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As psicoses são reações psicogénicas em que se verifica grave desorganização e
desintegração da personalidade do indivíduo, acompanhadas de distorções de perceção
da realidade, do pensamento, da afetividade e da motivação (Santana, 2007). O utente
apresenta com frequência alteração das atividades de vida diárias, devido ao
compromisso das suas capacidades cognitivas e de perceção e, não raro, da atividade
psicomotora, o que condiciona a sua autonomia e origina processos de negligência a
nível do autocuidado. Neste contexto, a intervenção de profissionais de saúde torna-se
relevante para a adequação dos processos do cuidar e para contornar as dificuldades
sentidas por estes doentes, fruto da doença e da sua condição clínica.
A atuação dos profissionais de saúde deve estar orientada para uma melhor
adaptação e reintegração social destes indivíduos, na medida em que se assiste ainda
muito a situações de discriminação e estigmatização destes indivíduos, sendo colocados
à margem da sociedade. O doente com psicose acaba muitas vezes por se encontrar num
ciclo de reinternamentos pois, com frequência, a sociedade não oferece as condições
viáveis à sua reintegração. As famílias nem sempre se encontram preparadas para lidar
com estas situações graves de comprometimento da saúde dos seus entes queridos. Os
enfermeiros podem então ajudar a contribuir para um atendimento seguro e de
qualidade destes doentes, como parte de uma equipe multidisciplinar.
Constata-se que na população em estudo os internamentos do doente psicótico
são recorrentes, sendo até espaçados de curtos períodos de tempo fruto de recidivas de
surtos psicóticos, motivados por causas muito diversas. A questão de partida deste
estudo foi assim formulada: Quais os contributos que enfermagem pode dar para
minimizar a incidência de surtos psicóticos? Pretende-se, sobretudo, constituir subsídios
que se traduzam numa diminuição da reincidência de surtos psicóticos ou pelo menos,
no alargar dos períodos de ocorrência dos mesmos em doentes que sofrem deste tipo de
transtornos.Quanto à metodologia optou-se por um estudo de natureza qualitativa, com
recurso a entrevistas semi-estrututadas dirigidas a 10 Enfermeiros duma unidade de
cuidados (Serviço de Internamento de Psiquiatria dum Centro Hospitalar do Porto). O
intuito foi estudar as experiências dos enfermeiros ao assistir utentes com as
problemáticas mencionadas, tentando chegar a conclusões que suscitem respostas
alternativas e profícuas no âmbito da temática abordada.
Após a análise de conteúdo foi possível compreender as experiências vividas
pelos enfermeiros no atendimento ao doente com psicose. Temas como o autocuidado, a
gestão do regime terapêutico e a dependência foram discutidos. Ficou claro que a
família é de suma importância no processo assistencial para promover o autocuidado e
evitar os reinternamentos destes doentes. Discutimos também a nova política de
assistência ao doente psiquiátrico (Cuidados Continuados Integrados), que implica a
criação de serviços descentralizados, com um impacto muito positivo na melhoria da
acessibilidade e qualidade dos cuidados de saúde mental, permitindo respostas mais
próximas da população. Algumas alternativas a nível das intervenções de enfermagem
foram também equacionadas, especialmente no que diz respeito a intervenções de
enfermagem autónomas.
Description
Keywords
Doente psicótico Intervenções de enfermagem Hospitalização Esquizofrenia