Browsing by Author "Barbosa, Daniela Soraia"
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- Presente mas ausente: O fenómeno do presentismo em enfermeiros portuguesesPublication . Barbosa, Daniela Soraia; Borges, ElisabeteNuma atualidade marcada por questões socioeconómicas, tradutoras do desenvolvimento social e económico dos países e consequentemente das condições de vida e saúde das populações, um fenómeno tem vindo a emergir na literatura dos países economicamente desenvolvidos, como resultado da preocupação com a produtividade e com as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores, o presentismo. Este fenómeno, resultado de uma multiplicidade de fatores, é definido como o ato de ir trabalhar estando doente e assume grande importância enquanto condicionante da produtividade das empresas e principalmente da saúde e segurança dos trabalhadores. A enfermagem, por sua vez, tem sido muitas vezes associada ao presentismo por ser uma profissão de grande desgaste físico e psicológico, sujeita a fatores de stress como elevada carga horária, rotatividade de turnos, diversidade de tarefas e falta de recursos, traduzindo simultaneamente uma enorme responsabilidade sobre a saúde e bem estar de outros, alvo dos seus cuidados. Face a esta problemática, emergiu a seguinte questão de investigação: Qual o nível de presentismo em enfermeiros portugueses? O presente estudo, integrado no projeto “INT-SO – Dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem, um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha”, procurou identificar o nível de presentismo em enfermeiros e a sua relação com variáveis sociodemográficas, profissionais e de problemas de saúde. É um estudo de natureza quantitativa, exploratório, descritivo e transversal, em que participaram 151 enfermeiros portugueses, provenientes de diversas regiões do país e de diversos contextos da prática profissional. Foi aplicado um questionário com questões relativas à caraterização sociodemográfica, profissional e de problemas de saúde e a Stanford Presenteeism Scale-6 (SPS-6) de Koopman et al. (2002), traduzida e validada para a população portuguesa por Ferreira et al. (2010). Dos enfermeiros que participaram no estudo 91,4% foi trabalhar, no último mês, com um ou mais problemas de saúde, revelando presentismo. Os resultados evidenciaram que, apesar dos problemas de saúde, os enfermeiros acabam por conseguir desempenhar as suas funções no trabalho, denotando-se um maior comprometimento psicológico do que físico dos enfermeiros. Não se verificaram diferenças significativas entre as variáveis sociodemográficas e o presentismo. Os enfermeiros que trabalham em contexto hospitalar, com menor número de anos de trabalho no serviço e que consideram o seu trabalho stressante apresentam maior afetação psicológica, menor capacidade para completar o trabalho e pior desempenho global no trabalho. As cefaleias/enxaquecas, o stress, as lombalgias, as gripes/constipações e a ansiedade representaram os principais problemas de saúde. Os enfermeiros com cefaleias/enxaquecas, stress e lombalgias evidenciam maior comprometimento psicológico e físico, assim como, pior desempenho no trabalho. Face ao fenómeno do presentismo, este estudo consolida a importância da implementação de programas de promoção da saúde dos enfermeiros nos seus contextos de trabalho.