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Abstract(s)
A transformação dos paradigmas sociológicos permitiu a abrangência teóricoconcetual de novas problemáticas sociais escolares, passando-se a considerar cada vez
mais a comunidade educativa e, dentro dela, o aluno enquanto sujeito ativo e
integrante do seu próprio processo educativo. Assim, enquadrado numa “cultura
organizacional escolar” produzida de forma participada pelos diferentes atores, nas
relações que mantêm uns com os outros, nos diferentes espaços e momentos e com
os próprios saberes, o aluno, constitui-se um sujeito (co)autor da sua escolaridade.
A literatura, debruçando-se sobre as vivências e sentidos dos alunos sobre a
escola e o saber escolar é unânime em referir que a instituição escolar, apesar de se
ter democratizado, facultando o acesso a todas as crianças e jovens, parece ainda não
ter evoluído de forma correspondente, dando azo a que muitos alunos se mantenham
distantes de uma relação de bem-estar com a escola e com o saber escolar (Abrantes,
2003, 2008; Covell, 2010; Mendonça, 2006; Oliveira, 2009; Osler, 2010; Quaresma,
2011; Rodrigues, 2009; Santos, 2007; Teixeira, 2010, entre outros). Nesta dinâmica
relacional de aprendizagem, o aluno é também alvo de uma nova socialização escolar,
que resulta de estratégias individuais e familiares de correspondência às solicitações
institucionais, nomeadamente dos diversos professores, com vista à ordem social e
escolar (Abrantes, 2011), fundamentais para o bem-estar e para qualquer experiência
escolar significativa.
Partindo destes pressupostos, o desenho da investigação que aqui se apresenta
centrou-se particularmente nas perceções dos alunos sobre o seu processo relacional
com a escola, com o saber e com os outros atores escolares que, traduzidas em
atitudes, posições e disposições diárias, foram confrontadas com o que os professores
perspetivam sobre elas, permitindo-nos avaliar as sintonias e discordâncias, os
encontros e desencontros e que pontes podem sempre ser erigidas, esbatendo
barreiras e estreitando relacionamentos.
A partir da análise dos dados qualitativos obtidos por meios de entrevistas
realizadas a grupos de alunos e a professores, verificámos sintonia entre alunos e
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professores quanto às percepções positivas e de valorização da escola e do saber
escolar reveladas pelos alunos. No entanto, contrariamente ao que os professores
revelam, os alunos preocupam-se com o futuro e não apenas com a satisfação das suas
vontades atuais que a escola também lhes permite. Além disso, alunos e professores
reconhecem valor a uma maior participação nos espaços e momentos da escola,
mesmo na tomada de decisões, enquanto prática ainda demasiada adultocentrada,
que mantem ausentes os alunos, vistos sem capacidades para as vivências
democráticas nos contextos escolares onde se discute e decide muito do que a eles diz
respeito, sem que tenham a oportunidade de se pronunciar. Aliado à critica apontada
pelos alunos de que não têm tempo nem oportunidade para participarem em
atividades para além das aulas, o que os leva a verem a escola como uma “seca”, que
lhes rouba a liberdade e os mantém fechados em salas de aula, tempo demais.
Além disso também construímos o Questionário de Perceções e Vivências
Escolares-Alunos (QPVE-A) que aplicámos aos alunos, através do qual recolhemos
dados que submetemos à análise das qualidades psicométricas das escalas que
revelaram estruturas fatoriais com sentido concetual e índices de consistência interna
bastante aceitáveis, o que nos possibilitou a sua utilização da avaliação do nível de
identificação do aluno com a escola, por meio das escalas: Bem-estar com a escola e
Excesso de tempo escolar; o tipo de relação que os alunos mantêm com o saber, com
as aprendizagens e com as tarefas escolares, através das escalas: Aprendizagem e
tarefas escolares e Avaliação escolar e o tipo de relação que os alunos valorizam
relativamente aos adultos e aos seus pares, com as escalas: Harmonia com os adultos
e Harmonia com os pares.
Os resultados obtidos por meio destas escalas foram analisados através de
estudos diferenciais em função de características pessoais (idade e género), da
definição de escola, do envolvimento e participação nas atividades e decisões da
escola, do percurso e escolaridade futuras e participação dos pais na escola.
Relevância em suscitar o interesse e a necessidade de intervir de modo a que
todas as experiências escolares sejam sempre significativas e promotoras de maior
bem-estar para todos os envolvidos. E, contrariando uma conceção meramente adultrocentrada, alertamos para a
relevância em tornar mais visíveis aquelas que são verdadeiramente as perspetivas dos
alunos sobre o que sentem e experienciam da escola e da sua escolarização, uma vez
que, e segundo constatámos, são muitas vezes dissonantes daquilo que os professores
(e adultos em geral) perspetivam.
Description
Keywords
As discrepâncias de percepções entre professores e alunos Experiências escolares democráticos Cidadania e participação dos alunos Experiências escolares significativas Discrepancies between teachers’ and students’ perceptions Democratic school experiences Citizenship and pupils’ participation Meaningful School Experiences