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Dimas Neves Domingues, Pedro Miguel

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  • Desenvolvimento e validação de um método analítico multi-substâncias por GC-MS, em sangue total, com fins forenses
    Publication . Ferreira, Ana Beatriz; Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Franco, João Miguel; Domingues, Pedro
    Introdução: Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento do consumo ilícito de cocaína, de opiáceos e de novas substâncias psicoativas (NSP), quer de forma isolada quer em simultâneo. Esta última situação, ou seja, a presença de mais do que um grupo de drogas de abuso (DA) numa amostra, traduz-se, em termos analíticos, no desafio de se desenvolver metodologias capazes de analisar em simultâneo várias classes de compostos alvo – os chamados métodos multi-drug (multi-analitos). Estes métodos procuram otimizar o circuito laboratorial e, consequentemente, reduzir os tempos de resposta e respetivos custos associados. Por continuar a ser a técnica mais comum nos laboratórios de toxicologia forense, o desenvolvimento de métodos que incluem a GC-MS continua a ser uma realidade. Tal fica a dever-se quer à robustez e facilidade de utilização desta tecnologia, quer à sua capacidade para cumprir os requisitos atualmente exigidos em termos de análise de DA. Neste trabalho, pretendeu-se desenvolver e validar um método analítico multi-drug, utilizando a extração em fase sólida (SPE) e GC-MS, para detetar e quantificar 23 DA pertencentes aos grupos da cocaína, dos opiáceos e das NSP, em amostras de sangue total ante e/ou post mortem. Material e Métodos: A metodologia analítica incluiu um procedimento de SPE com recurso a colunas OASIS MCX®, seguida de derivatização por sililação e posterior determinação analítica através de um cromatógrafo Agilent 6890N acoplado a um espectrómetro de massa com um detetor de massas do tipo quadrupólo simples Agilent 5973N. Resultados e Discussão: Para as 23 DA, foram selecionados 3 iões de diagnóstico, entre eles um ião de quantificação, e para os respetivos padrões internos selecionou-se um único ião. Na validação do método, seguiram-se as normas internacionalmente aceites em toxicologia forense, tendo sido avaliados diversos parâmetros. O procedimento revelou-se específico/seletivo para todos os analitos. Devido às distintas concentrações terapêuticas, tóxicas e letais das DA selecionadas, as mesmas foram distribuídas por 3 painéis, a que corresponderam 3 gamas de trabalho (painel 1: 50-4000 ng/mL, painel 2: 5-100 ng/mL e painel 3: 25-1000 ng/mL), de acordo com o intervalo mais adequado. Comprovou-se a linearidade das gamas de trabalho para todas as DA, exceto para a pseudoefedrina, a efedrina, a norefedrina e o TFMPP. Para os restantes 19 analitos, verificou-se a heterocedasticidade dos dados, tendo sido estudados 6 modelos de regressão linear ponderada. O fator de ponderação escolhido para cada DA foi o que apresentou melhor classificação no ranking final aferido com base no valor médio de r2, no somatório de erros relativos, no limite de repetibilidade e na incerteza expandida, escolhendo-se para a maioria das DA os fatores 1/y1/2 e 1/x2. Relativamente aos limites analíticos, estabeleceram-se limites de deteção (LD) de 25, 2 e 10 ng/mL para os painéis 1, 2 e 3 respetivamente. Para a pseudoefedrina e a efedrina LD=25 ng/mL, e para a norefedrina e o TFMPP LD=50 ng/mL. O método funciona apenas para rastreio destas DA, pois não foi possível determinar o seu limite inferior de quantificação (LIQ), bem como estabelecer uma gama de trabalho adequada. O LIQ das 19 DA quantificáveis corresponde ao nível mais baixo de cada gama de trabalho. Não se observaram fenómenos de arrastamento e o rendimento de extração das DA variou entre 62,07% e 97,14%. Os limites de repetibilidade e os valores de incerteza expandida combinada apresentaram resultados compatíveis com a utilização em rotina para o tipo de amostras em causa. O cumprimento dos critérios de aceitação aplicados à validação demonstra a adequabilidade do método proposto para a análise simultânea de DA em amostras biológicas e em contexto forense, viabilizando a sua aplicação à rotina laboratorial.
  • Canábis Medicinal – um novo Graal?
    Publication . Ferreira, Joana; Castro, André Lobo; Tarelho, Sónia; Franco, João Miguel; Domingues, Pedro
    A Cannabis sativa e os seus sucedâneos constituem o grupo de drogas de abuso mais consumido a nível mundial. A planta contém várias moléculas, entre as quais os fitocanabinóides ?9-tetrahidrocanabinol (?9-THC) e o canabidiol (CBD), sendo que o ?9-THC tem efeitos psicoativos, ao contrário do CBD. Nos últimos anos, vários grupos de trabalho têm sugerido um potencial de ação terapêutica do CBD e do ?9-THC, tema atual e de grande controvérsia. Existem vários recetores canabinóides descritos, mas apenas quatro têm sido estudados com fins terapêuticos: os recetores canabinóides tipo 1 (CB1) e tipo 2 (CB2), o recetor inotrópico TRPV1 e o recetor de serotonina 5-HT1A. A estes recetores podem-se ligar os vários tipos de canabinóides com finalidade terapêutica, incluindo o CBD. Com este trabalho, os autores pretendem avaliar o estado da arte relativamente a este tema através de uma revisão bibliográfica. Os canabinóides têm sido utilizados como abordagem complementar aos tratamentos convencionais, quando estes falham na resposta terapêutica. Vários estudos sugerem que o CBD poderá ter propriedades terapêuticas, nomeadamente, analgésicas, anti-inflamatórias, antipsicóticas, ansiolíticas, anticonvulsivas e provocadoras de efeitos citotóxicos em células cancerígenas, sendo de notar que a sua utilização seria facilitada pela ausência de efeitos psicoativos, não estando associado ao reforço, ao desejo e à compulsividade de abuso. O CBD também atenua os efeitos metabólicos provocados pelo ?9-THC, bem como reduz alguns dos efeitos adversos, como a ansiedade, a sedação e a taquicardia, sendo benéfico no tratamento da epilepsia e da dor. Deste modo, o CBD terá papel protetor contra a danificação do cérebro provocada pelo uso de canábis recreativo e, por isso, útil no controlo da dependência. Também foi sugerido ter efeitos preventivos na quimioterapia em células do carcinoma colorretal, protegendo o DNA de danos oxidativos com o aumento da concentração de endocanabinóides. O CBD também se terá mostrado eficaz combinado com medicamentos antiepiléticos e antipsicóticos. O Sativex, constituído por ?9-THC e por CBD ativos com uma proporção de 1:1, é o único medicamento autorizado pelo INFARMED em Portugal, usado para o tratamento de espasmos musculares e dor neuropática causados pela esclerose múltipla. O verdadeiro potencial terapêutico do CBD, bem como o seu mecanismo de ação, só recentemente tem sido alvo de estudos, pelo que ainda há muita incerteza associada à sua real eficácia. Concretamente, a ação do CBD na administração conjunta com medicamentos convencionais prescritos no tratamento de determinada patologia não é, ainda, consensual. Especificando, existem dúvidas sobre se a melhoria dos sintomas se deve ao CBD, à interação droga-droga ou apenas ao medicamento convencional. Os efeitos, quer comportamentais, quer metabólicos, da interação entre o THC e o CBD também são insuficientemente compreendidos e ainda existem dúvidas sobre se a melhor terapêutica é apenas com CBD ou numa combinação de CBD com THC. Como qualquer medicamento, o CBD não é apropriado para todas as pessoas e para todas as patologias e os seus efeitos adversos devem ser considerados antes da toma destes produtos. Em Portugal, e à exceção do Sativex, os produtos de CBD são vendidos como suplementos alimentares e, consequentemente, não são controlados pelo Infarmed, quer na potência do CBD, quer no conteúdo de outros constituintes. Assim, afigura-se premente a regulamentação deste mercado, clarificando inequivocamente o contexto terapêutico, diferenciando-o de todos os outros.