Browsing by Author "Carvalho, Francisco Miguel Correia de"
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- A GNR no pós Grande GuerraPublication . Carvalho, Francisco Miguel Correia de; Telo, António JoséEste trabalho aborda certos episódios marcantes na história da Guarda e que ditaram importantes mutações na instituição que acabaria por se tornar naquela que existe nos dias de hoje, muito diferente daquela que é analisada durante esta investigação. O objetivo geral deste trabalho sobre a instituição no pós grande guerra (1ª Guerra Mundial, 1914 - 1918), é investigar e contextualizar as particularidades da Guarda no período do pós Grande Guerra e abordar os principais acontecimentos que influenciaram as grandes mudanças. Os objetivos específicos deste trabalho prendem-se com um olhar aprofundado sobre o ambiente e contexto histórico atravessado por Portugal no início do século XX, análise das alterações sofridas pela GNR a nível orgânico neste período (especial foco para o intervalo temporal 1919 – 1922), estudo das decisões políticas, e suas motivações, que levaram às constantes reorganizações na Guarda neste período e por fim a análise e estudo das mudanças no equilíbrio de forças existente entre o Exército e a Guarda ao longo do período estudado. Devido à natureza e particularidades deste trabalho associadas à área científica da História, a sua realização e metodologia maioritariamente qualitativa seguiram um determinado fio condutor que se adequa a trabalhos realizados nesta mesma área científica. Assim sendo, a investigação histórica é sustentada por uma abordagem bibliográfica que se reveste de uma grande importância para atingir os objetivos em vista. Esta dimensão bibliográfica associada à investigação do fenómeno a estudar, baseia-se essencialmente na consulta e análise documental de: ordens à Guarda, ordens de serviço e anuários da Guarda Nacional Republicana da época em questão; obras publicadas relacionadas com a problemática e legislação causadora das várias reorganizações na Guarda nesse período. A realização deste trabalho permitiu retirar várias ilações relevantes e importantes para compreender a história e evolução da instituição. Numa época em que Portugal, por força de um golpe de estado, tinha acabado de mudar de regime (fim da monarquia e início da república), as expetativas e a ansiedade dos populares eram uma constante e a ainda fresca República tinha de se preocupar com a sua sobrevivência (para que não lhe sucedesse o mesmo que com os monárquicos) e prosperidade sob olhar ansioso da população que exigia cada vez mais (reivindicações da classe operária e de todos aqueles que apoiaram o ideal republicano na esperança de uma mudança e solução para todos os males do país). Um período exigente e nada fácil para os republicanos, recém-chegados ao poder, que se viria a tornar ainda mais complicado com algumas medidas algo “infelizes” (na ótica da grande maioria dos populares), tomadas pelos sucessivos governos, que aumentaram a instabilidade, o descontentamento, a dificuldade em obter bens de 1ª necessidade e as condições económicas e financeiras do país como foi o caso da adesão à 1ª Guerra Mundial. Não cabe ao investigador analisar se estas forma ou não as medidas corretas a tomar pelos governos naqueles tempos, cabe sim analisar as motivações e os efeitos causados pelas medidas tomadas que afetaram a instituição da Guarda Nacional Republicana. Se muitos nesta altura estavam contra a adesão de Portugal à primeira guerra, muitos outros acreditavam que esta era a melhor solução se Portugal queria manter as suas colónias e o seu domínio em certas partes do continente Africano. Decisão influenciada pelo ultimato inglês de 1890 e o crescente interesse alemão e inglês pelo continente africano que colidia com as pretensões portuguesas nesse mesmo continente. Não só devido à questão colonial africana, mas também motivados pelas recompensas que iriam surgir se Portugal se encontrasse entre os países vencedores da 1ª Guerra. Durante este período conturbado, a República precisou de uma força militar de confiança e leal com a qual pudesse contar para proteger o regime face a qualquer tentativa de insurreição (monárquica principalmente). Com o estudo e investigação realizados neste trabalho foi possível comprovar que as sucessivas reorganizações sofridas pela Guarda desde a sua criação em 1911 até 1919, foram realizadas com o intuito de aumentar os meios e efetivos desta para que a mesma conseguisse estar a par do exército de quem os republicanos desconfiavam por serem mais conservadores, tradicionalistas e afetos aos ideais monárquicos. Enquanto a Guarda provou ser de confiança e eficaz, destacando-se a forma como lidou com os revoltosos associados à monarquia do norte, o regime recompenso-a com sucessivas reorganizações que aumentavam as suas capacidades. Quando o regime começou a perder a sua confiança na instituição, principalmente devido aos episódios que se sucederam em 1921 como a infame noite sangrenta, a tendência de fortalecer a instituição inverteu-se e com a reorganização de 1922 o objetivo é reduzir a capacidade da instituição por se temer e para evitar mais ondas de violência. O exército voltava a destacar-se não tendo nenhuma força que a ele se equiparar-se, criando as condições para o golpe militar de 1926 que ditaria o final da 1ª República.