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Authors
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Abstract(s)
A adesão ao regime terapêutico representa o principal desafio aos portadores do VIH
e aos profissionais de saúde que trabalham nesta área. Considerando a relevância do suporte
social e a implicação dos fatores psicológicos face a um diagnóstico positivo de VIH, este
trabalho teve como objetivo contribuir para a definição de estratégias e intervenções
assistenciais, específicas na área da enfermagem de saúde mental, no sentido de controlar
a gestão de sinais e sintomas e contribuir para a adesão ao regime terapêutico.
O presente estudo está integrado num projeto mais amplo (NEURHIV – Pessoas com
VIH/AIDS e distúrbios neuro cognitivos no Estado do Ceará e Norte Portugal: análise
geoespacial, aspetos clínicos, apoio social e estratégias de intervenção) e seguiu uma
abordagem quantitativa, não experimental, de caráter descritivo e correlacional, que visou
verificar a existência de relações entre as problemáticas de saúde mental, o suporte social
e a adesão ao regime terapêutico em utentes com VIH. A amostra, obtida por seleção não
probabilística acidental, foi constituída por 111 participantes voluntários, que seguem
tratamento para a patologia infeciosa. Obteve-se uma amostra com uma média de idades
de 48 anos, na sua maioria (75,7%) do sexo masculino. Os dados trabalhados neste estudo
foram colhidos através de um questionário que inclui os seguintes instrumentos: informações
sociodemográficas, clínicas e de saúde, Questionário simplificado de adesão à medicação,
HIV Dementia Scale – versão portuguesa, a Escala de Suporte Social para Pessoas Portadoras
de VIH/SIDA e o BSI – Inventário Breve de Sintomas.
Os dados foram colhidos entre fevereiro e julho de 2018, de forma individual a cada
utente, cumprindo os princípios éticos inerentes à investigação. Os resultados deste estudo
permitem constatar que existe evidência da presença de distress psicológico em utentes
com VIH/SIDA, tendo-se identificado a existência de distúrbio em todas as dimensões do BSI.
Identificamos 59,5% da amostra com alto risco para perturbações neuro cognitivas, e que o
suporte social se correlaciona negativa e significativamente com todas as dimensões do
distress psicológico em estudo, o que sugere que um menor suporte social propicia a
intensidade do mal-estar psicológico. Verificamos ainda, nesta amostra, a existência de
diferenças estatisticamente significativas na adesão ao regime terapêutico, em função das
dimensões da sintomatologia psiquiátrica, mas não se obteve significância estatística na
adesão ao regime terapêutico em função do suporte social. Os resultados obtidos, quer a
nível do distress psicológico, quer a nível da cognição, não são em si diagnósticos, mas
sugerem uma análise clínica detalhada destas dimensões.
Globalmente, os resultados encontrados vão de encontro à literatura consultada.
Este estudo evidencia, relativamente aos cuidados de saúde às pessoas que vivem com VIH,
a importância de se detetarem precocemente possíveis sintomas de gestão emocional e
neuro cognitiva e de os tratar de forma atempada e adequada antes que possam influenciar
x
negativamente a adesão ao tratamento e a qualidade de vida. A par disso, evidenciamos a
importância das redes de apoio e da avaliação do suporte social junto da população com
VIH/SIDA, no que se refere à adaptação psicológica à doença. Dada a natureza desta, tornase
imperioso consciencializar os profissionais que cuidam destas pessoas para a compreensão
das emergências de intervenção psicossocial e processos transicionais, com vista a antecipar
e intervir de modo a se obterem transições saudáveis, sendo esta, deveras, uma área que
necessita de mais pesquisa e desenvolvimento.
Description
Keywords
Saúde mental Adesão terapêutica VIH/SIDA
