Browsing by Author "Saraiva, Bruno dos Santos"
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- Decomposição dos detritos vegetais em rios - Um indicador do efeito do uso do solo na integridade funcional do ecossistemaPublication . Saraiva, Bruno dos SantosA decomposição da matéria orgânica é um processo vital para o funcionamento ecológico dos ecossistemas lóticos nos quais os detritos provenientes da vegetação ripícola constituem a principal fonte de energia para as teias alimentares aquáticas. As atividades humanas, através da alteração da vegetação ripícola, da carga de nutrientes ou de poluentes na água, podem afetar este processo, diminuindo a disponibilidade de energia para as comunidades aquáticas. Este trabalho, desenvolvido no âmbito do projeto LandComp, avaliou como quatro usos do solo (floresta nativa, agricultura, plantações de eucalipto e urbano) influenciam o processo de decomposição de folhada em ribeiros do Centro de Portugal. Em cada um dos quatro locais, as amostras de Alnus glutinosa (L.) Gaertn, Alnus acuminata Humboldt, Bonpland & Kunth e Quercus rubra L. foram expostas em sacos de rede de malha grossa e de malha fina durante 49 dias para avaliar a perda de massa total, a perda de massa por decomposição microbiana, a perda de massa por fragmentação e a colonização por macroinvertebrados. A decomposição foi mais rápida em A. glutinosa, rica em nutrientes, pobre em compostos secundários e macia, que também teve maior perda de peso por decomposição microbiana e por fragmentação biótica e abiótica. As outras duas espécies, com maior teor de compostos secundários, decompuseram-se mais lentamente. A. acuminata teve a menor perda de peso por decomposição microbiana enquanto Q. rubra, mais resistente à abrasão física, teve a menor perda de peso por fragmentação. A decomposição foi mais rápida nos locais de eucalipto e de floresta nativa, onde a ação conjunta dos macroinvertebrados e da corrente provocou a maior perda de peso por fragmentação. A decomposição foi mais lenta no local urbano, onde a concentração de azoto inorgânico dissolvido era elevada e onde ocorreu a menor perda de peso por fragmentação. Apesar de no local de agricultura ter ocorrido a maior colonização por macroinvertebrados fragmentadores, a decomposição total foi semelhante ao local urbano e a perda de peso por fragmentação foi intermédia. A razão entre a perda de peso nos sacos de malha grossa e nos sacos de malha fina, utilizada frequentemente para avaliar a integridade funcional dos cursos de água, separou claramente o local de floresta nativa do local urbano, mostrando uma diminuição progressiva da contribuição da fragmentação, maior no local de floresta nativa, intermédia nos locais de eucalipto e de agricultura e menor no local urbano. Em conclusão, a decomposição dos detritos diferiu entre os locais sujeitos a diferentes usos do solo, diminuindo com a redução da presença de vegetação ripícola, essas diferenças deveram-se principalmente à fragmentação, e a fragmentação terá sido em grande parte devida à abrasão física dos regimes hidrológicos torrenciais que ocorreram devido aos fenómenos de precipitação. O uso de sacos de malha grossa e de malha fina demonstrou ser um método útil para avaliar o efeito das alterações dos usos do solo na integridade funcional dos ecossistemas ribeirinhos baseados em detritos.