Browsing by Author "Silvestre, Ana Paula Sequeira Gome de Goes"
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- Preparação e orquestração de discussões coletivas em matemáticaPublication . Silvestre, Ana Paula Sequeira Gome de Goes; Boavida, Ana MariaO presente estudo tem como objetivo analisar e compreender os desafios com que me deparei na preparação e orquestração de discussões matemáticas coletivas numa turma do 5.º ano de escolaridade. Mais concretamente, visa identificar estes desafios, de que forma lidei com eles e quais se destacam pela sua relevância. No enquadramento teórico foco, em primeiro lugar, a importância de ensinar Matemática tendo por horizonte a aprendizagem com compreensão e práticas do professor potencialmente favoráveis a esta aprendizagem. Em seguida, centro-me no significado e na importância das discussões coletivas para a aprendizagem da Matemática, apresentando um modelo concebido para auxiliar o professor a preparar e a orquestrar discussões matematicamente produtivas e refiro os principais desafios com que o professor se confronta ao realizar este trabalho. Do ponto de vista metodológico, o estudo insere-se numa abordagem qualitativa e constitui uma investigação sobre a própria prática. Neste âmbito, concebi e concretizei, ao longo de cinco semanas, uma intervenção pedagógica em que foram propostos diversos problemas envolvendo números racionais não negativos. As técnicas de recolha dos dados foram a entrevista, a observação participante e a análise documental. Os dados empíricos foram objeto de uma análise de conteúdo orientada por temáticas que emergiram da articulação entre as questões de investigação, o enquadramento teórico e a leitura flutuante destes dados. Os resultados do estudo ilustram que, ao nível da preparação das discussões, os principais desafios relacionam-se com a escolha de tarefas com potencial para gerar discussões ricas; com a tentativa de antecipar todas as estratégias de resolução passíveis de surgirem na aula; com a previsão de eventuais dificuldades dos alunos; com apoiar os alunos, enquanto trabalham autonomamente, sem validar e influenciar raciocínios; e com selecionar com critério e sequenciar, rápida e eficazmente, as estratégias de resolução a analisar coletivamente. Durante a orquestração das discussões, os desafios que se evidenciaram estão associados a mudanças do padrão de interação de modo a que o “afunilar” (funneling) desse lugar ao “focar” (focusing) e a voz dos alunos estivesse mais presente no discurso da aula; a uma organização eficiente dos registos no quadro; a uma gestão hábil do tempo procurando evitar que a discussão das estratégias de resolução de uma tarefa se distanciasse da altura em que os alunos a exploraram; e a conseguir compatibilizar as contribuições dos alunos com os objetivos programáticos visados. A intensificação do trabalho associado à preparação das aulas, a prática de orquestrar discussões coletivas e a reflexão continuada sobre esta prática, contribuíram para que fosse sendo capaz de lidar com estes desafios, tendo a consciência de que, alguns deles, permanecem.
