Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
4.99 MB | Adobe PDF | |||
437.6 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
A presente dissertação surge no âmbito da realização do trabalho final
de Mestrado em Design e Cultura Visual.
Trata-se de um estudo da dislexia e do modo como ela é detetada e
minimizada pelos professores nos alunos do curso superior de Design
no IADE e do mesmo curso na Faculdade de Arquitetura da
Universidade de Lisboa (FAUL).
De acordo com a Associação Internacional de Dislexia, esta consiste
num distúrbio de origem neurobiológica que afeta a capacidade de
aprendizagem, nomeadamente no domínio da leitura e da escrita e,
consequentemente, afeta o desempenho escolar.
Partindo desta noção, a presente dissertação visa responder às
seguintes questões: Será que um estudante com dislexia consegue fazer
um curso superior de Design? Conseguindo-o, tem dificuldades
acrescidas no seu percurso académico? O estudante disléxico recebe
apoio específico para ultrapassar o impacto dessa limitação na sua
formação?
Não existe legislação que enquadre a inclusão dos alunos com dislexia
no ensino superior em Portugal. Por isso, no âmbito da sua autonomia,
cada instituição de ensino superior desenvolve ou não programas de
apoio aos alunos que padecem desta limitação.
A genética e as neurociências têm dado um importante contributo para
perceber a dislexia. O disléxico tem um cérebro com uma limitação
nas funções verbais, o que não acontece nas funções do processamento
de imagem (cérebro icónico).
É necessária uma mudança de paradigma: deixar de ver a dislexia
como um transtorno e começar a vê-la como uma oportunidade de aprendizagem, mas isso requer a construção de percursos de
aprendizagem diferenciados e adaptados para tirar partido do potencial
do disléxico e minimizar o impacto da sua limitação.
Isso só é possível com reforço dos meios humanos afetos à orientação
dos estudantes e a sua formação para enfrentar este problema. Outra
medida importante será a diversificação de cursos de formação,
possibilitando uma aposta no ensino marcadamente visual.
Esta mudança de paradigma beneficiará da aposta numa comunicação
menos verbal e mais visual, dirigida mais ao hemisfério cerebral direito
do que ao esquerdo. O mesmo se pode dizer de uma aposta no ensino
menos teórico e mais prático.
Na verdade, há competências em que os disléxicos têm vantagens, mas
falta reconhecer este ponto e ajustar a cultura, a escola e a economia
para que se tire partido de tais vantagens. As instituições educativas
(famílias, escolas, outras) devem evoluir para deixarem de impor aos
disléxicos um modelo educativo adequado aos não-disléxicos,
passando a ter modelos educativos diferenciados.
O próprio design tem um papel a desempenhar na adequação do ensino
aos disléxicos. O design tem um papel na educação inclusiva, isto é,
no ensino de crianças e jovens com especiais dificuldades de
aprendizagem e, em particular, com dislexia, aproveitando as
potencialidades do design para tornar mais visuais (icônicos) os
conteúdos a aprender.
A investigação centrou-se em quatro dimensões. Começou por uma
parte bibliográfica, pesquisando sobre a história da dislexia e o atual
estado do conhecimento sobre o assunto. Por um lado, entrando já no
«trabalho de campo», a candidata realizou uma pesquisa documental
para verificar se os regulamentos do IADE e da FAUL reconhecem
direitos aos disléxicos e os protegem para permitir que tenham um
serviço educativo adequado à sua condição e assim promover a
igualdade no acesso à formação. Numa terceira frente, realizou entrevistas a docentes das duas instituições referidas para averiguar se
os alunos disléxicos têm sucesso no curso, se têm especiais
dificuldades e se os professores os apoiam para ultrapassar essas
dificuldades. Em quatro lugar, a candidata elaborou uma
autoetnografia destinada a criar um documento relativamente ao qual
os dados das outras dimensões são colocados em debate.
Da análise, quer dos regulamentos de ambas as instituições, quer das
entrevistas e da autoetnografia ficou visível que falta uma política
formativa institucionalizada e orientada para a inclusão dos alunos
disléxicos e que não é exigida formação sobre a dislexia aos
professores. Muitos professores, quando se deparam com um aluno
que apresenta dislexia (o que frequentemente ocorre tardiamente na
relação pedagógica), não sabem como atuar.
Alguns vão então (e por iniciativa própria) aprofundar o conhecimento
sobre o assunto, mas os restantes não demonstram interesse em se
informar sobre como agir com esses alunos.
Os alunos disléxicos conseguem fazer o curso superior de Design.
Contudo, têm dificuldades específicas derivadas da sua condição e não
beneficiam do apoio necessário para poderem desenvolver as suas
competências em condições de igualdade com os alunos não-disléxicos.
Description
Keywords
Dislexia Dificuldades de aprendizagem Criatividade Design Educação inclusiva