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Abstract(s)
A conjugalidade torna-se um desafio na transição para a parentalidade, principalmente quando se trata do nascimento do primeiro filho, sendo de grande importância para a saúde conhecer a vivência conjugal e os fatores envolvidos, para facilitar esta transição. O enfermeiro de família pode ser esse facilitador, pelo papel privilegiado de proximidade. Porém, a escassez de estudos em enfermagem de família, não permite sustentar as intervenções na evidência.
Pretende-se analisar a vivência conjugal durante a transição para a parentalidade no que se refere aos fatores facilitadores e dificultadores.
Realizou-se um estudo exploratório e descritivo com orientação fenomenológica, de forma a extrair a vivência dos casais. A amostra foi intencional, em bola de neve, constituída por 6 casais heterossexuais, 6 a 12 meses após o nascimento do primeiro filho. Foram realizadas 12 entrevistas semi-estruturadas aos cônjuges. Análise realizada pelo método fenomenológico de Giorgi.
Encontraram-se fatores protetores e dificultadores da conjugalidade na transição para a parentalidade. São protetores da conjugalidade: planeamento da gravidez; compreensão e entreajuda no casal; comunicação conjugal; apoio da família alargada. Constituíram fatores dificultadores: gestão dos momentos a sós; reinício e manutenção da sexualidade; desempenho do papel parental; intromissão da família alargada (por ausência de limites ou por relacionamento destruturado com a família de origem) e falta de apoio dos profissionais de saúde.
Os casais necessitam de apoio pessoal e profissional nesta fase de transição. O enfermeiro de família pode desempenhar um papel privilegiado de proximidade, facilitando este processo de transição por meio de cuidados antecipatórios ao casal e família, nesta fase do ciclo vital.
Conjugality becomes a challenge in the transition to parenthood, especially when it comes to the birth of the first child, being of great importance for health to know the marital experience and the factors involved, to facilitate this transition. The family nurse can be this facilitator, due to the privileged role of proximity. However, the lack of studies in family nursing, does not allow the interventions in the evidence. 21Pensar Enfermagem | Vol. 25 | N.º 2 | 2º Semestre de 2021Keywords: marital relationship; health transition; parenting; family nursing. INTRODUÇÃOO nascimento do primeiro filho inicia uma nova fase de transição do ciclo vital da família. A vida familiar move-se da função conjugal para a parental e quase todo o investimento, até então orientado para a organização da relação conjugal, é transferido para a criação da relação parental. O casal sobe um degrau na hierarquia geracional, tornando-se prestador de cuidados, responsável e protetor da geração mais nova (Relvas, 2006).Esta transição exige reorganização familiar, através da criação, negociação e definição de novos papéis e funções. A díade alarga-se a tríade, o que traduz alterações no próprio casal, nas relações que mantém com as suas famílias de origem e nas relações com os contextos envolventes mais significativos (Alarcão, 2006; Relvas, 2006).Apesar de ser uma transição normativa e expectável, gera stress no seio familiar (Alarcão, 2006), porque a mudança implica reorganização traduzindo, assim, novas necessidades.As respostas humanas às transições constituem-se foco de atenção da enfermagem, assumindo-se como objetivo em enfermagem de família a capacitação da família para desenvolver competências que permitam adaptar-se aos constantes processos de mudança (Figueiredo, 2009; Meleis, & Dean, 2012).O enfermeiro de família, pela proximidade e continuidade no acompanhamento das famílias ao longo do ciclo vital, no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), desempenha um papel importante na avaliação e intervenção com as famílias pelo que a compreensão das experiências vivenciadas nos diversos processos de transição são essenciais para antecipar as necessidades da família e apoiá-la no decorrer dos mesmos (Sousa, 2013).A instituição do perfil profissional do enfermeiro de família e do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde familiar são visíveis em vários documentos internacionais, de que são exemplo a Declaração de Munique (WHO, 2000), Políticas de Saúde Para Todos na Região Europeia da OMS e Saúde 21 (OMS, 2003), e nacionais como os documentos da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MPCS, 2006), do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento dos Cuidados de Saúde Primários (GTDCSP, 2012), do Regulamento n.º 126/2011, do Decreto-Lei n.º 118/2014, do Regulamento n.º 367/2015, do Decreto-Lei n.º 73/2017 e do Regulamento n.º 428/2018 que This study intended to analyze marital experiences during the transition to parenthood with regard to facilitating and hindering factors.An exploratory and descriptive study with phenomenological orientation was performed. The intentional snowball sample consisted of 6 heterosexual couples, 6 to 12 months after the birth of the first child. Twelve semi-structured interviews were conducted to both spouses. Analysis performed by the Giorgi phenomenological method.Protective and hindering factors of conjugality were found in the transition to parenthood. They are protective factors: pregnancy planning; understanding and mutual help in the couple; marital communication; support from the family of origin. Constituted hindering factors: the management of moments alone; restart and maintenance of sexuality; performance of the parental role; intrusion of the family of origin (lack of limits or unstructured relationship with the family of origin) and lack of support from health professionals.Couples need personal and professional support in this transitional phase. The family nurse can play a privileged role of proximity, facilitating this transition process through anticipatory care for the couple and family at this stage of the family life cycle.
Conjugality becomes a challenge in the transition to parenthood, especially when it comes to the birth of the first child, being of great importance for health to know the marital experience and the factors involved, to facilitate this transition. The family nurse can be this facilitator, due to the privileged role of proximity. However, the lack of studies in family nursing, does not allow the interventions in the evidence. 21Pensar Enfermagem | Vol. 25 | N.º 2 | 2º Semestre de 2021Keywords: marital relationship; health transition; parenting; family nursing. INTRODUÇÃOO nascimento do primeiro filho inicia uma nova fase de transição do ciclo vital da família. A vida familiar move-se da função conjugal para a parental e quase todo o investimento, até então orientado para a organização da relação conjugal, é transferido para a criação da relação parental. O casal sobe um degrau na hierarquia geracional, tornando-se prestador de cuidados, responsável e protetor da geração mais nova (Relvas, 2006).Esta transição exige reorganização familiar, através da criação, negociação e definição de novos papéis e funções. A díade alarga-se a tríade, o que traduz alterações no próprio casal, nas relações que mantém com as suas famílias de origem e nas relações com os contextos envolventes mais significativos (Alarcão, 2006; Relvas, 2006).Apesar de ser uma transição normativa e expectável, gera stress no seio familiar (Alarcão, 2006), porque a mudança implica reorganização traduzindo, assim, novas necessidades.As respostas humanas às transições constituem-se foco de atenção da enfermagem, assumindo-se como objetivo em enfermagem de família a capacitação da família para desenvolver competências que permitam adaptar-se aos constantes processos de mudança (Figueiredo, 2009; Meleis, & Dean, 2012).O enfermeiro de família, pela proximidade e continuidade no acompanhamento das famílias ao longo do ciclo vital, no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), desempenha um papel importante na avaliação e intervenção com as famílias pelo que a compreensão das experiências vivenciadas nos diversos processos de transição são essenciais para antecipar as necessidades da família e apoiá-la no decorrer dos mesmos (Sousa, 2013).A instituição do perfil profissional do enfermeiro de família e do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde familiar são visíveis em vários documentos internacionais, de que são exemplo a Declaração de Munique (WHO, 2000), Políticas de Saúde Para Todos na Região Europeia da OMS e Saúde 21 (OMS, 2003), e nacionais como os documentos da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MPCS, 2006), do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento dos Cuidados de Saúde Primários (GTDCSP, 2012), do Regulamento n.º 126/2011, do Decreto-Lei n.º 118/2014, do Regulamento n.º 367/2015, do Decreto-Lei n.º 73/2017 e do Regulamento n.º 428/2018 que This study intended to analyze marital experiences during the transition to parenthood with regard to facilitating and hindering factors.An exploratory and descriptive study with phenomenological orientation was performed. The intentional snowball sample consisted of 6 heterosexual couples, 6 to 12 months after the birth of the first child. Twelve semi-structured interviews were conducted to both spouses. Analysis performed by the Giorgi phenomenological method.Protective and hindering factors of conjugality were found in the transition to parenthood. They are protective factors: pregnancy planning; understanding and mutual help in the couple; marital communication; support from the family of origin. Constituted hindering factors: the management of moments alone; restart and maintenance of sexuality; performance of the parental role; intrusion of the family of origin (lack of limits or unstructured relationship with the family of origin) and lack of support from health professionals.Couples need personal and professional support in this transitional phase. The family nurse can play a privileged role of proximity, facilitating this transition process through anticipatory care for the couple and family at this stage of the family life cycle.
Description
Keywords
Relação conjugal Transição da saúde Parentalidade Enfermagem familiar
Citation
Silva, M. M., Gavinhos, M. S., Neves, V. F., & Camarneiro, A. (2022). Fatores protetores e dificultadores da conjugalidade na transição para a parentalidade. Pensar Enfermagem, 25(2), 20–32. https://doi.org/10.56732/pensarenf.v25i2.183
Publisher
ESEL