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Abstract(s)
A ablação por cateter de radiofrequência tornou-se o tratamento de escolha para os
pacientes com síndrome de Wolff-Parkinson-White, sintomáticos.
A localização da via acessória a partir da morfologia do QRS no eletrocardiograma
basal, torna-se útil para o planeamento do procedimento de ablação, por permitir um conjunto de
informações que ajudam na escolha da melhor abordagem terapêutica, em particular no que
respeita ao intervalo para a ablação, a necessidade de punção transeptal e o risco de bloqueio
aurículo-ventricular, se a via acessória estiver próxima do nódulo aurículo-ventricular ou do feixe
de His.
Estão descritos vários algoritmos para prever a localização da via acessória a partir da
análise da morfologia do QRS basal. Os seus autores relatam elevados índices de acerto,
todavia, estudos subsequentes obtiveram resultados distintos, com índices de acerto menores.
O presente estudo tem como objetivo principal a avaliação da capacidade diagnóstica do
eletrocardiograma de doze derivações na localização da via acessória no padrão de Wolff-
Parkinson-White.
Os dados clínicos necessários a este estudo foram recolhidos no Serviço de Cardiologia
do Centro Hospitalar S. João – EPE, através da consulta dos exames eletrocardiograma e
estudo eletrofisiológico, nos indivíduos com diagnóstico prévio de síndrome de Wolff-Parkinson-
White. Numa amostra formada por 111 indivíduos de ambos os géneros e com idade média de
36,54 (± 15,27) anos (idade mínima de 7 anos e idade máxima de 75 anos), procedeu-se à
comparação da localização da via acessória no estudo eletrofisiológico, com a obtida pela
aplicação dos algoritmos de Arruda et al., Boersma et al., Chiang et al., Ávila et al., Fitzpatrick et
al., Iturralde et al. e Xie et al. (harmonizadas para todos os algoritmos, as localizações possíveis
das vias acessórias).
Em volta do anel mitral, encontravam-se distribuídas 59 vias acessórias (53,15%), sendo
52 as vias acessorias distribuídas em torno do anel tricúspide (46,85%). Nesta distribuição não
se observaram diferenças estatisticamente significativas de acordo com o género. O acerto
global em todos os algoritmos variou entre 27,00% a 47,00%, aumentando para 40,00% a
76,00%, incluindo as localizações adjacentes. A concordância entre os investigadores variou
entre 40,00% a 80,00%, observando-se que em relação ao valor médio de concordância, os
algoritmos com menores localizações possíveis para as vias acessórias, obtiveram melhor
resultado (64,00%). O acerto para as vias acessórias septais (51 no total) variou entre 2,00% a
52,20% (aumentando para 5,90% a 90,20%, incluindo as localizações adjacentes). As vias
acessórias direitas, 13 no total, obtiveram acerto entre 7,70% a 69,20% (aumentando para
42,90% a 100%, incluindo as vias acessórias adjacentes). Por último, as vias acessórios
esquerdas, 47 no total, obtiveram acerto entre 21,70% a 54,50% (aumentando para 50,00% a
87,00%, incluindo as vias acessórias adjacentes). Para esta distribuição das vias acessórias
(localização septal, direita e esquerda), não se observaram diferenças estatisticamente
significativas, de acordo com o género.
Os resultados obtidos revelam que todos os algoritmos obtiveram valores de acerto
inferiores aos enunciados pelos seus autores, permitindo concluir que embora o
eletrocardiograma constitua um método muito importante no diagnóstico da pré-excitação
ventricular do tipo Wolff-Parkinson-White, este não é sensível, nem específico para a deteção da
localização da via acessória.
Description
Keywords
Síndrome de Wolff-Parkinson-White Eletrocardiografia Eletrofisiologia cardíaca Algoritmos