Loureiro, Maria de NazaréZilhão, AdrianoBarbosa, Andreia Fernanda Marques2015-10-162015-10-162015-09-162015-05http://hdl.handle.net/10400.26/9938A sociedade em geral e, em particular, a sociedade portuguesa depara-se, atualmente, com um fenómeno de transformação demográfica relacionado com diminuição do número de crianças e jovens e aumento da população adulta e idosa, numa pirâmide quase invertida (Carreira, 2008; Carvalho, 2012; INE, 2003). Este aumento exponencial do número de idosos tem gerado alguma preocupação da sociedade ao nível da gestão social dos recursos, onde se incluem preocupações em torno da sustentabilidade da segurança social, preocupações em torno das respostas sociais cada vez mais adequadas à população idosa, suas necessidades específicas e preocupações em torno de respostas de saúde, lazer, entre outros aspetos (Aleixo, 2011; Pinheiro & Cunha, 2007). Para além destas preocupações, a procura de condições que proporcionem crescente qualidade de vida às pessoas, tem conduzido à identificação de situações em que os idosos vêm violados os seus direitos (Dias, 2004, 2005; Paschoal, 2000). Uma destas situações, de violação grave dos direitos das pessoas, é a violência e os maus tratos contra os idosos com custos elevados a vários níveis (Krug, Mercy, Dahlberg, & Zwi, 2002). Neste sentido, torna-se importante debruçarmo-nos sobre esta temática e tentar perceber a prevalência dos maus-tratos, compreender a sua etiologia, fatores de risco ou vulnerabilidade, fatores protetores e perceber se, quem tem conhecimento das situações violência, diligencia para as minimizar ou cessar, compreendendo conceitos, dinâmicas e até a legalidade em torno destes fenómenos (Carreira, 2008; Fonseca, Gomes, Faria, & Gil, 2012; Pasinato, Camarano, & Machado, 2006). Da literatura torna-se saliente a informação de que os principais agressores tendem a ser a família do próprio idoso e o local desses maus tratos a habitação ou o contexto familiar (Dias, 2009; Ferreira-Alves & Sousa, 2005; Ferreira-Alves, 2004, 2005; Fernandes, 2011; Fonseca et al., 2012; Minayo, 2004; Sanches, Lebrão & Duarte, 2008; Santos et al., 2013). Embora não haja dados muito consistentes e comparáveis em Portugal, os dados existentes parecem apontar para negligência, a violência psicológica e o abuso financeiro enquanto tipos de maus tratos mais prevalentes na população idosa (Ferreira Alves, 2004, 2005; Ferreira-Alves & Santos, 2009; Ferreira-Alves & Sousa, 2005). Este trabalho surge em torno destas preocupações e neste enquadramento. O estudo que apresentamos incide na análise da prevalência dos maus-tratos nos idosos no concelho de Barcelos. Trata-se de um estudo descritivo de natureza ainda muito exploratória de uma realidade pouco conhecida a nível nacional e, também, ao nível deste concelho. A investigação levada a cabo é de natureza mista, com uma vertente quantitativa e outra qualitativa. Adotou-se um procedimento de recolha de dados junto de profissionais em lares de idosos, centros de dia e centros de convívio, através da utilização de um inquérito por questionário construído para o efeito, com perguntas abertas e fechadas. Optou-se, também, pela realização de uma entrevista semiestruturada a um elemento das forças de segurança; a duas técnicas da saúde com formação em serviço social; a duas técnicas de intervenção social em serviços distintos, uma com formação em serviço social e outra em psicologia. A parte quantitativa dos dados (inquéritos por questionário) foi analisada com recurso ao Excel e ao SPSS (Statistical PaCkage for the Social Sciences - versão 19 para Windows) e a parte qualitativa dos dados (entrevistas) foi analisada através da análise de conteúdo (Bardin, 2008). Os dados recolhidos apontam para uma maior prevalência de situações de negligência, maus tratos emocionais e financeiros, alguns deles em contexto de violência doméstica, perpetrados essencialmente por filhas ou outros familiares, e associados a fatores de risco como isolamento, dependência e demências (por parte da pessoa idosa) e comportamento hostil e agressivo, consumo de substâncias e problemas financeiros (por parte do familiar).porPessoas idosasMaus-tratosCuidadores profissionaisEnvelhecimentoPrevalência dos maus-tratos sobre idosos no concelho de Barcelosestudo com profissionaismaster thesis201092328