Cuidar da Pessoa com Doença Renal Crónica em Programa Regular de Hemodiálise

Freitas, Vera

http://hdl.handle.net/10400.26/58225

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Authors

Freitas, Vera

Abstract(s)

DRC constitui um problema de saúde pública global, com prevalência significativa em Portugal e impacto negativo na qualidade de vida dos doentes, além de elevados custos para o sistema de saúde. Esta problemática, para além dos custos e desafios já mencionados, tem profundas repercussões na vida dos indivíduos afetados, interferindo significativamente no seu bem-estar físico, emocional e social. Os doentes com DRC enfrentam frequentemente limitações funcionais, cansaço extremo, alterações emocionais como ansiedade e depressão, bem como desafios constantes na gestão diária da sua condição, o que influencia diretamente a sua qualidade de vida e autonomia. Neste contexto, o papel do enfermeiro torna-se crucial, não apenas pela prestação direta de cuidados técnicos, mas sobretudo pelo suporte emocional, promoção da adesão ao Regime Terapêutico (RT), educação para a saúde e capacitação dos doentes e suas famílias. A intervenção especializada da enfermagem visa a melhoria contínua da qualidade (MCQ) de vida destes indivíduos, através de estratégias que minimizam complicações, promovem o autocuidado e potenciam uma adaptação positiva às alterações impostas pela doença. Este relatório tem como objetivo apresentar, de forma crítica e reflexiva, as competências desenvolvidas durante o estágio enquanto Enfermeiro Especialista (EE), constituindo-se como um instrumento de avaliação desse percurso formativo. O estágio decorreu numa Unidade Convencionada de Hemodiálise (UCHD), onde não só foram concebidos dois casos clínicos, que ilustram a aplicação prática das competências especializadas adquiridas, como também, foram realizadas diversas outras atividades e observações descritas ao longo deste documento, com uma análise crítico-reflexiva detalhada. Neste contexto, foi ainda explorada a aplicação prática da Teoria das Transições de Meleis e da Teoria da Autoeficácia de Bandura, visando uma abordagem individualizada e integral à pessoa com DRC em Programa Regular de hemodiálise (PRHD). Os objetivos gerais do estágio centraram-se na capacitação da pessoa com DRC e da sua família/cuidador para a gestão de líquidos, na otimização do ambiente terapêutico para a vigilância do Acesso Vascular (AV) e na promoção do papel do EE na MCQ, nomeadamente na prevenção e controlo de infeções. A análise de problemas e a tomada de decisões baseadas em evidência científica foram fulcrais no processo, particularmente nas áreas do controlo de infeção, monitorização e vigilância dos AV e gestão de líquidos, áreas escolhidas em função das necessidades de aprendizagem e objetivos pessoais. Este percurso potenciou o desenvolvimento de conhecimentos e práticas profissionais e contribuiu para a otimização do desempenho estratégico das equipas, capacitando a autora para o desenvolvimento de projetos de melhoria contínua no contexto profissional. Na conceção dos casos clínicos, recorreu-se à Ontologia de Enfermagem e à evidência científica, o que sustentou a prestação de cuidados especializados e fundamentou a intervenção nos domínios do sistema cardiovascular, gestão do volume de líquidos, adesão ao regime medicamentoso (RM), padrão alimentar, sono, comportamento aditivo, emoções, autoconceito; integração da família no autocuidado do doente e atitudes terapêuticas relativas ao Cateter Venoso Central (CVC) e à Fístula Arteriovenosa (FAV). Neste âmbito, destacou-se a abordagem diferenciada e holística que, através da exploração de significados e do desenvolvimento da consciencialização, promoveu a prática de cuidados individualizados e holísticos. Por fim, o relatório evidencia questões para futuras investigações, como a eficácia de estratégias educacionais na promoção da adesão terapêutica, o impacto de intervenções personalizadas na autoeficácia e na qualidade de vida destes doentes, a influência das técnicas de canulação na patência do AV com aneurisma e a relevância de programas de educação para o autocuidado na redução de complicações. No controlo de infeções, sugere-se investigar a eficácia de estratégias de sensibilização e formação na promoção da adesão às boas práticas de higiene das mãos e aos protocolos de conexão e desconexão do CVC, visando a MCQ e segurança dos cuidados.