Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
7.38 MB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Este trabalho, centralizado nos subsistemas dos ensinos secundário e superior, examina as práticas
educativas estratégicas de alunos detentores de fracos recursos socioeconómicos em Luanda
(Angola), no período pós-colonial, em articulação com um conjunto de elementos que constituem
as condições de escolarização.
A análise destas práticas efectua-se num quadro de referências teóricas inter-relacionadas. Uma
abordagem teórica inicial integra (i) os processos de transição (económica e sociopolítica) e de
construção de Estado, e (ii) a educação, a análise estratégica e as representações sociais. Outras
referências teóricas, incluindo desigualdades sociais e educativas, relação escola-família, projectos
e expectativas escolares e sociais, decisão escolar, investimento em educação escolar, são
mobilizadas no desenrolar da investigação. Esta fundamentação teórica, de carácter sociológico e
focada na perspectiva da sociologia da educação, permite revelar os constrangimentos que
condicionam a escolarização dos alunos e a sua qualidade de actores sociais, detentores de
capacidades de leitura crítica da realidade escolar, de projecção e antecipação do futuro, e de
decisão e acção. A metodologia seguida combina diversos métodos e técnicas. As pesquisas de
terreno concretizam-se através da análise de documentos pertinentes (documentos oficiais,
bibliografia de carácter monográfico sobre Angola, bibliografia crítica sobre a problemática em
estudo) e de dados dos inquéritos por questionários e por entrevistas não-dirigidas (individuais e de
grupo) administrados a alunos e, no caso destes últimos, também a técnicos do Ministério da
Educação, professores e famílias.
Os resultados permitem argumentar que as práticas educativas estratégicas de alunos detentores de
fracos recursos socioeconómicos se explicam por factores que constituem as condições de
escolarização, elas próprias influenciadas pela forte valorização que os mesmos alunos fazem da
educação escolar. Mais especificamente, as condições de escolarização constrangedoras
(constrangimentos das realidades económicas, sociopolíticas e educativas do país; debilidades das
condições socioeconómicas dos alunos e dificuldades que marcam os seus percursos escolares;
representações pouco positivas das suas escolas e das interacções escola-família), a par daquelas
outras facilitadoras (ambiciosos projectos/expectativas escolares e profissionais dos alunos),
influenciadas pela forte valorização da educação escolar, motivam e promovem decisões e acções
de alunos que visam melhorar os seus processos de escolarização e as suas perspectivas
profissionais. Os alunos emergem enquanto actores relativamente autónomos e criativos, capazes
de cálculo, manipulação e adaptação aos contextos adversos.
Este estudo fornece um modelo explicativo que melhora a compreensão das práticas educativas
estratégicas de alunos (angolanos) de fracos recursos socioeconómicos, das suas condições de
escolarização, e das suas capacidades de influenciarem e transformarem as realidades
socioeconómicas, políticas e educativas em que se inserem; identifica um elemento decisivo de
resiliência dos alunos aos constrangimentos e desafios que enfrentam no campo do ensino: o forte
investimento na educação escolar, traduzido em práticas educativas estratégicas; aponta outras
orientações de pesquisas passíveis de melhorar o conhecimento das realidades socioeducativas
angolanas, incluindo práticas educativas de outros actores educativos, como famílias e professores.
Description
Keywords
Angola estratégias educativas ensino alunos actores sociais transição societal Luanda educational strategies education social actors students societal transition