Reis, Patrícia2019-12-102019-12-102016http://hdl.handle.net/10400.26/30434O surf enquanto segmento desportivo em grande crescimento, não conta ainda com um conhecimento científico amplo e sistematizado sobre a atividade e a sua prática. É considerado um desporto com uma certa espiritualidade e energia, que parece transcender a simples prática desportiva, uma vez que mistura desporto, paixão, estilo de vida, comportamento, lazer e fantasia. A adrenalina, o contato com a natureza, o ambiente e cultura e a paz geradas pelo surf, leva os seus adeptos a procurarem essa sensação nos mais remotos lugares. O surf é, por isso simultaneamente, uma atividade turística com um grande potencial, tanto em termos económicos, contribuindo para o aumento dos lucros e mais-valias associadas a este mercado, como de promoção, sendo muitos os destinos turísticos que se promovem com base no surf. O fascínio pelo surf ultrapassa o limite dos seus praticantes e abrange os que não praticam a atividade, mas que com ela se identificam – os entusiastas/simpatizantes. Associada a uma imagem estereotipada do surf e dos surfistas, que remete para um conjunto de indivíduos rebeldes e alienados, a modalidade passou por diversas fases: popularização, liberdade, preconceito e adoração, fortalecendo-se como uma modalidade desportiva e de estilo de vida de indivíduos com diferentes perfis e motivações. Tendo como base esta imagem estereotipada, este artigo tem como objetivo tentar compreender a perceção que os surfistas têm de si próprios, assim como as representações a respeito do estilo de vida do surf. Para a recolha de dados recorreu-se à entrevista estruturada e para o tratamento de dados a análise de conteúdo. Os resultados permitem observar que, apesar do estereótipo do surfista o associar a alguém com poucas preocupações para além das ondas e por uma certa forma de rebeldia e de rutura com a ordem, atualmente o surfista reconhece-se como um indivíduo que pauta a sua vida pelo confronto com o desconhecido, favorecida pela convivência com os amigos e pela descoberta de seus próprios limites e potencialidades. Relativamente ao estilo de vida do surf é identificado pela interligação dos seguintes vetores: lazer, trabalho, espaço de sociabilidade, comunicação, convivência e liberdade. O surf parece, pois, implicar uma identidade e um estilo de vida muito próprio, em que a paixão pelo mar torna-se um modo singular de vivência, de apropriação e de ocupação do espaço. Não somente para aqueles que procuram o surf para carregar energias para enfrentar a vida quotidiana, mas também quando o surf se concretiza em projeto de vida - possibilidade de realização pessoal e profissional. Ser surfista parece ser sinónimo de cultura! Com raízes nos povos polinésios, o surf é uma manifestação típica de modernidade, constituindo-se como uma representação de valores, sensibilidades e desejos. Ao encarar o surf como um fenómeno sociológico, recomenda-se não seguir estereótipos e compreender a sua cultura e as suas motivações, assim como a atividade em si mesmo, considerando a existência de uma identidade muito própria. Isto porque o surf não se faz, sente-se!porsurfestereótipoidentidadeestilo de vidaQuem somos? À descoberta da identidade do surfista!conference object