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Geopolítica aplicada

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O caos identitário atingiu a geopolítica. A derivação semântica tende a confundir geopolítica com geoestratégia, a apropriação da geoestratégia pela geopolítica que desvirtua o seu conceito “kjelleniano”. Influência da escola realista norte-americana. Esta amálgama concetual abre espaço para o surgimento de novas abordagens da geopolítica. A nova geopolítica, ainda numa fase ensaísta, nas suas quatro dimensões, ecopolítica, demopolítica, geoeconomia e biopolítica. Visão prospetiva obrigatória na análise geopolítica. Análises prospetivas de dois temas atuais da nova geopolítica e que exigem intervenções urgentes dos poderes políticos: o Ártico, que de espaço geopolítico e geoestratégico marginal está a tornar-se, em virtude do aquecimento global, centro e fator determinante de uma revolução geopolítica; as migrações, fenómeno geopolítico de primeira importância, fator de manipulação das decisões políticas nos espaços de destino e acolhimento.
Desprezada pelos seus vizinhos do Norte como uma América inferior, a América do Sul foi, de facto, colonizada por Portugueses e Espanhóis de uma forma muito diferente daquela que ocorreu a Norte. Mas não só: as duas colonizações também diferiram bastante entre si, revelando diferentes conceções do espaço, mas também obedecendo aos gigantescos ditames da geografia sul-americana. Desta forma, quando libertos da tutela europeia os povos acabaram por organizar-se em várias unidades políticas que, com exceção do Brasil, resultaram da fragmentação, muitas vezes violenta, das unidades administrativas da coroa espanhola. Sem elites, sem formação política, estes Estados frequentemente prodigiosamente ricos em recursos, foram presa fácil de poderes exteriores. De facto, em muitos casos a independência política não passou de uma realidade virtual. Sempre desunida perante as crises que abalaram o mundo e o próprio subcontinente, mau grado a pletora de organizações multilaterais constituídas, a América do Sul que conheceu alguns sucessos políticos e económicos nas duas últimas décadas, enfrenta hoje o risco de desintegração das iniciativas que permitiram estes sucessos e, como é de regra, alinha-se de novo em dois campos. Continuará a ser um arquipélago de nações?
Este artigo começa por revisitar o conceito de comunidade de segurança. Recupera o contexto da criação da comunidade transatlântica, a sua sobrevivência no fim da Guerra Fria e a revelação do “revisionismo hegemónico” norte-americano. Tenta, em seguida, explicar as razões das crescentes divergências transatlânticas e europeias. Paralelamente, analisa as implicações do fim da comunidade de segurança ocidental e avalia as possibilidades da sua reconstituição.
Este artigo discute a conceção de “Indo-Pacífico” e analisa as justificações subjacentes ao uso deste novo léxico por alguns atores em substituição de “Ásia-Pacífico”, argumentando que as motivações são de natureza geopolítica e relacionadas, sobretudo, com o “fator China”. O texto está dividido em três partes. A primeira apresenta as principais perspetivas e abordagens acerca da nascente “região Indo-Pacífico”. A segunda explica o “fator China” e o seu impacto nas perceções e políticas dos outros atores. A terceira e última parte analisa as narrativas dos principais proponentes da conceção Indo-Pacífico, evidenciando as suas motivações geopolíticas e as ambivalências que lhe estão associadas. A fechar, as considerações finais sintetizam os nossos argumentos e perspetivam as possibilidades da noção Indo-Pacífico se consolidar como nova referência regional.
Até ao início da epopeia marítima dos portugueses, com a conquista de Ceuta em 1415, a África a sul do Grande Deserto permaneceu quase totalmente desconhecida para a Europa. Demorou muito tempo para que as principais potências europeias começassem a colonizar o interior de África, estabelecendo fronteiras onde apenas existiam espaços abertos e determinando orientações culturais e linguísticas para ajudar a consolidar essas fronteiras. Hoje a África subsariana reflete ainda essas influências e os países e comunidades que a constituem continuarão a ser, cada vez mais, afetadas pelas influências externas. Após muitos anos de domínio europeu, assistir-se-á atualmente a uma situação de neocolonialismo, com os países africanos ainda muito dependentes da ajuda dos países do Norte, enquanto vão ficando devedores a novos poderes, como a China, podendo afirmar-se que a atual conjuntura da África Subsaariana, incluindo as suas fronteiras, está completamente desligada das realidades étnicas ou culturais, constituindo apenas uma sequência da fase colonial.
O artigo que se segue procura corresponder à finalidade que se pensa descortinar da temática que lhe dá título, isto é, evidenciar relações entre ação atual e teorizações de natureza geopolítica. O texto sustentou-se num conjunto de pressupostos e a opção tomada foi aquela que privilegiou um conjunto de letras curioso, encadeado e consequente, pensa-se, sem navegar pelas fossas abissais do pormenor ou das explicações exaustivas da teoria. Por sua vez, demos mais corpo ao clássico por gosto pessoal e porque não existe um presente sem um passado e, por conseguinte, não se deve ostracizar ou mesmo esquecer o último, sob pena de não possuirmos a necessária ferramenta intelectual para percebermos o molde em que hoje estamos inseridos, nem um modelo de análise que consiga desvendar racionalidade nos caminhos que propomos para o futuro. Iniciamos o texto pelo seu átrio, esforçamo-nos de seguida para o desenvolvermos para, à laia de momento último, efetuarmos sintéticas considerações finais.
O presente artigo pretende mostrar como uma das mais importantes teses da geopolítica clássica, a dicotomia entre potências marítimas e potências continentais, não tem sustentação nem histórica nem epistemológica para explicar os racionais e os fenómenos políticos condicionados pelo espaço. Nesse sentido alinham-se alguns dos materiais possíveis para a desconstrução da dicotomia, não sem antes escorar sucintamente o objeto da geopolítica, distinguindo-o tanto da geoestratégia quanto da geografia política

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NATO (EUA, 1949) União Europeia (a partir de 1993) Geopolítica Migrações Relações internacionais Relações transatlânticas Teoria História África Subsariana Oceano Árctico América Latina Ásia-Pacífico EUA Japão Austrália Índia China

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Instituto da Defesa Nacional

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