AM - CM - ECCA - Estudo das Crises e dos Conflitos Armados
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Browsing AM - CM - ECCA - Estudo das Crises e dos Conflitos Armados by Author "Borges, João Vieira"
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- A Batalha de Almanza : O sangue da afirmação de PortugalPublication . Borges, João VieiraA 25 de Abril de 1707, um exército Aliado de cerca de 16.000 homens, sob o comando do 2º marquês das Minas e do conde de Galway foi derrotado em Almansa, no âmbito da Guerra da Sucessão de Espanha (GSE), por um exército com cerca de 25.400 homens sob o comando do duque de Berwick, designado Exército das Duas Coroas. Depois de um sucesso grandioso para os aliados, com a conquista de Madrid a 28 de Junho de 1706 ainda com D. Pedro 11 no trono de Portugal, D. João V iniciava o seu reinado com uma derrota militar que, para muitos analistas, teria sido decisiva para o desenrolar da GSE, pelo menos no que respeita às repercussões no teatro de operações da Península Ibérica. A análise que se segue inclui a participação de Portugal na GSE e uma descrição pormenorizada da batalha. Faremos, posteriormente, uma outra análise da batalha de Almansa no âmbito da GSE, à luz dos princípios da guerra, sem esquecermos os factores de degradação e as consequências políticas, económicas e militares da mesma contenda. Terminaremos, adiante, com algumas mensagens em jeito de considerações finais. Aprendemos com os nossos mestres que se devem tirar lições da História e aprender com a experiência de todas as gerações, mesmo (ou, sobretudo) quando sofremos as mais pesadas derrotas. Apesar desta batalha ter constituído um marco no desenrolar da GSE na Península Ibérica (sobejamente negativo para as hostes portuguesas e aliadas), muitos outros marcos determinariam o resultado final da guerra. No entanto, e na linha da análise escrita por Carlos Selvagem, não podemos deixar de destacar que o sangue derramado pelos portugueses nesta batalha e neste conflito, contribuiu de modo muito significativo para a afirmação de Portugal no concerto das nações da Europa, poucos anos depois de se ter tornado independente da vizinha Espanha. Da bibliografia histórica destacaríamos as fontes primárias que nos foram facultadas pelo Arquivo Histórico Militar, em especial o Diário Bélico, de Frei Domingos da Conceição e duas cartas do marquês das Minas dirigidas ao secretário de Estado, Diogo de Mendonça Corte-Real. Gostaríamos de agradecer o apoio que nos foi dado na revisão pelo Mestre Eurico Dias e pelo Dr. Pedro de Avillez e, sobretudo, o grande incentivo e colaboração que nos foram dados pelo Coronel Carlos Gomes Bessa (da CPHM), que inclusivamente nos cedeu um texto inédito da sua autoria, com o título Ocorrências militares no reinado de D. João V, em que aborda, com muito rigor e sentido crítico, a referida batalha de Almansa.
- D. Miguel Pereira Forjaz (1769-1827)Publication . Borges, João VieiraA Academia Militar é, em todas as Nações, reserva de Tradição, de História, de valores e duma Estética Militar cujo carisma emociona os cidadãos e marca profundamente os Cadetes. Portugal tem na sua AM o orgulho natural duma Nação secularmente sábia, na defesa da sua liberdade e independência e na formação intelectual das gerações portuguesas. O Exº General Alexandre Correia Leal, ilustre Comandante da Escola do Exército, propôs no ano de 1953, ao douto Conselho Escolar, que fosse adoptado para cada curso de entrada um patrono, figura simbólica e expressiva da nossa História, que servisse de guia e de rumo aos alunos desse curso. A ideia mereceu a mais calorosa aprovação tendo sido escolhido como Patrono do curso de entrada de 1953, "VIRIATO, Capitão da Lusitânia", e sido elaborado um folheto alusivo pelo então Ten Cor Alfredo Pereira da Conceição. Desde então e durante os últimos 40 anos, vários foram os Patronos dos diversos cursos, como D. Pedro I, D. Duarte, D. Cristóvão da Gama, António da Silveira e outros, todos eles "Primeiros entre os Primeiros" que serviram de modelo espiritual, pelas suas virtudes e qualidades aos diversos cursos de entrada. Cadete do curso de entrada na AM de 1993-1994! Esperamos que a descrição que a seguir vais ler, entre profundamente no teu espírito, faça vibrar a tua emoção, fortalecer os teus sentimentos e florescer a tua vocação militar, como exemplo dado sem tréguas por D. MIGUEL PEREIRA FORJAZ. E, se assim for, o século XXI, poderá ver-te nos mais altos cargos da nação, capaz de repetir os mesmos lances de heroísmo, decisão e capacidade organizativa, demonstrados pelo teu Patrono e que contribuíram para fazer a grandeza deste país. De D. MIGUEL PEREIRA FORJAZ, pouco se sabia e pouco continuaremos a saber, apesar da grandeza da sua obra como militar e homem de estado. Este trabalho, inicialmente de compilação mas transformado pela inexistência de qualquer estudo anterior, em trabalho de investigação, encheu-nos de honra e satisfação (pela descoberta de novas verdades!) e contou com o apoio de várias entidades/personalidades (vidé agradecimentos), que, em parte, compensaram as limitações de tempo e de "conhecimento" do autor. Esperamos que se torne na "Semente" que algum de vós ou qualquer outro historiador, fará germinar, no sentido de dar continuidade ao estudo de tão ilustre figura da nossa História, a bem da verdade histórica, a bem de PORTUGAL!
- Da Segunda Guerra Mundial à Guerra ColonialPublication . Borges, João VieiraA honra do desafio que nos foi lançado pela direcção do IDN, tem "atrelada" uma responsabilidade acrescida pelo simples facto de desempenharmos, simultaneamente, as funções de membro da comissão de organização do seminário e as funções de professor regente da disciplina de "Historia do Pensamento Estratégico" no âmbito do Mestrado em História Militar, na Academia Militar. No entanto, a tarefa foi de algum modo facilitada pelas pistas implícitas nos trabalhos de Hervé Coutau-Bégarie e, em particular, na sua obra Tratado de Estratégia, mas sobretudo pelos estudos recentes de António Horta Fernandes e de António Paulo Duarte. Depois de constatarmos que durante o período em análise, ou seja entre 1945-1961, a Estratégia constituiu um domínio quase exclusivo dos pensadores e das escolas militares, orientámos o nosso esforço de pesquisa no sentido de descortinarmos, no esteio das escolas militares, os artigos e as obras sobre Estratégia publicadas em Portugal. Assim, os caminhos da pesquisa apontaram mais facilmente para o recente Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM), para a Escola Naval e para a Academia Militar, onde encontrámos algumas obras de professores de referência e alguns artigos na Revista Militar e nos Anais do Clube Militar Naval, citando alguns exemplos. Este período, que abarca os pensadores da "Estratégia das Origens" e da "Estratégia ao serviço da Guerra", não tem ainda, em termos mundiais, a sistematização que lhe viria a dar o General Beaufre em 1963 com a sua Introdução à Estratégia. Como metodologia, começaremos pela visão global (dos factos nuclear e subversivo) no sentido de melhor entendermos a Visão nacional (da consolidação do Estado Novo e da recuperação de um Portugal fundador da NATO, mas marcado pelo "pecado colonial", do atraso da admissão ONU, das profundas reformas nas Forças Armadas Portuguesas, etc.). Só depois tentaremos caracterizar as obras e os pensadores deste período, numa perspectiva de evolução do conceito e da sua aplicabilidade no âmbito das opções estratégicas nacionais. Não esqueceremos ainda a influência da evolução do fenómeno da guerra e de outras escolas de Estratégia. Terminaremos ainda com umas considerações finais, em jeito de conclusão, na esperança que se tornem num Incentivo para um debate mais alargado e também para uma pesquisa mais cuidada.
- A Demografia e a EstratégiaPublication . Borges, João VieiraA "Ordem de Yalta", caracterizada peia Guerra Fria entre as duas superpotências. EUA e URSS, pela "guerra Improvável e paz impossível' de Raymond Aron, foi o período de excelência da Estratégia da Dissuasão, em que esta buscava essencialmente as melhores formas da não-guerra e a gestão das situações de crise. Era, apesar de tudo, uma Ordem estável, pois conheciam-se as ameaças, avaliavam-se os riscos, mediam-se as forcas e previam-se as reacções. A população, como factor de poder, perdeu então a sua importância ancestral, devido ao "equilíbrio de terror" proporcionado pela bomba nuclear. A queda do Muro de Berlim, ocorrida em 9Nov1989, marcou simbolicamente o fim dessa Ordem, e passámos, desde então, a viver num período acelerado de transição, para aquilo que poderá vir a ser uma Nova Ordem Internacional, mas que, entretanto, não é mais do que uma "Desordem Mundial" ou, como lhe chama Gérard Chaliand, uma "Seiva das Nações". Em termos da natureza e concepção política dos Estados, passámos a viver num "sistema homogéneo", em que a maioria das unidades políticas "cultiva" a democracia tipo ocidental e a economia de mercado, num sistema político internacional "unipolar de hegemonia não arrogante, protagonizado pelos EUA, a caminho de um sistema multipolar, mas com um peso substancialmente maior dos restantes actores internacionais, com destaque para as Organizações Internacionais, para as Pessoas Colectivas não Estaduais e para as Pessoas Singulares. Nesta transição, caracterizável como da idade das redes, onde tudo se cruza, destacamos alguns elementos geradores de tensão: a grande velocidade e complexidade das mudanças; as tensões sociais e conflitos regionais de média e baixa intensidade (motivados por razões de ordem territorial, étnica, política e religiosa) especialmente nas instáveis zonas do Sul; o crescimento em número e importância das operações de apoio à paz; o crescimento das ameaças globais. como o terrorismo internacional e a proliferação de armas de destruição maciça, ou outras não essencialmente militares como a droga, e a degradação do ambiente; a expansão dos meios de comunicação de massas, com a ruptura do monopólio estatal da informação e a penetração das fronteiras nacionais e pessoais; a globalização das relações, dos acontecimentos e dos problemas; o aparecimento de tendências supranacionais que podem conduzir à formação de novas unidades políticas mais vastas (grandes espaços); a crise das ideologias e o renascer dos fundamentalismos; e a explosão demográfica, com a consequente urbanização e o acentuar das diferenças entre os mais ricos e os mais pobres. Na prática, os novos fluxos transnacionais — económicos, culturais, humanos e tecnológicos — que escapam, em maior ou menor grau, ao controlo dos Estados, contribuem para volatilidade, incerteza e insegurança do actual Sistema Político Internacional, e para a necessidade de repensar novas noções, como as de Fronteira, Nação e Soberania, e novos valores, como o de Família, Segurança e Ética, e para aquilo que Poirier designa de "crise dos fundamentos" da Estratégia e mesmo da Política. Com este enquadramento do Sistema Político Internacional, torna-se difícil prospectivar o século XXI, o qual será fundamentalmente analisado até ao ano 2025, enquadramento importante numa prospectiva da relação entre a Demografia e a Estratégia. Entre os vários cenários do futuro Sistema Internacional optámos pelo equilíbrio das potências, defendido como mais provável por Henry Kissinger: "O sistema internacional do século XXI será caracterizado por uma aparente contradição: por um lado, fragmentação; por outro, globalização crescente. Ao nível das relações entre Estados, a nova ordem aproximar-se-á mais do sistema europeu de Estados dos séculos XVIII e XIX do que do modelo rígido da Guerra Fria. Incluirá, pelo menos, seis potências: os EUA, a Europa, a China, o Japão, a Rússia e, provavelmente, a Índia, bem como uma multiplicidade de países de tamanho médio e mais pequenos... . O crescimento populacional que se tem desenvolvido nos últimos anos, de 1,6 para 6 biliões de habitantes só neste século, e o que se prevê para os próximos anos, cerca de 9.4 biliões em 2050, a um ritmo diferente nas grandes regiões do globo, criará uma heterogeneidade demográfica tal, que poderá alterar, durante o século XXI, as relações de poder ao nível das relações internacionais e as posições relativas dos países. A preocupação com este crescimento da população mundial, que tem como referência histórica o "Ensaio sobre o Princípio da População", de Thomas Robert Malthus, voltou a renascer neste século, como atestam as diferentes conferências mundiais sobre população, realizadas sobre os auspícios da ONU, em Bucareste (1974), no México (1984), no Rio de Janeiro (1992) e no Cairo (1994). O objectivo final destas conferências centrou-se invariavelmente na "busca do equilíbrio entre a população e os recursos e entre a protecção do ambiente e o desenvolvimento económico". Questões como o envelhecimento médio da população dos países desenvolvidos, o aumento "explosivo" da população em países subdesenvolvidos, a degradação do ambiente e a alteração do equilíbrio da dependência, a crescente concentração da população mundial em áreas urbanas e a nova geopolítica demográfica, que divide a "Cidade Global" em duas partes distintas, serão origem provável de novos factores de conflito no século XXI. Segundo Hervé Le Brás, "O demónio Demográfico substituiu o Demónio Atómico" após a queda do muro de Berlim. Não tendo uma postura tão drástica ou redutora, abordaremos, de seguida, as consequências para a Estratégia da evolução demográfica prevista pelas NU para o século XXI, nas seguintes perspectivas: — A Demografia como "Instrumento" da Estratégia; — A Demografia como "Objecto" da Estratégia; — A Demografia como "Explosor" da Estratégia; — Da importância do estudo da "Estratégia Demográfica".
- Evolução do pensamento estratégicoPublication . Borges, João VieiraA Estratégia é estudada e aplicada diariamente em Portugal, nos E.U.A., na China, na Rússia, na União Europeia, nas grandes empresas de Tóquio a Berlim, enfim, em diferentes unidades políticas e "organizações" que têm em comum a necessidade de possuírem bons líderes para atingirem os seus objectivos, sejam eles de âmbito político, militar ou empresarial. Talvez esta seja uma explicação para o facto dos estudiosos e os "homens de acção" encontrarem a Estratégia em obras e pensadores de referência, oriundos de vários espaços e tempos, com formas de pensar tão diferentes como Sun Tzu e Clausewitz. Para o General Abel Cabral Couto (O Homo strategicus, p. XVII) os grandes pensadores da Estratégia são, entre outros, Lidell Hart, André Beaufre, A. Rapoport, L. Poirier, H. Eccles, J. P. Charnay, T. Schelling, E. Luttwak e Raymond Aron. Para o General José Alberto Loureiro dos Santos (Reflexões sobre Estratégia, 2000, pp. 75-77), os grandes protagonistas da Estratégia podem ser agrupados em quatro grandes conjuntos: os inovadores, os visionários, os realizadores e os doutrinadores. Entre os inovadores e visionários, este autor destaca figuras como Confúcio, Buda, Jesus Cristo, Lao Tsé, Maomé ou Karl Marx. Entre os realizadores destaca, entre outros, Epaminondas, Alexandre, Aníbal, Júlio César, Cortez, Napoleão, Rommel e Churchill; e, entre os doutrinadores, destaca nomes como Clausewitz, Lidell Hart, Raymond Aron e Beaufre. O General Loureiro dos Santos destaca ainda que "...nem sempre existem grandes fronteiras entre as características dos grandes protagonistas da Estratégia. Há muitos que são simultaneamente inovadores e realizadores, ou realizadores e doutrinadores, ou visionários e realizadores, bem como doutrinadores. Grande parte dos protagonistas da Estratégia atrás referidos são pouco conhecidos do público em geral e as suas obras são, inclusivamente, pouco lidas pelo público especializado, apesar de citadas frequentemente. A Estratégia, entendida hoje como a "Ciência do Conflito" ou relacionada (e confundida) frequentemente com o "Planeamento de Médio e Longo Prazo", tem nos nossos dias campos de aplicação muito vastos, desde a Economia à guerra de informação, compreendendo diversos aspectos multidisciplinares que claramente dificultam o seu estudo e análise particular. Deste modo, no sentido de facilitar a compreensão da evolução do pensamento estratégico, optámos pelo critério cronológico e pelo método de análise das grandes obras e dos grandes pensadores (os doutrinadores e alguns realizadores) da Estratégia.
- John Frederick Charles Fuller (1878-1966) "Do Estratego ao Estrategista"Publication . Borges, João VieiraJohn Frederick Charles Fuller, General inglês e escritor, que marcou o período das duas guerras mundiais pelas suas acções e pelos seus escritos, é bem conhecido nas diferentes escolas militares, desde o Reino Unido à França, assim como nos diferentes institutos e universidades, que abordam assuntos da área da Segurança e Defesa. No entanto, em Portugal, é pouco estudado nos estabelecimentos militares de ensino superior e praticamente desconhecido no meio académico civil. Daí o facto de termos aceite o desafio de escrever um pequeno texto sobre a vida e obra de Fuller, no sentido de transmitirmos, a um público mais vasto e leitor assíduo da revista Estratégia, o conhecimento mínimo e as pistas necessárias e adequadas a estudos de maior profundidade. Encontrámos a obra de Fuller, pela primeira vez, no Instituto de Altos Estudos Militares, aquando do Curso de Promoção a Oficial Superior, no inicio dos anos 90 e na sequência de um trabalho sobre " A influência da tecnologia sobre a arte de comandar ". Nessa altura, a obra "A influência do Armamento na História" (com tradução do então Major Loureiro dos Santos), marcou-nos profundamente, quer sobre o ponto de vista da objectividade das suas teses, quer sobre a perspectiva da aplicabilidade das várias ciências ao conhecimento militar. Alguns anos depois, e já na Academia Militar, passámos a utilizar a figura de Fuller como referência dos trabalhos relativos a "Pensadores da Estratégia", distribuindo aos futuros oficiais um pequeno texto intitulado "Do General ao Escritor". Escrever sobre alguém (do General como decisor e estratego, ao Escritor como investigador e estrategista) que tem no seu currículo uma carreira militar com acções consoantes com as suas teorias e, simultaneamente, com cerca de 40 obras (entre 1907 e 1965) e 100 artigos publicados em jornais e revistas, é tarefa sempre inacabada, sobretudo se pensarmos que grande parte dos seus estudos constituem referência bibliográfica obrigatória de temas que vão desde a História Militar, à Táctica e a Estratégia. Assim, e depois de uma leitura atenta das suas principais obras e de um estudo cuidado da sua vida, optámos por uma metodologia de análise que passará por uma síntese biográfica (entender a pessoa), a que se seguirá uma análise do Estratego ao Estrategista (a sua acção e obra), para terminar com umas considerações finais, que esperamos levem os espíritos mais curiosos à leitura, sempre actual, da obra de Fuller.
- A nova estratégia de Segurança Nacional dos EUA 2015Publication . Borges, João VieiraNo passado dia 6 de Fevereiro de 2015, foi publicada a nova Estratégia de Segurança Nacional (National Security Slrategy 2015 — NSS 2015) dos Estados Unidos da América (EUA), a segunda da era Obama, desde a sua tomada de posse como Presidente, a 20 de Janeiro de 2009. Aguardava-se, com alguma curiosidade, a publicação desta nova NSS (a última tinha sido publicada em Maio de 2010), atrasada sistematicamente por questões internas, mas sobretudo pelos acontecimentos recentes, designadamente, pelo conflito da Ucrânia e pelo peso crescente do Estado Islâmico (na NSS 2015 citado como "Islamic State oflraq and the Levant' — ISIL) enquanto pessoa coletiva não estadual. Aparentemente "ganha" a batalha política do Iraque e do Afeganistão, com o cumprimento da prometida retração, o Presidente Obama e a administração democrata, precisavam de mostrar aos EUA e ao Mundo em geral as lições aprendidas da aplicabilidade da sua "Estratégia de Envolvimento Global" constante na NSS de 2010. O facto de Obama ter assumido na praxis politica uma postura mais multilateral para enfrentar os conflitos internacionais, afastando-se, sempre que possível, de qualquer tipo de intervenção militar "direta", nomeadamente, no que respeita aos conflitos na Síria, na Ucrânia ou decorrentes das múltiplas ações do Estado Islâmico, tem constituído uma fonte inesgotável de críticas, em especial por parte da oposição interna. Por outro lado, as opções recentes pelos cortes orçamentais na defesa e por uma aproximação estratégica ao Irão e a Cuba tem levado a debates internos, de tal modo intensos, que têm afetado inclusivamente a tradicional postura nacional de unidade relativamente às grandes questões de política externa ou de segurança e defesa nacional. Neste sentido, a nova NSS era esperada como "a resposta" estrutural, consistente, coerente e teórica a uma prática de difícil enquadramento conceptual em face do seu carácter de reatividade e discricionariedade. Esta instabilidade ao nível da defesa, decorrente da retração do investimento numa área transversal e determinante para os EUA, mas também de opções estratégicas discutíveis, tem uma relação direta com o facto de Barack Obama já ter dado posse a quatro ministros da defesa (Secpetary o/ Defense), desde que tomou posse em 2009, a saber: no início da sua administração, manteve o republicano Robert Gates no cargo (que vinha da administração Bush, desde 18 de dezembro de 2006), até Leon Panetta assumir funções, a 1 de julho de 2011; Panetta seria substituído por Chuck Hagel, a 27 de Fevereiro de 2013, por razões ligadas aos sucessivos cortes orçamentais efetuados nas Forças Armadas; Hagel, por sua vez, deixaria as suas funções, menos de dois anos depois, por razões ligadas a stress e a opções estratégicas discutíveis ligadas ao Estado Islâmico; o novo ministro, Ashton B, Caner, foi secretário de estado da defesa entre 2011 e 2013 (como assumido "tecnocrata" fez carreira no ministério), tendo assumido as novas funções a 17 de Fevereiro de 2015, poucos dias depois da publicação da nova NSS (é um dos poucos Ministros da Defesa da História dos EUA que nunca usou uniforme). Por outro lado, quer o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros (Secretary ofStale John Kerry, que substituiu Hillary Clinton) quer a conselheira para a defesa nacional (National Securitv Aclviser — Susan Rice, que substituiu Thomas Donilon) assumiram funções já em 2013, em plena segunda legislatura (Obama, a 21 de Janeiro, Kerry, a 1 de Fevereiro e Rice, a 1 de Julho), denotando, ambos, alguma falta de "habilidade política" para resolverem as questões mais sensíveis.
- As novas e antigas ameaças para Portugal e EspanhaPublication . Borges, João VieiraNum momento de mudança do sistema político internacional em que vivemos em simultâneo as crises financeiras, de recursos, de valores, de lideranças, demográfica e ambiental, abordar a questão das ameaças torna-se ainda mais complexo. Efetivamente, se é indiscutível que as ameaças constituem umas das variáveis mais importantes do planeamento estratégico, por outro lado, são hoje mais globais, mais desmilitarizadas, menos territoriais, e inclusivamente mais difíceis de identificar e caracterizar. No sentido de entendermos melhor a diferença entre as antigas e as novas ameaças, começaremos por caracterizar esta variável estratégica de todos os tempos, para depois analisarmos as percepções que hoje os cidadãos (e em particular os portugueses e os espanhóis) têm em relação às ameaças. Compararemos depois estas percepções com a realidade institucional, materializada nos ciclos de planeamento estratégico de Portugal e Espanha, e terminaremos com umas considerações finais em jeito de conclusões, mas também de prospectivas de âmbito estrutural para a Segurança e Defesa nos dois países da Península Ibérica.
- Patronos da Escola do Exército e da Academia Militar : Tradição e CoesãoPublication . Borges, João VieiraA Escola do Exército (EE) e a Academia Militar (AM), como instituições militares de ensino superior do nosso País, foram e continuam a ser possuidoras das mais vastas e nobres tradições, que se enraízam na existência da própria instituição militar e nos fundamentos de Portugal como soberano. Formadoras de sucessivas gerações de líderes (homens e mulheres, civis e militares destinados aos três ramos das Forças Armadas e, mais recentemente, à GNR), que foram e são protagonistas da própria História de Portugal, contribuíram e continuarão a contribuir para a consolidação de uma verdadeira "armadura espiritual" do Estado. A presente obra representa uma colectânea dos Patronos da EE e da AM I , construída ao longo de cinco décadas por ex-alunos, que respeitaram os desígnios estabelecidos pelo General Alexandre Corrêa Leal, quando em 1953 definiu, pela primeira vez, os Patronos dos cursos como "uma figura simbólica e expressiva da nossa História, que servisse de guia e de rumo aos alunos". O Patrono passava, a partir de então, a constituir uma personalidade notável, uma "estrela" brilhante para a alma, um exemplo a seguir, de amor à pátria e à justiça, de obediência ao dever e ao sacrifício e de respeito pelas leis e pelo Homem. Passados 50 anos, constatamos que os Patronos, entendidos simultaneamente como protectores e como guias, são identificados com um militar português de reconhecido valor (militar e moral), e constituem simultaneamente Tradição e Coesão para todos aqueles que escolheram voluntariamente a carreira das armas "de sacrifícios, de lutas e de canseiras". Tradição, porque os Patronos têm sido um instrumento de transmissão de valores, de virtudes militares, e de conhecimento histórico ao longo de 50 anos e a cerca de 5.000 alunos, desde o curso "Viriato" (finalistas 1953/54), até ao curso "General Fortunato José Barreiros" (entrada 2003/04).Mas também Coesão, porque os objectivos, que o General Corrêa Leal estabeleceu passavam pela criação de um elo forte de ligação entre os jovens desde o Minho a Timor (e hoje ao Algarve ou às Flores), que enfrentavam, pela primeira vez, a instituição militar e que, passados 25 ou 50 anos, voltam com saudade e grande espírito de camaradagem à sua casa-mãe.
- Portugal militar no início do século XIXPublication . Borges, João VieiraComo comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea nº 1, que ocupa as instalações do Palacete da Arcada em Queluz, mandado construir por D. João VI, é com redobrada satisfação que abordo o Portugal Militar no início do Século XIX, afinal o período em que o primeiro dos meus antecessores se debatia com os problemas inerentes à instalação de uma Guarda Real de Infantaria e Cavalaria que protegesse a família Real, que tinha o Palácio de Queluz como residência oficial desde o incêndio na barraca real da Ajuda. O período que vou de seguida analisar em termos do Portugal Militar no início do século XIX, vai desde a Guerra do Rossilhão, como símbolo da nova guerra revolucionária, até à partida de uma armada com 15 000 portugueses para o Brasil, na sequência da primeira invasão francesa. (...) Vejamos então de que modo o Portugal militar no início do século XIX condicionou ou foi condicionado pela estratégia nacional.