Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
A garantia da qualidade dos cuidados constitui, atualmente, um objetivo central para as organizações de saúde, resultando da combinação entre a eficácia e eficiência dos processos, a segurança dos clientes e a satisfação das suas necessidades.
Tendo como objetivo promover a qualidade dos cuidados de enfermagem e orientar o exercício profissional dos enfermeiros, a Ordem dos Enfermeiros emitiu em 2002 os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem. Estes descritivos serviram como base para a elaboração de uma ferramenta para avaliar a perceção da qualidade dos cuidados de enfermagem, a Escala de perceção das atividades de enfermagem que contribuem para a qualidade dos cuidados (EPAECQC).
Cabe, no entanto, às organizações de saúde e aos seus gestores, garantir as condições necessárias para promover o bem-estar dos profissionais e a qualidade dos cuidados de saúde, nomeadamente através de boas práticas em gestão de recursos humanos.
De acordo com a literatura, os turnos de enfermagem mais prolongados podem potenciar a fadiga, o stress e a ocorrência de acidentes, comprometendo a segurança e qualidade dos cuidados. No entanto, o nível de satisfação com a prática de turnos mais prolongados (12 horas) não é consensual entre os enfermeiros, sendo muitas vezes preferidos.
Com base nestes pressupostos, desenvolvemos um estudo quantitativo, de acordo com o paradigma positivista e natureza descritivo-correlacional, com o objetivo de avaliar o impacto da duração dos turnos na perceção da qualidade dos cuidados de enfermagem e na satisfação dos profissionais. Para tal, foi elaborado e aplicado um instrumento de recolha de dados, a uma amostra aleatória de 111 enfermeiros de um hospital privado no Porto, com um nível de confiança de 95% e margem de erro de 4,76%, tendo em consideração aspetos éticos. A recolha de dados decorreu entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019.
Após a recolha e análise estatística dos dados, o score médio obtido com a aplicação da escala foi de 80,1 pontos dum total de 96 pontos possíveis da mesma, confirmando a existência de uma perceção da qualidade muito boa.
Ao cruzar as variáveis em estudo, não verificamos uma associação estatisticamente significativa entre a duração dos turnos e a perceção da qualidade total dos cuidados de enfermagem (p>0,05), sendo estatisticamente significativa apenas na dimensão do “bem-estar e autocuidado” (p=0,04).
No entanto, foi possível observar uma associação estatisticamente significativa (p=0,026) entre a duração dos turnos e a satisfação dos profissionais, sendo esta superior em turnos de seis horas, seguida dos turnos de 12 horas e finalmente pelos turnos de oito a dez horas.
Face aos resultados obtidos, o conhecimento da perceção dos profissionais acerca qualidade dos cuidados assim como a sua satisfação com os horários praticados, permitirão a consolidação de práticas ou aplicação de medidas de melhoria continua no âmbito da gestão em enfermagem.
Description
Keywords
Qualidade em saúde Cuidados de enfermagem Segurança do doente Trabalho por turnos