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Abstract(s)
A promessa iluminista do século XVIII de que o ser humano passara a ser dono e senhor da Natureza à luz da razão e das conquistas da ciência e da tecnologia sofreu um duro revés com o advento do Antropoceno. Essa visão providencialista da História colheu a unanimidade do pensamento filosófico e político de então e permaneceu intacta no século seguinte, beneficiando da concordância de diversas correntes ideológicas, desde os liberais até aos marxistas. Vingou ainda durante o século XX, onde a ideia de bem-estar e felicidade, inflamada pela sociedade de consumo que entretanto surgira, se encontrava associada a cada novo dispositivo tecnológico lançado no mercado. Neste contexto, o Antropoceno atuou como a luz amarela de um semáforo de trânsito, avisando que seria impossível crescer infinitamente num planeta finito. Sobre a natureza do Antropoceno têm sido criadas algumas narrativas, desde cosmovisões apocalípticas, até à fé da humanidade de se superar a si própria e à Natureza. De todas essas narrativas, as mais representativas são a eco-catastrofista, que advoga uma alteração profunda nos padrões de consumo e produção, e a naturalista, adepta do desenvolvimento sustentável. Entretanto, uma terceira narrativa, a pós-naturalista, tem vindo a ganhar terreno junto dos decisores políticos e empresariais. A narrativa pós-naturalista retoma a promessa iluminista através da opção por grandes projetos de geoengenharia. Os seus defensores reconhecem a ameaça que as alterações climáticas e restantes limites planetários representam para a humanidade, mas, apesar desse conhecimento, não atuam de maneira a evitar os danos que a ciência projeta para um futuro próximo. Pelo contrário, podem até agravá-los. Agem, assim, em sentido contrário ao seu melhor interesse, revelando sintomas de acrasia coletiva. É nesta moldura que a presente pesquisa se encaixa, discutindo as razões desse eventual estado coletivo acrático, patologia para a qual terá de ser encontrada uma solução.
Description
Comunicação oral apresentada na VI Conferência Rumos da Sociologia do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia, organizada pela Associação Portuguesa de Sociologia e realizada na Universidade Nova de Lisboa em 22 de novembro de 2024.
Keywords
Acrasia coletiva Antropoceno Ciência e Tecnologia Geoengenharia
Pedagogical Context
Citation
Basto, R. S. (2024, 22 de novembro). A geoengenharia como sintoma de acrasia coletiva. Comunicação oral apresentada na VI Conferência Rumos da Sociologia do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal.
