técnico-científica envolvida como pela sensibilidade das situações. Na maioria dos casos, as análises forenses concentram-se na identificação genética do agressor. Contudo, a deteção de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) nas amostras biológicas recolhidas pode fornecer evidência complementar de elevado valor probatório, permitindo sustentar a existência de contacto sexual e, simultaneamente, assegurar o adequado encaminhamento clínico da vítima. O presente estudo teve como objetivo aplicar a técnica de PCR em tempo real (RT-PCR) para a deteção de microrganismos responsáveis por ISTs, a partir de amostras colhidas a vítimas de agressão sexual.
Material e métodos: Analisaram-se 231 amostras biológicas (zaragatoas vaginais, retais e orais) colhidas entre 2004 e 2017 e armazenadas a -20ºC. A deteção e amplificação do material genético foi realizada através de RT-PCR, utilizando primers específicos para os principais agentes etiológicos de ISTs: Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis e Treponema pallidium.
Resultados e discussão: Foram detetados 11 casos positivos para Chlamydia trachomatis e 13 para Trichomonas vaginalis. A técnica de RT-PCR revelou-se útil na deteção de DNA de microrganismos responsáveis por ISTs mesmo em amostras antigas e degradadas. A robustez desta técnica é pode ser especialmente útil quando a evidência biológica disponível é escassa ou comprometida. A ausência de deteção de Neisseria gonorrhoeae e Treponema pallidium poderá dever-se à sua menor prevalência na população estudada ou a limitações associadas à degradação das amostras, devido ao tempo de armazenamento e também ao facto de nem todos os microrganismos, mesmo existindo a IST, terem uma distribuição e/ou localização com igual padrão. Os resultados confirmam a utilidade das metodologias moleculares na deteção de microrganismos responsáveis por ISTs como complemento à identificação genética humana, contribuindo para caracterizar o tipo de contacto sexual e apoiar o encaminhamento clínico da vítima. A deteção de ISTs pode ainda constituir prova adicional com relevância jurídica, sobretudo em casos com transmissão comprovada. A aplicação eficaz da técnica a diferentes tipos de amostras (vaginais, retais e orais) reforça o seu valor no em contexto forense.
Conclusão: A técnica de RT-PCR demonstrou ser uma ferramenta valiosa na análise de amostras forenses no âmbito de crimes sexuais, contribuindo para a o encaminhamento da vítima. A sua integração nos protocolos forenses para crimes sexuais deve ser considerada uma mais-valia.
Description
Poster apresentado no 23º Congresso Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, INMLCF, IP, Aveiro, 16-18 out 2025
Keywords
Infeções sexualmente transmissíveis IST crimes sexuais microbiologia forense
