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Abstract(s)
Os estudos de arte rupestre na Tanzânia têm-se concentrado em regiões conhecidas desde os
períodos pré e pós-coloniais. Estas incluem o centro, o centro-norte e a zona da Bacia do
Lago Victoria (BLV). Na BLV, os estudos de arte rupestre têm-se concentrado nas regiões de
Bukoba (Kagera) e Mwanza. Recentemente estes estudos têm-se expandido para a região de
Mara. Muitos dos trabalhos de investigação da arte rupestre pré e pós-colonial, estão
desprovidos das recentes técnicas digitais de documentação e análise de pinturas. De modo a
corrigir os desequilíbrios geográficos nos trabalhos de investigação da arte rupestre, este
estudo foi realizado na região recentemente definida de Simiyu na BLV. Esta região foi
definida após relatos dos vigilantes das reservas de Maswa Game Reserve (GR), Makao
Wildlife Managed Area (WMA), Mwiba Ranch e áreas adjacentes, indicarem a possibilidade
da existência de pinturas rupestres nestas zonas. Os trabalhos decorreram ao longo de três
semanas. Como metodologia para localizar os sítios, recorreu-se à ajuda dos vigilantes das
reservas juntamente com os métodos tradicionais de prospeção arqueológica. No total, foram
registados e documentados quatro sítios com arte rupestre. Dada a existência de limitações
financeiras, logísticas e de tempo, o uso dos vigilantes revelou-se como o método mais eficaz
já que com a sua ajuda foi possível localizar três dos quatro sítios. Estes sítios são: Kijashu na
Maswa GR, Gululu no Mwiba Ranch, Nyungu na Makao WMA e Butimba na aldeia de
Sungu. O estudo realizado permitiu verificar que a região de Simiyu tem pinturas rupestres
que pertencem a três grandes estilos de arte rupestre (ver Mabulla and Gidna, 2014). Estas
incluem o estilo Caçador-Recolector, Geometria Vermelha (C-R, GV) que está patente nos
sítios de arte rupestre de Kijashu e Nyungu, o estilo Língua Falada Bantu, no sítio de
Butimba e o estilo Maasai Olpul no sítio de Gululu. O último estilo é considerado histórico,
enquanto os dois primeiros são pré-históricos. Dos dois estilos de arte rupestre pré-histórica,
C-R, GV é considerado como sendo o mais velho (Masao, 1979; Anati, 1986; Mabulla and
Gidna, 2014). Em Kijashu e Nyungu, as pinturas C-R, GV caracterizam-se por ter círculos
concêntricos com raios radiais exteriores, figuras do tipo soliformes, círculos e semicírculos
com linhas verticais internas, grupos de linhas em fila, figuras humanas em “palito”, animais
selvagens, aves e répteis. Os círculos estão pintados em tons monocromáticos e desenhados
com linhas finas feitas possivelmente com recurso a pinceis. Além disso, estão representados
de forma semi naturalística, em estilos estilizados e em tons de vermelho escuro, vermelho
claro e tons cor-de-laranja. A arte do estilo Língua Falada Bantu é representada por desenhos
geométricos, repteis e figuras humanas estilizadas e/ou marcas de gado. Estas representações
são pintadas de forma grosseira em tons monocromáticos de branco-sujo usando os dedos. A
arte Maasai ‘Olpul’ é representada por figuras humanas desenhadas de forma semi
naturalística, animais selvagens, animais domésticos e armas. Estas figuras são pintadas com
recurso a tons monocromáticos e bio cromáticos de vermelho escuro e preto. Uma análise
detalhada das pinturas do sítio de Kijashu com recurso aos programas ImageJ (DStretch
Plugin) e Photoshop C5 permitiu identificar quatro fases de pintura. A primeira é
representada por círculos concêntricos com linhas externas radiais, alguns animais selvagens,
20 pequenas figuras humanas e três figuras humanas que foram identificadas como
representando uma família (pai-mãe-criança), todos pintados em cor vermelha escura. A
segunda fase é representada na sua maioria por animais selvagens e aves, todos em tons de
vermelho claro. A terceira fase é representada por muitas figuras humanas em forma de
“palito” algumas das quais atenuadas e outras em posição de inclinação para a frente,
pintadas em tons vermelho claro. A última fase de pintura é representada por desenhos
geométricos pintados a cor de laranja. A sobrevivência a longo prazo e a sustentabilidade dos
sítios e das pinturas identificadas é ameaçada por fatores antropogénicos, físicos e biológicos.
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Os estados de preservação das pinturas variam entre o razoável, o bom e o muito bom. Desta
forma alguns destes sítios são visitáveis e podem ser inseridos em projetos de arqueo turismo.
No entanto e antes dos sítios referenciados serem abertos ao público, aponta-se para a
necessidade da criação de planos de gestão patrimonial bem com a criação de programas de
treino para formar guias turísticos adaptados à realidade destes sítios de arte rupestre O
estudo também recomenda a integração das comunidades locais na gestão destes sítios
arqueológicos sendo que estas comunidades também devem de beneficiar das receitas
geradas pelo arqueo turismo. Por último também se recomenda que sejam realizadas novas
campanhas de investigação para registar e documentar os velhos e novos sítios de arte
rupestre com recurso às novas técnicas digitais.
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Keywords
Arte rupestre Tanzânia Lago Vitória