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Authors
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Abstract(s)
Ao longo das últimas décadas os transtornos depressivos foram declarados como uma das
prioridades da saúde pública à escala global, uma vez que se destacam entre as principais
causas de incapacitação e se classificam entre as doenças com maior carga patológica. Os
episódios depressivos determinam marcadas necessidades e incapacidades para o
autocuidado, com perda de autonomia e bem‐estar, e níveis acentuados de dependência de
terceiros, de acordo com a gravidade da doença. Em muitos casos, a negligência do
autocuidado e as ideias e comportamentos suicidas determinam o internamento hospitalar. As
alterações mediadas por um episódio depressivo são passíveis da assistência de enfermagem
nos mais diversos contextos de actuação, particularmente, no âmbito específico da
enfermagem de saúde mental e psiquiátrica.
O presente estudo investigação é de natureza qualitativa, do tipo exploratório‐descritivo, e
teve como objectivos: compreender de que modo os episódios depressivos comprometem a
capacidade dos utentes para o autocuidado; e fomentar intervenções específicas por parte dos
EESM orientadas para a promoção do autocuidado. Em conformidade, definimos como
questão de investigação: Que alterações do autocuidado manifestam os utentes com episódios
depressivos? O conceito de Autocuidado foi apresentado de acordo com o enquadramento
conceptual da Teoria do Autocuidado de Orem.
A colheita de dados decorreu através da técnica de entrevista semi‐estruturada. O recurso a
um Guião de Entrevista permitiu a recolha de informação orientada, deixando margem de
liberdade de expressão aos participantes. Foram entrevistados dez participantes (nove do sexo
feminino) com diagnóstico de episódio depressivo, a cumprir tratamento em regime de
internamento completo, no HML‐EPE. A análise e interpretação dos dados recolhidos foram
realizadas através do método de análise de conteúdo. Este método permitiu a descrição e
interpretação objectivas e sistemáticas dos conteúdos mais significativos das narrativas dos
participantes, de acordo com a fundamentação teórica e as categorias temáticas estabelecidas
à priori, a partir da Teoria do Autocuidado de Orem.
O estudo foi projectado e implementado no mais rigoroso cumprimento de todos os preceitos
éticos inerentes a uma investigação.
Com esta investigação colocamos em evidência diversas alterações do autocuidado, segundo
as dimensões funcionais e de desenvolvimento do ser humano, enquadráveis na
psicopatologia dos transtornos depressivos: somáticas, afectivas e psicológicas, cognitivas e
comportamentais. Com base nas necessidades e alterações do autocuidado evidenciadas,
entendemos que a assistência de enfermagem deve privilegiar como focos de atenção os
principais sintomas dos episódios depressivos: o humor depressivo, a inibição psicomotora, as
alterações do apetite e do sono, o desinteresse geral (abulia), alterações do autoconceito e a
auto‐estima diminuída, os pensamentos automáticos, a vontade de viver diminuída e as ideias
e comportamentos suicidas. Em paralelo, intervenções psicoeducativas sobre a doença e seu
tratamento, junto dos utentes e familiares, podem ser muito úteis para compreensão
integrativa da doença e na promoção da adesão aos regimes terapêuticos. São, sobretudo,
estes sintomas e necessidades dos utentes com episódios depressivos que permitem formular
o juízo diagnóstico genérico de “negligência do autocuidado”, sem prejuízo de maior
especificidade diagnóstica fundamental na prática da enfermagem de saúde mental e
psiquiátrica.
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Keywords
Enfermagem de saúde mental e psiquiátrica Episódios depressivos